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Coluna: Saúde Alerta (07/04)

qua, 7 de abril de 2021 08:19

#AVCNÃOFIQUEEMCASA

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o novo Coronavírus (COVID – 19) tem impactado a vida de milhões de pessoas em todo o mundo devido a sua alta transmissibilidade. A maioria dos infectados incorre com manifestações clínicas como febre, tosse seca, dispneia, diarreia e fadiga muscular, podendo haver também repercussões neurológicas. Mesmo em casos assintomáticos, o COVID–19 pode gerar alterações na taxa de coagulação do sangue, já havendo notificações de Acidente Vascular Cerebral (AVC) associado ao vírus, o que preocupa entidades mundiais envolvidas com os cuidados com o AVC, o popular “derrame”.

O Acidente Vascular Cerebral ocorre quando o suprimento sanguíneo para o cérebro é reduzido/interrompido levando a lesões cerebrais (isquêmicas ou hemorrágicas) que podem variar em tamanho e gravidade, sendo passageiras ou permanentes, assim como suas sequelas na fala e na memória no corpo (braço/perna). O AVC pode ocorrer a qualquer hora do dia, durante qualquer atividade, até mesmo durante o sono.

Com o aumento dos casos do novo coronavírus no mundo inteiro, muitos atendimentos para outras doenças foram postergados e até mesmo cancelados na maioria dos casos. No entanto, as outras doenças de urgência e emergência não pararam de acontecer durante a pandemia. É o caso dos acidentes vasculares encefálicos (AVE).

Um recente levantamento da World Stroke Organization (WSO) verificou redução de 60% nos atendimentos médicos em decorrência de AVEs, embora pareça um dado esperançoso ele na verdade demonstra um lado ruim da pandemia.

O número de casos durante a pandemia não diminuiu, mas devido à redução de atendimentos e o medo por conta da pandemia os pacientes acabam não procurando atendimento médico! E por conta disso muitas vezes acabam se incapacitando e/ou evoluindo com desfecho fatal.

Ao levarmos em conta esta situação onde o novo coronavírus interfere no tratamento de diversas outras doenças tratáveis (de emergência ou não), fica evidente o segundo impacto da pandemia sobre as outras doenças: o aumento no número de óbitos e de incapacitados.

Apesar da COVID-19 estar em alta nos noticiários e tenha um número expressivo de vítimas, devemos tentar mitigar ao máximo todos os efeitos deletérios da pandemia no tratamento de pacientes curáveis.

Diante das evidências acerca dos riscos inerentes ao AVC junto às repercussões fisiológicas e sociais trazidas pelo COVID–19, no Brasil há um esforço pela comunidade científica para que a população seja orientada quanto a identificação dos sinais e sintomas perante o AVC, assim como quais procedimentos podem ser feitos para se evitar deformidades e facilitar o mínimo de funcionalidade ao receber este paciente em casa, após a alta hospitalar.

Um breve período inicial de internação na fase aguda do AVC é indispensável, aonde já deve ser iniciado o processo de reabilitação interdisciplinar e a prevenção secundária. Após a alta, a reabilitação deve ser iniciada de imediato em instituições, clínicas, consultórios, ou em hospitais para uma melhor recuperação funcional e independência para as atividades de vida diária em um prazo de 3 meses. No entanto, durante esse período de isolamento decorrente da pandemia causada pelo covid-19, o acesso a esses locais de tratamento está suspenso na tentativa de conter a disseminação do contágio pelo novo coronavírus. Até mesmo o atendimento domiciliar de fisioterapia foi suspenso, sendo permitido apenas em casos graves. A modalidade de teleatendimento foi regulamentada, mas, mesmo assim, há pacientes que não têm acesso a essa modalidade terapêutica.

Neste período da Pandemia, como a orientação é para permanecer em casa e se dirigir a um hospital ou posto de saúde somente quando necessário, há grande preocupação com relação aos indivíduos que iniciam o AVC em casa, pois retardam a procura por assistência médica devido à receios quanto a contaminação pelo COVID–19 no hospital. Este atraso implica no aumento da gravidade clínica do AVC e na propensão à instalação de sequelas mais graves devido ao atraso do início do tratamento e, consequentemente, maior perda de neurônios e comprometimento de mais regiões do cérebro. Importante é observar/checar/anotar a hora em que os primeiros sintomas apareceram. Se houver rapidez no atendimento do Acidente Vascular Encefálico ou Cerebral (AVC ou AVE), até 4,5 horas do início dos sintomas, um medicamento que dissolve o coágulo pode ser dado aos pacientes com AVC isquêmico, o tipo mais comum de AVC, diminuindo a chance de sequelas.

O AVC é uma emergência médica, ao se notar os primeiros sintomas deve-se procurar imediatamente o serviço médico. A pessoa com suspeita de AVC deve ir a uma emergência hospitalar e, portanto, não segue a regra de ficar em casa, assim como no caso do infarto (infarto agudo do miocárdio) ou em situações de intensa falta de ar (pneumonia, asma e broncoespasmos). #AVCNÃOFIQUEEMCASA.

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