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Caco Barcellos e Fernando Fernandes apresentam palestra sobre o jornalismo atual

qui, 14 de novembro de 2013 00:23

DA REDAÇÃO – Durante a I Semana Internacional de Comunicação, que aconteceu entre os dias 4 e 8 de novembro, os jornalistas Caco Barcellos, apresentador do Profissão Repórter da Rede Globo e Fernando Fernandes, jornalista esportivo da emissora Band, ministraram palestras, no auditório da Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação (Esamc).

Fernando Fernandes foi primeiro a se apresentar e debateu sobre a cobertura jornalística para a copa de 2014. “Além de mostrar o evento em si, nós vamos ter a possibilidade de contar belas histórias e eu acredito que os jornalistas são contadores de histórias e viver as histórias é uma base para contá-las melhor”, disse.

Fernandes falou também a respeito da importância do esporte para o país: “Um Brasil melhor passa também pelo esporte, pela organização de uma copa do mundo e pela cobertura, nós somos uma economia muito elogiada no planeta, vivemos um momento de euforia e crescimento e o reflexo disso vai ser colocado à prova no momento em que apresentarmos para o mundo esse evento esportivo”.

Sobre as manifestações durante a Copa das Confederações, o jornalista disse que apoia os protestos, mas acredita que as iniciativas poderiam ter acontecido anteriormente. “O primeiro teste foi a Copa das Confederações, vivemos um momento diferente para esta competição, a FIFA se assustou com todos os protestos que tivemos. É um momento válido, mas um pouco questionável pela hora que foi feito, o momento correto seria quando lançou a candidatura do Brasil para sediar a Copa, mas ainda assim toda e qualquer manifestação social é válida para a buscarmos um país melhor”, enfatizou.

Caco Barcellos iniciou sua palestra discutindo sobre o mesmo assunto, buscando ressaltar os outros ângulos dos manifestos, pouco veiculados pela imprensa: “Me preocupa a cobertura dessas histórias, porque eu não sei se o nosso papel como jornalista está sendo bem cumprido. Estamos passando, evidentemente no seu conjunto, a ideia de que há dois tipos de manifestação, a pacífica e uma outra que enfrenta os símbolos do capitalismo mais radical, que destroi fachadas de bancos, empresas de carros de luxo, alguns símbolos do meio de comunicação e sobretudo encaram a polícia de frente, e respondem em forma de confronto, as ações policias que estão ali para fazer a repressão ou para garantir a manifestação tranqüila, de acordo com cada ponto de vista”.

A respeito da parcialidade do jornalista na cobertura dos protestos, Caco Barcellos, argumentou que separar o protesto em dois grupos fere a isenção da imprensa. “Mas nós devemos separar as duas coisas? Quem somos nós os jornalistas para separa-los no nosso editorial? Eu ouço muito assim ‘a manifestação  vinha transcorrendo normalmente até que baderneiros ou vândalos interferiram e virou outra coisa. Eu não tenho certeza que virou outra coisa, se transformam em dois manifestos nos editoriais de alguns veículos de comunicação”, disse Caco Barcellos.

O jornalista finalizou sua palestra debatendo sobre como a imprensa pauta os conflitos entre traficantes e policiais. “Quando eu tento subir no morro, onde há controle de jovens armados do tráfico de drogas, vêm tiros lá de cima, mas eu quero entender porque eu estou levando aquele tiro. Não será por que aquele povo lá do alto nos vêem chegar como inimigos? A imprensa vai até onde chega a cidadania. Ela fica de costas para o morro e de frente para a sociedade dita organizada”, disse.

Caco Barcellos argumentou também que há um desequilíbrio nas coberturas de tragédias que ocorrem na classe baixa e alta. “Se um projétil sai da favela e vai parar num prédio da alta sociedade a imprensa vai toda atrás, conta o drama que é a bala que atinge uma família, a sociedade chora junto com aquela pessoa, mas a postura da imprensa é diferente quando a bala é para atingir o traficante e acaba atingindo outro morador da favela. Esse drama não é contado, a imprensa não sobe lá para contar essa história, o país não chora, não vê a lágrima da empregada doméstica que mora lá”, concluiu Caco Barcellos.

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