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Coluna: Saúde Alerta (24/03)

qui, 24 de março de 2022 08:06

1- O que é março amarelo?

 

A endometriose é a doença destaque da campanha Março Amarelo. Ao longo do mês são realizadas ações em todo o país para conscientizar a população, especialmente as mulheres, sobre a doença, os riscos, sintomas e formas de tratamento. Endometriose é quando o endométrio, mucosa que reveste a parede interna do útero, cresce em outras regiões do corpo.

É uma doença comum, porém ainda é pouco conhecida e costuma demorar a ser diagnosticada, podendo ser confirmada até oito meses após o aparecimento dos primeiros sintomas. Estima-se que, em todo o mundo, a endometriose afete cerca de 176 mulheres, sendo mais de 6 milhões somente no Brasil.

A endometriose é uma doença crônica, caracterizada pela presença de células endometriais fora da cavidade uterina, que atinge em torno de 10% da população feminina no Brasil. A dor e a infertilidade são os principais sintomas relacionados à patologia, sendo que também pode atingir diversos órgãos como, por exemplo, o intestino e a bexiga.

Ainda sem causa comprovada, pesquisas recentes avaliam a possibilidade de ser uma doença hereditária ou decorrente de fatores imunológicos.

O crescimento do endométrio faz parte do ciclo reprodutivo da mulher. Ao longo desse período, o tecido cresce, e quando não ocorre gravidez ele é eliminado em forma de menstruação. Entretanto, em algumas mulheres algumas células desse tecido migram no sentido oposto, podendo subir pelas tubas e chegar à cavidade abdominal, multiplicando-se e provocando a endometriose.

O endométrio, mesmo fora útero, continua sendo estimulado mensalmente pela ação dos hormônios do ciclo menstrual. Isso provoca uma reação inflamatória, o que causa dor quando a mulher menstrua.

Alguns estudos associam o padrão menstrual à ocorrência de endometriose: pacientes com fluxo mais intenso e mais frequente teriam mais risco de apresentar a doença.

A relação entre o uso de pílula anticoncepcional e a endometriose ainda é polêmica: há pesquisadores que encontraram aumento de risco, e outros que indicaram a redução ou ausência de efeito. Como alguns anticoncepcionais orais são utilizados por mulheres que apresentam cólicas menstruais (dismenorreia primaria), e a endometriose causa dor pélvica (dismenorreia e dispareunia), a pílula é muitas vezes prescrita para mulheres que têm a doença, sem que se tenha descoberto alguma relação de causa e efeito entre elas.

Filhas e irmãs de pacientes com endometriose têm maior risco de também desenvolver o problema. A identificação genética poderia ajudar a entender melhor a doença, mas é ainda difícil saber o quanto os genes realmente são relevantes em relação a outros fatores, como etnia e fatores ambientais.

Consumir muito álcool e cafeína são hábitos que têm sido associados ao aumento do risco de endometriose, enquanto fazer atividades físicas parece diminuir as chances da doença.

Já os sintomas podem ser variados e até assintomático. A cólica menstrual é mais comum e geralmente progressiva, podendo ocorrer também dor pélvica crônica, dor nas relações sexuais, infertilidade e em casos mais severos alteração do hábito intestinal e urinário (principalmente no período menstrual). Também pode comprometer os nervos, principalmente o ciático.

Diante da suspeita, o exame ginecológico clínico é o primeiro passo para o diagnóstico, que pode ser confirmado pelos seguintes exames laboratoriais e de imagem: visualização das lesões por laparoscopia, ultrassom endovaginal, ressonância magnética e um exame de sangue chamado marcador tumoral CA-125, que se altera nos casos mais avançados da doença. O diagnóstico de certeza, porém, depende de uma biópsia.

Se a doença for detectada logo no início, o tratamento poderá ser instituído precocemente, aumentando a efetividade de alívio dos sintomas. Para isso, a mulher deverá relatar ao médico as situações atípicas e quaisquer outros problemas que possam ser sintoma da endometriose.

Uma dica para ajudar a monitorar informações de dor relacionadas à endometriose é o aplicativo da Bayer gratuito para iPhone e iPad, chamado Meu Diário Mensal.

O objetivo é auxiliar as mulheres com endometriose ou suspeita da doença, além de seus médicos, na coleta e organização de informações relacionadas ao ciclo menstrual, como dor, impactos nas rotinas diárias e padrão de sangramento. Dessa forma, a conversa com o especialista fica mais fácil.

Antes de começar o tratamento, caso a paciente deseje engravidar, poderá ser indicado o encaminhamento para um Centro de Reprodução Humana, pois a melhor alternativa para a mulher que possui endometriose e deseja ter filhos é a fertilização in vitro. Isso porque a presença da endometriose não afeta as taxas de gravidez quando escolhido esse método.

Mulheres mais jovens podem valer-se de medicamentos que suspendem a menstruação: a pílula anticoncepcional tomada sem intervalos e os análogos do GnRH. O inconveniente é que estes últimos podem provocar efeitos colaterais adversos.Lesões maiores de endometriose, em geral, devem ser retiradas cirurgicamente. Quando a mulher já teve os filhos que desejava, a remoção dos ovários e do útero pode ser uma alternativa de tratamento.

O tratamento adequado requer uma equipe especializada e multidisciplinar, coordenada pelo ginecologista e com o trabalho conjunto de proctologista, urologista, radiologista e fisioterapeuta. Fala-se muito mais em remissão do que em cura, por se tratar de uma doença crônica. O melhor tratamento e o que impacta na melhora da qualidade de vida da paciente, podendo ser clínico e/ou cirúrgico.

Nos casos em que é necessário se submeter a um procedimento cirúrgico, o mais moderno método é a cirurgia robótica. A técnica reduz os riscos e proporciona diversos benefícios para a paciente.

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