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Coluna: Diretio e Justiça (12/01)

qui, 12 de janeiro de 2023 08:06

Direito e Justiça:

Pinga-fogo:

Calçadas alargadas lá da rua Rui Barbosa
– Não é um calçadão. Não é mesmo. Por enquanto, não passam de “calçadas alargadas”.
– Foi um erro injustificável, até ridículo, permitir estacionamento no trajeto.
– Primeiro, porque donos de lojas e funcionários assenhorearam-se das vagas.
– Segundo, porque surrupiaram vagas da “zona azul” e violaram o contrato original.
– Terceiro, porque instauraram confusão e dificultaram sobremaneira o trânsito.
– Puseram um asfalto sofrível e desnivelaram nos cruzamentos, causando trancos.

Chuvas que vieram na hora certa:
– As chuvas estão aí. Chegaram na hora certa. E tem gente que reclama. Vem, chuva; vem chuva. Chuva que não tem culpa alguma por manilhamento velho, obsoleto e rachado; chuva que não tem culpa pelos serviços porcos e superfaturados, que não tem culpa pelos desmatamentos e pelo crescimento tresloucados das cidades, onde pessoas constroem nos morros, onde cimento e asfalto tapam por completo as áreas que permitiriam o escorrer natural das águas.
– Chuva inocente e benfazeja que enche as nossas represes, o nosso lençol freático, os nossos poços e cisternas os nossos rios e córregos, que nos dá de beber, que nos fornece a eletricidade. Vem chuva, vem chuva…! Dádiva de Deus e da |Sua Natureza…!

 

O Eterno Descontente:

O homem descontente com a sorte queixava-se de Deus.
Deus – dizia ele – dá aos outros a riqueza e a mim dá coisa alguma. Como é que eu hei de fazer o meu caminho nesta vida, sem nada possuir?
Um velho ouviu essas palavras e disse-lhe:
– Acaso és tu tão pobre quanto dizes? Deus não te deu, porventura, saúde
e mocidade?
– Não digo que não e até me orgulho bastante da minha força e do verdor dos meus anos.
O velho, então, pegou na mão direita do homem e perguntou-lhe:
– Deixa cortar-te esta mão por mil rublos?
– Nem por dez mil!
– E a esquerda?
– Também não!
– E por dez mil rublos consentirias em ficar cego por toda a vida?
– Nem um olho dava por tal dinheiro.
– Vês? – observou o velho – que riqueza Deus te deu e ainda te queixas?

Autor: Leon Tolstoi.
FONTE: Pérolas Literárias (Contos e crônicas).
Antônio F. Rodrigues – Editora Petit – Pág. 27.

 

COMENTÁRIO DA COLUNA DJ:

Vida, liberdade, saúde; vida, saúde liberdade; saúde, liberdade, vida; liberdade, saúde, vida… Enfim, qual desses dons é mesmo o mais importante? Qual deles, faltando, torna-nos a vida insuportável ou quase isto? Todos? Ou um, ou dois? A ordem dos fatores altera ou não altera o produto?
– Vida sem liberdade?
– Liberdade sem saúde?
– Vida sem dignidade?
Penso que, se você tiver a sorte (ou felicidade) de possuir todas essas benesses existenciais, é mesmo muito bom que pare de reclamar e toque de imediato a sua vida para valer. Dedique-se ao estudo, ao trabalho, à filantropia, ame a sua família, os amigos, as pessoas que o cercam, seja útil, construa uma estória pessoal que possa vir a ser recordada e enaltecida, quando da sua velhice ou passagem para um outro plano, respectivamente.
– Mente sã? Corpo são? Renda graças a Deus todos os dias, todas as horas.
– Necessidades especiais? Mas pode superar? Há outros em piores situações? Sempre há. Basta olhar para um lado, para frente ou para trás. Renda graças a Deus todos os dias, todas as horas.
Sem literalidade, há uma passagem bíblica, destacando a ocasião em que Jesus passou ou acercou-se de um cego de nascença e perguntaram-lhe a respeito:
– Senhor, esse homem é cego de nascença por culpa dele ou por culpa de seus pais?
E Jesus respondeu:
– Nem por culpa dele e nem por culpa de seus pais. Ele é cego para que possa dar testemunho.
E curou o homem cego ali mesmo com simples toque, pois o seu poder era imenso e inigualável. E o testemunho daquele homem estava sendo dado ao Pai e, pelo Pai, era dado a ele, Jesus, para que todos pudessem crer na Boa Nova. Sem condição, sem exigência, mas por puro e sincero amor aos homens e mulheres de boa vontade, que fossem portadores de fé e de esperança em um poder maior.

 

Assim era Jesus, que sempre se compadecia de nós e por nós, jamais negando o seu bendito consolo e o seu inestimável dom de cura. E, por isso tudo, é que a sua doutrina de amor, de caridade e de perdão infinitos perdura há dois mil anos e, por mais que seja atacada ou vilipendiada, não morrerá. Nunca morrerá!
Viver é difícil. Existem altos e baixos. Sofrimentos voluntários e involuntários. Advindos de uma existência anterior como resgate de culpas passadas ou então os resultantes de erros presentes. Talvez venham de missões impostas, pedidas e aceitas pela alta espiritualidade e mesmo por nós. Não sei dizer e tampouco faz aqui e agora muita diferença. O que importa é saber e aceitar que a nossa evolução é contínua e ascendente, podendo até estagnar, mas nunca retroceder. Como bem se proclama no belíssimo poema Desiderata: “como quer que seja o Universo segue o seu destino, você (e eu também) tem o direito de estar aqui”…
O que importa, e mais importa, é viver, lutar, sonhar, seguir em frente, ter fé, esperança e confiança no porvir e na justiça misericordiosa de um Criador, que é o Supremo ou Grande Arquiteto do Universo e que somente quer o nosso bem.
Eu creio nisso. |Sim eu creio nisso!

Araguari – MG, 10.01.2023.
Rogério Fernal

 

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