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Coluna: Direito e Justiça (27/05)

qui, 27 de maio de 2021 08:16

Reiterando e reaproveitando frases:

– Enquanto as bobagens que ele falava podiam ser consideradas “piadas” (de muito mau gosto), sendo motivo de deboche aqui e no exterior, ainda se admitiriam. Agora, basta! Agora, a coisa mudou nessa época de crise fatal, provocada pelo coronavírus. É preciso fechar a boca ou falar coisas sensatas. Os panelaços já serviram de alerta. Desfiles programados de motociclistas irresponsáveis, sem o uso de máscaras faciais e causando aglomeração, só irão aumentar a irritação e o descrédito que já se tornam generalizados. QUIÇÁ IRREVERSÍVEIS!

– Certa vez, o chefe maior disse que era apenas uma “gripezinha”. Outro, chegou a falar que era uma “marolinha”. E, agora, como é que eles ficam? E nós, como é que ficamos? Já são mais de 450.000 mortos e mais de 15 milhões de infectados. Sejam eles quem quer que sejam – e juntamente com os seus acólitos – têm que ser responsabilizados. EXEMPLARMENTE!

– De que nos adianta colocar a culpa pela nossa situação incômoda no grande país oriental? É inútil supor que tudo que nos acontece faz parte de uma geopolítica sua de dominação global, projetada para médio ou longo prazo, enfim, para daqui a algumas dezenas de anos. Somos e seremos, sempre ou por muito tempo ainda, um país periférico. Nem vou mais falar o seu nome, pois estamos umbilicalmente ligados e dependentes desse país. Para tudo, desde quinquilharias e miudezas, até produtos eletrônicos acabados e sofisticados. PARA O BEM E PARA O MAL!

– A nossa primeira família é realmente um desastre. Politicamente, subiu unida e tudo indica que irá cair unida, todos juntos. Essas inconveniências diárias, essas fanfarronices inconsequentes não irão impedir a derrocada total que já se avizinha. Eu mesmo, que um dia acreditei no chefe, já estou a concluir que não dá mais. E quantos outros estarão presentemente pensando da mesma forma? COM CERTERZA, MILHARES!

– Agora, uma questão local. Querem mesmo revitalizar, ou não, o nosso comércio? Salvá-lo dessa crise? Então, se quiserem, valorizem o consumidor, protejam os pedestres, baixem os preços, melhorem o atendimento, tenham jogo de cintura, aprimorem a qualidade, atualizem e renovem os estoques, façam promoções reais e verdadeiras, sejam competitivos, Atualizem-se. SE NÃO, IRÃO QUEBRAR!

 

O Amém das Pedras:

                         Conta-se que, apesar de cego pela idade, continuava o Venerável Buda a pregar a alvissareira boa nova. Conduzido pelo guia, peregrinava o bondoso velho de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, tendo na boca a palavra de Deus e no coração o fogo juvenil.

Um dia, o moço que o guiava levou-o a um vale ouriçado de brutas pedras e com mais leveza que maldade lhe disse:

– Venerável pai, muita gente está aqui reunida à espera de vossa prédica.

Imediatamente levantou-se o ancião, escolheu um texto sagrado, explicou-o, fez dele aplicação, e exortou, e advertiu, e exprobrou, e consolou com tanta mansuetude e unção que as lágrimas lhe correram, suave e docemente, pelas barbas encanecidas.

E, ao concluir, proferiu ele a oração e exclamou:

– Tu és o reino e o poder. Tu és a força e a glória por toda a eternidade!

Deu-se, nesse momento, um fato estranho. Ao redor, no vale pedregoso, bradaram milhares e milhares de vozes, que ecoaram pelas montanhas:

– Amém, venerável Pai! Amém! Amém!

O rapaz tomou-se de assombro; caiu de joelhos, profundamente arrependido, e confessou ao santo o pecado que cometera:

– Mas, meu filho – exclamou comovidamente o velho – por acaso não leste que, se os homens emudecerem, as palavras brotarão? Não tentes jamais gracejar com o Verbo de Deus, meu filho! A palavra divina é viva, forte e afiada como uma espada de dois gumes; e, ainda que o coração se petrificasse, palpitaria em cada pedra um coração de homem.

 

FONTE:         Malba Tahan.

Lendas do Céu e da Terra;

Editora Record, 19ª Edição, pág. 95.

 

Comentário Livre:

     

A religião de cada um de nós, eu entendo assim, não importa, não é importante ou não é o mais importante. Pelo menos, não deveria ter sido, ao longo dos séculos causa ou motivo para tantos conflitos, tantas guerras, cruéis morticínios e infindáveis perseguições. E, tudo isso, pasmem, feito em nome de Deus…!

 

Deus! Um nome que deveria soar de forma sagrada e respeitosa. Um nome que jamais deveria ser pronunciado levianamente, de forma banalizada, nunca servindo de lastro ou de testemunho para promessas e juramentos pequenos, mesquinhos e que em geral não se pretende cumprir.

Deus! Um nome acima de qualquer outro e como quer que se escreva, soletre ou balbucie em qualquer linguagem humana.

Um nome santificado que deveria ser reverenciado sempre, como fazem nossos irmãos muçulmanos por cinco vezes ao longo do dia, submetendo-se inteiramente à sua vontade e aos seus desígnios.

Um nome bendito que deveria ser inefável, ou impronunciável tal e qual preconizam os judeus, também nossos irmãos, injustamente perseguidos ao longo da História, e que esculpiram em sua crença cerca de 120 alcunhas alternativas ao nome divino que consideram ser o verdadeiro.

Um nome que os cristãos, proclamando-se arrogantemente donos da verdade religiosa, em verdade, deveriam honrar e reconhecer através do perdão incondicional e da caridade pura para com o seu próximo, solidarizando-se com todos aqueles que pensam e que acreditam sob outras formas, assim como foi um dia ensinado e parece que se perdeu para sempre.

Bem disse o ancião ao imprudente rapaz:

– “A palavra divina é viva, forte e afiada como uma espada de dois gumes; e, ainda que o coração se petrificasse, palpitaria em cada pedra um coração de homem”.

Portanto, na falta de sensibilidade humana, restou às pedras, naquele ermo, que não estavam obrigadas pela sua natureza a responder, a tarefa de dizer amém, assim, submetendo-se, louvando e honrando, elas próprias, o Criador de tudo e de todos.

Portanto, fizeram elas – as pedras – o que deveria ter sido feito por nós.

– Amém! Amém! Amém!

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