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Coluna: Saúde Alerta (18/03)

sex, 18 de março de 2022 09:43

O que fazer diante de uma convulsão?

O “Dia Roxo”, Purple Day, é um esforço internacional dedicado a aumentar a consciência sobre a epilepsia em todo o mundo. Em 26 de março, anualmente, as pessoas em países de todo o mundo estão convidadas a se vestir de roxo nos eventos em prol da consciência da epilepsia.

Historicamente, a epilepsia traz uma bagagem de preconceitos e estigmas que envolvem questões sociais e psicológicas que vão além da medicina.

A epilepsia é uma doença neurológica crônica caracterizada por convulsões recorrentes, provocadas por picos repentinos de atividade elétrica no cérebro.

Conforme último levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde, em 2017, aproximadamente 50 milhões de pessoas tinham epilepsia no mundo, e cerca de 3 milhões de brasileiros. Estima-se que a incidência da doença na população ocidental seja de 1 caso para cada 2.000 pessoas por ano, segundo informações do Ministério da Saúde. A mesma publicação destaca que a probabilidade geral de uma pessoa ter uma crise epilética, ao longo da vida, chega a cerca de 3%.

As crises convulsivas nem sempre estão associadas com a epilepsia, pois diversos fatores podem desencadeá-la, tais como: febre alta; diminuição do açúcar no sangue; desidratação; pancadas fortes na cabeça; perda excessiva de sangue; tumores; intoxicações por álcool, medicamentos ou drogas ilícitas; dentre outros fatores.

A convulsão é uma atividade elétrica anormal do cérebro, que pode causar desmaio e movimentos anárquicos dos músculos do corpo. Em sua maioria, as convulsões duram alguns segundos ou poucos minutos. A crise convulsiva não é um processo contagioso ou transmissível, sendo assim, não há qualquer risco para aquele que auxilia um indivíduo nesta condição.

Nestas situações, as pessoas que estão próximas ao paciente convulsionando podem se assustar. Nesse momento é fundamental conhecer procedimentos básicos para saber como lidar com a crise convulsiva, pois ações de segurança fazem uma grande diferença para evitar danos maiores.

A convulsão não é uma doença e sim um sintoma, tal como a febre. Trata-se de um sintoma que não corresponde exclusivamente a uma doença específica podendo, portanto, estar relacionada a inúmeras patologias. Abuso de medicação/drogas, acidente vascular cerebral (AVC), glicose baixa no sangue ou traumatismo craniano podem desencadear crises convulsivas. Crises de ansiedade muitas vezes geram quadros orgânicos que se assemelham às convulsões, porém não as são.

Durante os “longos” poucos minutos da crise convulsiva clássica, a tônico-clônico generalizada (aquela que o corpo todo treme enquanto a pessoa fica irresponsiva), as pessoas que estiverem ao redor devem ter o cuidado de proteger e amparar a vítima para evitar que os abalos musculares causem danos. Ações como afastar móveis ou outros objetos próximos à vítima ou amparar a cabeça dela para evitar que fique batendo no chão são algumas medidas importantes para o cuidado com o paciente.

Depois de cessada a crise, a pessoa estará inconsciente e com a musculatura muito relaxada (inclusive os esfíncteres urinários e intestinais – o que pode levar à perda de fezes e/ou urina após a crise). Devemos ter o cuidado para deixar a pessoa de lado para evitar que a queda da base da língua obstrua a passagem do ar na garganta e também para deixar escorrer secreções, como saliva (após a crise há um aumento da produção de saliva) ou sangue (durante as crises, mordidas ocasionais podem causar lesões na língua ou na parte interna da bochecha).

Afastar curiosos e proteger a pessoa com um lençol, pode gerar algum conforto à medida que ela for recuperando os sentidos, principalmente se tiver acontecido liberação de esfíncteres. Chamar ajuda é imprescindível – acione o SAMU 192 para obter informações sempre que achar necessário.

Tão importante quanto saber o que deve ser feito é também saber o que NÃO fazer: não devemos tentar puxar a língua ou enfiar nada na boca da pessoa. E saber que convulsão não é contagioso, ou seja, se encostar na saliva da pessoa não “pega”.

Os cuidados com as crianças seguem as mesmas orientações para convulsão em adultos. Em casos de condição da “convulsão febril”, um quadro benigno que normalmente não é recorrente e nem deixa sequelas, podendo afetar até 5% da população infantil entre 6 meses e 5 anos. É uma convulsão associada a um episódio febril e que pode tentar ser evitada com o tratamento precoce da temperatura.

 

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