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Neuropsi – O dinheiro é um obstáculo no meio do caminho do amor?

sex, 18 de maio de 2018 05:23

Abertura-neuropse

1-O dinheiro é um obstáculo no meio do caminho do amor?
O dinheiro é um dos assuntos sensíveis numa relação (a par do sexo, da educação dos filhos e da relação com a família alargada). Na prática, falar de dinheiro é falar da liberdade e do poder de cada membro do casal. Mas também é falar de confiança e de segurança emocional.
Chegam as contas do mês e a troca de acusações se inicia. Um gasta demais, o outro é muito controlador e cada qual parece mais responsável pelos planos adiados e pelas dívidas que vão se acumulando. O dinheiro afeta o relacionamento tanto quanto o amor. Os processos nos tribunais mostram que a principal causa do divórcio é a discussão por causa do dinheiro.

2-Existe alguma pesquisa que comprove isso?

Sim. Um levantamento realizado em 2017 em que foram ouvidas 810 mulheres de todas as classes sociais nas capitais e no interior do país. Entre as casadas, a administração do dinheiro apareceu como o principal motivo de brigas dentro de casa (37,5% das respostas). Em segundo lugar, ficou a falta de dinheiro, citada por 31,5% das entrevistadas. Nem a divisão de tarefas domésticas (25,7%), o ciúme (19,6%) e a forma de educar os filhos (17,15%) parecem gerar tanto estresse no cotidiano a dois – o que reafirma o potencial do dinheiro para azedar a relação e, inclusive, levar ao divórcio.

3- Então o dinheiro pode acabar com o amor?

Prioridades distintas são a semente da discórdia

Quando um casal se une, cada uma das partes traz a sua bagagem para a relação. Além de virtudes e expectativas, o pacote inclui as crenças em relação ao dinheiro, noções que norteiam o comportamento financeiro. A forma como as pessoas lidam com seus recursos varia de acordo com a história de vida e os modelos familiares: quem se criou em um lar muito próspero, por exemplo, pode se acostumar à fartura e ter dificuldade de controlar gastos. Na mesma linha, aqueles que atravessaram crises podem desenvolver medo da falta – e, ao invés de aproveitar o que têm, poupar sem necessidade.
Frequentemente, porém, é só no dia a dia a dois que os diferentes perfis se revelam: sendo as finanças um assunto tabu, a maioria dos casais junta as escovas de dentes sem conhecer este lado um do outro.
Os conflitos surgem porque os objetivos financeiros de cada um não foram alinhados antes do casamento. Quando não resulta em apertos financeiros, a falta de consenso cria uma frustrante queda de braço: os cônjuges passam a disputar o uso do dinheiro e, seguidamente, têm de justificar seus gastos e economias um para o outro. Em lares com um único provedor, o estresse e o ressentimento podem ser ainda maiores por esse motivo. A saída para evitar desgastes acaba sendo, muitas vezes, “enganar” o companheiro: numa recente pesquisa realizada a nível nacional três em cada dez entrevistadas relataram ter o hábito de esconder compras do marido, especialmente itens pessoais como roupas e cosméticos.
Muitos homens também omitem investimentos das esposas porque, em caso de separação, elas não vão pleitear parte em um patrimônio desconhecido.
No final, mais do que as próprias histórias de vida, a má negociação acaba distanciando as pessoas por minar a confiança e fazer do dinheiro uma questão ainda mais privada.

4-Será que os membros do casal devem participar igualmente na gestão financeira ou  apenas um deles ficar responsável por fazer os pagamentos e tomar decisões?

Para alguns casais felizes faz sentido que ambos participem na gestão financeira. As decisões são conversadas, ambos “controlam” os movimentos bancários, ambos estão responsáveis por fazer pagamentos. Para outros é mais confortável a ideia de um dos membros do casal ter essa tarefa. Não é que um se ‘demita’ ou que o outro queira controlar tudo. Essa escolha resulta da confiança mútua e no respeito pelo sentimento de cada um. Às vezes há um que tem mais jeito ou que está mais à vontade com estes assuntos.

5-Qual é a forma certa de gerir o dinheiro numa relação para não “destruir” o amor?

Eles acham que o motivo é o dinheiro, mas na verdade não é. A raiz do problema é que o dinheiro faz o casal perder algo sem o qual nenhum relacionamento dá certo: a confiança.
E é a mais pura verdade. A esposa que descobre que o marido tem dívidas  não se aborrece tanto com o valor ou com a dívida em si, mas sim, pelo fato de que ele escondeu a existência da dívida. O marido se sente traído quando percebe que a esposa esconde as compras no fundo do guarda-roupa e logo pensa: o que mais ela está escondendo de mim?
A questão não é o dinheiro, mas o fato de um estar escondendo coisas do outro. E como voltar a confiar em alguém capaz de esconder coisas? Quando se perde a confiança, o dinheiro passa a ser o menor dos problemas do casal.
Por isso, não pense que é normal fazer uma comprinha aqui e outra ali e depois esconder para seu marido não saber. Não considere natural gastar além da conta e pensar que “ele não vai nem perceber”, ou fazer algo que você sabe que seu marido não concorda.
O que está em jogo é muito mais do que dinheiro, é a sua credibilidade. Será que isso vale menos do que um novo par de sapatos? Para perder a confiança, bastam alguns segundinhos, mas recuperá-la pode ser um trabalho de vários meses (quem sabe até anos!).
Por isso, forme um time com o seu companheiro (a) e chutem a bola em direção ao mesmo gol.

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