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Coluna: Saúde Alerta (06/10)

qua, 6 de outubro de 2021 10:51

Déficit de Atenção, um novo fator de risco para a Doença de Alzheimer?

 

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida.

Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade.

O TDAH é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados. Ele ocorre em 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do mundo em que já foi pesquisado. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos.

 

O diagnóstico é inteiramente clínico, feito com base nos sintomas, da mesma maneira que outros problemas, como a síndrome do pânico e a depressão. Não é necessário exame de ressonância, eletroencefalograma ou qualquer outro que avalie características físicas. Os pais não precisam se sentir inseguros por conta de o diagnóstico ser feito sem exames, pois na psiquiatria/psicologia é assim mesmo que funciona. Outros profissionais, como neuropsicólogos, pediatras e neurologistas, também podem auxiliar no processo de diagnóstico.

Há uma associação entre o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e o risco de doença de Alzheimer ou outros tipos de demência, mostram resultados de grande estudo multigeracional.

Os autores examinaram até que ponto o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) estaria ligado ao desenvolvimento da doença de Alzheimer e de qualquer demência, e de doenças neurodegenerativas ao longo de gerações familiares.

Os adultos que sofrem de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) teriam três vezes mais chances de desenvolver uma forma comum de demência na velhice, defende uma pesquisa publicada na edição do periódico European Journal of Neurology.

Em uma coorte nacional da Suécia, foram incluídos indivíduos nascidos entre 1980 e 2001, sendo investigados os seus antepassados biológicos (pais, tios e avós).

Os pesquisadores identificaram cerca de 2,1 milhões de pessoas nascidas na Suécia entre 1980 e 2001. No total, 3,2% da coorte tinha diagnóstico de TDAH.

O risco de doença de Alzheimer (o tipo mais comum de demência) foi 55% maior entre progenitores de indivíduos com TDAH.

Os pacientes com TDAH tiveram maior probabilidade de ter progenitores com demência de início precoce do que de início tardio. No entanto, o risco absoluto de demência foi baixo para a coorte de progenitores: apenas 0,17% foram diagnosticados com demência durante o acompanhamento.

Usando registros nacionais, eles vincularam esses indivíduos a mais de cinco milhões de parentes biológicos, incluindo pais, avós, tios e tias, e determinaram quais desses parentes evoluíram com demência ao longo do tempo.

Os autores concluíram que o TDAH está associado com o Alzheimer e qualquer demência ao longo de gerações familiares. As associações foram atenuadas com a diminuição dos laços genético-familiares e sugerem risco familiar compartilhado entre o TDAH e o Alzheimer.

Vale ressaltar que alguns sintomas são normalmente confundidos com TDAH, como a distração, e podem surgir com a idade ou como sinais iniciais de uma demência. Isso pode levar familiares a deduzir que o paciente tinha o distúrbio na juventude. Esse tipo de observação sempre deve ser vista com cautela, já que não e fácil um diagnóstico retrospectivo de TDAH em pessoas de idade avançada.

Este estudo que analisa o TDAH e a demência é “intrigante”, “porque, no momento, as informações disponíveis são limitadas”. Dito isso, este é um estudo de associação; mostra que duas coisas estão de alguma forma conectadas, porém, mais pesquisas são necessárias para descobrir especificamente por que e como essas duas doenças estão relacionadas. Isso pode nos dar uma visão sobre como gerenciar o risco ou até mesmo melhorar o tratamento.

 

A prevenção ainda é o melhor remédio.

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