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Neuropsi – O que é setembro amarelo?

qui, 6 de setembro de 2018 05:17

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1-O que é setembro amarelo?

Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo direto de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo e suas formas de prevenção. Ocorre no mês de setembro, desde 2014, por meio de identificação de locais públicos e particulares com a cor amarela e ampla divulgação de informações. Divulguem essa idéia!

2-Quais são os sinais de alerta de quem pensa em se matar? 
Isolamento, abuso de álcool e drogas, e qualquer mudança abrupta de comportamento. Há sinais indiretos também. É preciso estar atento a quem começa a se desfazer de coisas importantes, a declarações de amor inesperadas e quando a pessoa usa expressões como “pode ser tarde”, “não vou dar mais trabalho”. Tem ainda a “falsa calmaria”, que é o caso de quem sempre falou que ia se matar e parou de comunicar de uma hora para outra. Isso é uma pegadinha. Ela fica quieta para não ser interrompida. Prevenir é olhar para esses sinais e tentar criar espaços de diálogo.

3-Há grupos de vulnerabilidade?  
Sim. A comunidade LGBT, as vítimas de violência doméstica, médicos, veterinários, farmacêuticos, químicos  e aqueles diagnosticados com doenças mentais. Ou seja, grupos que não têm suas dores legitimadas nem espaço para expor suas vozes e se defenderem.

4-Por que ainda é um tabu? 
Porque é uma morte violenta, repentina e que confronta exatamente o sentido de instinto de sobrevivência que aprendemos. É quando a pessoa começa a acreditar que a morte é mais interessante que a vida. Às vezes, a pessoa não quer morrer, ela só quer matar uma parte dela que está causando sofrimento. Viver sem sofrer é uma utopia. Por isso, precisamos trabalhar a tolerância existencial.

5-Por que suicídio é visto como algo abominável? 
Não se tem tempo e espaço para lidar com a vulnerabilidade humana. Isso que o torna abominável. Ele escancara aquilo que mais se quer esconder, sentimentos indesejáveis, como tristeza, raiva, fraqueza. Não cabe a ninguém julgar o outro. Suicídio não é loucura, fraqueza, covardia ou coragem, sendo um ato definitivo para um problema que deveria ser temporário.

6-É irresponsável defini-lo como uma escolha pessoal? 
Não. Se a gente pensar que cabe a cada um sua própria vida, o mesmo vale para a morte. Mas o ideal é que ela seja natural. Então, cada ser humano deve se apropriar e zelar pelos seus sentimentos, e pedir colo quando eles estiverem borbulhando. O suicídio é uma dor sentida, mas não consentida.

7-Como encontra-se o cenário brasileiro? 
O Brasil encontra-se entre os dez países com as maiores taxas de suicídio do mundo. Está mais perto do que se imagina. É muito comum conhecer alguém que se matou, só que preferimos fingir que não existe. Lamento que seja um problema de saúde pública, mas não existam planos de prevenção efetivos. O Ministério da Saúde trouxe uma possibilidade de diminuir os números até 2020.

8-Quais são os maiores mitos sobre suicídio? 
O principal é achar que se vai provocar o suicídio ao perguntar diretamente para a pessoa se ela está pensando em se matar. O suicídio é um ato de comunicação. E a pessoa, na maioria das vezes, tenta comunicar em morte o que ela gostaria de comunicar em vida. Precisa-se  falar abertamente sobre isso. Os sinais de alerta são pedidos de acolhimento.

9-E se a pessoa nos disser que quer se matar? 
Pergunte de volta como pode ajudar. É muito equivocado achar que quem tenta se matar está querendo só chamar atenção. Aliás, é ótimo que eles chamem atenção. Prejudicial é tratar com desprezo. Se você não der atenção agora, vai se sentir culpado mais tarde por não ter atendido ao chamado de um ente querido.

10-O que mais se ouve de quem quer se matar? 
“Eu não vou aguentar se algo acontecer”. “Se eu fracassar, não vou suportar.” Ela começa a antecipar tudo o que ela imagina que de pior vai acontecer, porque não sabe lidar com situações de fracasso. Diante do desespero, num ato impulsivo, ela tenta o suicídio.
Salvo os casos de impulsividade, que acontecem em menores proporções, o comportamento suicida passa pelo pensamento, ideação, planejamento e só então chega ao ato.

11-O que fazer pra evitar que meu conhecido cometa suicídio?

É importante que a família fique atenta aos comportamentos de alerta. Por trás deles estão os sentimentos de pessoas que podem estar pensando em suicídio. São quatro os sentimentos principais de quem pensa em se matar. Todos começam com “D”: depressão, desesperança, desamparo e desespero (regra dos 4D). Caso note alguém com este comportamento, a ajuda pode começar em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), que é a porta de entrada para os usuários do SUS. Se necessário, o paciente será encaminhado a um serviço de atenção especializada gratuita nos Caps (Centros de Atenção Psicossocial) .
12-O que buscam os sobreviventes do suicídio? 
Existem dois grupos de sobreviventes: aquele dos que tentaram, mas não tiveram a morte consumada, e os enlutados pela morte de alguém próximo. Os dois buscam a mesma coisa, um acolhimento para os seus sofrimentos. O problema é que ainda existe um forte julgamento, quem tentou ou se matou é visto como louco. Não quero normalizar o suicídio, quero deixar claro que disfuncionalidade acontece com todo mundo.

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