Domingo, 05 de Maio de 2024 Fazer o Login

Coluna Médica: Saúde Alerta (10/03)

qui, 11 de março de 2021 17:00

 

Um dos receios que se deve levar em consideração nas grandes epidemias é que nunca a doença que se alastrou vem sozinha. A Covid-19 proporcionou um nível de contaminação de velocidade jamais vista e uma quantidade de aprendizado também jamais visto.

Enquanto os sintomas da Covid-19 se abrandam na maioria dos pacientes após um par semanas, há um grupo de pessoas emergente que sofre efeitos a longo prazo da infecção.

Ainda estamos aprendendo sobre a doença e agora está na hora de olhar também para os resíduos da doença aguda. Um dos primeiros olhares que devemos lançar é sobre a “Síndrome do COVID Longo, Síndrome Pós-Covid”, “Covid longa”, “Covid persistente” ou “Covid prolongada”.

Afetam aproximadamente um a cada cinco indivíduos que testam o positivo para COVID-19, ou seja, aproximadamente 20% daqueles contaminados continuam a sofrer com sintomas por semanas ou meses da cargo-infecção.

A COVID-19 aguda é aquela em que os sintomas duram até 4 semanas. ‘COVID-19 sintomático em curso’ é aquele em que os sintomas duram entre 4 e 12 semanas.

Síndrome Pós-COVID-19 são sintomas que durante ou depois da infecção por SARS-CoV-2 duram mais de 12 semanas, e não são explicados por um diagnóstico alternativo.

Os sintomas depois da ‘COVID-19 aguda’ (COVID longo) são amplos e parecem variar extensamente em cada pessoa. Contudo, os mais relatados incluem: sintomas respiratórios como a dispneia e a tosse, sintomas cardiovasculares que incluem a tensão da caixa, dor e palpitação, sintomas neurológicos tais como a dor de cabeça, a vertigem, a neuropatia periférica, o distúrbio cognitivo e a insônia, sintomas musculoesqueléticos que incluem a dor da junção e de músculos e sintomas generalizados que incluem a fadiga, a dor e a febre.

O nome oficial e as classificações destas complicações da Covid-19 devem ser definidos em breve por especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade reúne dados de pesquisas pelo mundo que já apontam, por exemplo, que as mulheres são as que mais relatam as complicações oriundas da infecção pelo Sars-Cov-2.

Mesmo que ocorra com mais frequência em pacientes que sobreviveram à versão grave da doença, a COVID-19 prolongada também é comum após as versões leve e moderada, sem precisar de hospitalização.

A compreensão de como diagnosticar e gerenciar o “COVID longo” ainda está evoluindo, mas a condição pode ser muito debilitante. Está associada a uma série de sintomas sobrepostos, incluindo dor torácica, dor muscular generalizada, fadiga, falta de ar e disfunção cognitiva. Os mecanismos patofisiológicos envolvidos afetam sistemas múltiplos e incluem inflamação persistente, trombose e autoimunidade. Pode afetar qualquer pessoa, mas as mulheres e os profissionais de saúde parecem estar em maior risco.

A ‘Covid longa’ pode ser uma “segunda onda” do estrago feito pelo coronavírus no corpo. O Sars-CoV-2 utiliza a proteína Spike (S) para se ligar ao receptor ACE2 das células humanas e iniciar a infecção. Nosso sistema respiratório tem tecidos formados com o receptor, e é por ali que o vírus ataca inicialmente.

Mas existem outros sistemas que têm receptores para o vírus, por exemplo, o coração e o cérebro. Então, o vírus gera, primeiro, uma grande complicação, e o organismo reage com uma proporcionalmente, e isso causa a ‘Covid prolongada’.

Por enquanto, não há um tratamento eficiente. Uma das diferenças da fadiga e do cansaço ligados ao coronavírus é que os programas tradicionais de exercícios graduais para a recuperação do fôlego não funcionam.

O caminho para a ‘Covid longa’ é ficar constantemente dentro do seu ‘envelope de energia’, entendendo que esse ‘envelope’ ficará maior com o tempo.

Os pesquisadores estudam o uso de suplementos vitamínicos para tentar solucionar o problema, mas, por enquanto, nenhuma medida se mostrou eficaz.

É importante destacar que não são todos que terão sequela pós-Covid-19. Tudo depende de como cada indivíduo vai evoluir. Também não há um tempo de recuperação estimado. Alguns vão demandar um tempo maior de reabilitação.

Nenhum comentário

Deixe seu comentário: