Coluna: Neuropsi (21/07)

1-Como lidar com a rivalidade sogra x nora?

O ato de duas pessoas se conhecerem, namorarem e casarem faz parte do desenvolvimento humano. Porém, muitas vezes o casal é composto por duas pessoas que têm enraizadas em si costumes, tradições, valores e rotinas muito diferentes uma da outra, e são justamente essas diferenças as responsáveis pela grande maioria dos problemas de relacionamento e os conflitos familiares.

Alguns casais quando passam a conviver sob o mesmo teto até conseguem estabelecer limites e acordos para que um respeite as ideias e os princípios do outro. O problema é que quando casamos, não casamos apenas com uma pessoa, mas sim com uma família que inclui pai, mãe, irmã, cunhado, cunhada, sogro, sogra e etc.Muitas mulheres têm uma dificuldade enorme em lidar com a sogra, porque algumas são intrusas ou desequilibradas ou até mesmo porque protegem demais os seus filhos. Outras, todavia, não têm nenhum problema nas relações com as suas sogras.

Todo relacionamento é uma via de mão dupla. Ou seja: assim como existem sogras mandonas, também aparece a nora implicante e o genro folgado. Ambos também precisam aprender a descobrir seus limites e respeitar as regras dos sogros, ainda que nem sempre concordem com elas. É essencial fazer uma autoavaliação.

 

2-Por que a sogra mãe do homem sabidamente é mais difícil de se lidar ? Culturalmente é sabida a dificuldade que muitas noras e sogras têm de se relacionar. Algumas passam a vida trocando farpas, outras não conseguem conversar e conviver no mesmo lugar e há até algumas que abandonam o relacionamento por conta da interferência constante da sogra na vida do casal.Entre os principais motivos de intrigas e dificuldades nesse relacionamento, pode-se destacar o fato da nora ver a sogra como rival, a mãe ter a sensação de aquela outra mulher está lhe tirando o filho, a disputa pelo poder sobre aquele homem, a dificuldade em aceitar e conviver com as diferenças de opinião, a necessidade de atenção e o ciúme excessivo.A mãe que tem uma forte relação de dependência com seu filho vê o casamento deste como uma forte separação sentimental, que facilmente se transforma em repulsa ou ciúme para com a nora, que é quem lhe “rouba” o filho. Pode surgir, então, uma tendência, muitas vezes inconsciente, de criticar a nora em todas as suas ações e gestos, multiplicando os conselhos e tentando recolocar o filho sob sua influência.Outro grande motivo de conflito é o fato de o filho sustentar financeiramente a mãe, pois muitas esposas acreditam que seus maridos são explorados, atribuindo a culpa disso às suas sogras.

 

3- Existe um preconceito natural na relação entre nora e sogra ? Esse “preconceito natural” pode ter sido formatado a partir de um estereótipo social que se vincula a imagem da sogra. Sim, carregar consigo o preconceito de que a sogra será uma pessoa desagradável, megera, pode influenciar no desdobramento da relação. Acredito que iniciar uma relação com a sogra já imaginando dificuldades no relacionamento pode comprometer a capacidade em ver qualidades que a sogra teria.

 

4-Por que genros e sogras brigam menos?

A relação da sogra com o genro, em geral, é mais tranquila, principalmente quando ela percebe que ele cuida bem da sua filha. Nesse caso, a competição pode se estabelecer entre sogro e genro, principalmente se ele é um pai protetor, que não quer perder sua ascendência sobre a filha.Há uma piada que explica muito bem: Uma mulher tem um casal de filhos casados. Ela conta às amigas que a filha casou muito bem, pois seu genro até leva café na cama para ela, mas o filho não teve a mesma sorte, imagine que a megera na nora recebe até café na cama de seu adorado filhinho? O genro costuma receber o papel, normalmente masculino, de cuidador, sendo assim a sogra poderá se apaixonar pelo genro que a convencer (nem precisa ser verdade) de que é um excelente provedor.

5-Qual o papel do filho/marido para não azedar de vez essa relação: sogra x nora?

É sabido o quão desgastante é para ambas viver nesse conflito eterno, mas a situação é muito pior para o homem que fica entre a mãe e a esposa o tempo inteiro. O papel do marido/filho é fundamental no desenvolvimento da relação sogra-nora. Cabe a ele saber separar o amor de mãe e o amor de esposa e colocar estas duas mulheres nos seus lugares. O homem não deve dar motivo para que elas entrem em conflito (como por exemplo, contar o que uma diz da outra) e, se isso ocorrer, mesmo que independentemente de sua vontade, ele deve saber lidar com essa situação, tentando melhorá-la através de conversas com ambas e atitudes que demonstrem amor pela esposa e pela mãe

6-É possível amar e tratar a nora como se fosse uma filha ?Claro que sim.  Sogra e nora podem se respeitar, conviver bem, ter uma relação de mãe e filha. É importante perceber que a nora se tornou parte da família e não necessariamente aquela que o afasta da família.7- A proximidade ajuda ou atrapalha nessa relação ? Depende muito do tipo de envolvimento. As mães podem desenvolver sentimento de posse em relação aos seus filhos, podem sentir-se “donas” de seus filhos a partir do momento que são responsáveis por suas vidas enquanto seres indefesos e totalmente dependente de suas mães para sobreviver nos primeiros anos de vida. Esse sentimento pode gerar sentimento de “poder”. Esta sensação de poder pode alimentar ações que vão contra o bem-estar dos seres que mais amam, seus filhos.

Há sogras que aproveitam a proximidade para dar palpites, tomar partido, tentar resolver situações sem a permissão do casal, e pode atrapalhar a harmonia da família. Mas a proximidade no sentido de auxiliar no crescimento do neto, trocar experiências, pode ser válida.

Coluna: Neuropsi (07/07)

1-O que é Transtorno Opositivo Desafiador (TDO)? O transtorno de oposição (TDO) é um transtorno  caracterizado por um padrão global de desobediência, desafio e comportamento hostil. A criança ou adolescente discute excessivamente com adultos, não aceita responsabilidade por sua má conduta, incomoda deliberadamente os demais, possui dificuldade de aceitar regras e perde facilmente o controle se as coisas não seguem a forma que deseja.

 

.2-Qual a idade e sexo mais acometidos?

O TDO é bastante comum, ocorrendo entre 2% a 16% das crianças e adolescente. Em crianças menores é mais comum em meninos, mas durante a adolescência ocorre com frequência em ambos os sexos. O início é geralmente gradual e aumenta a gravidade dos problemas de comportamento ao longo do tempo.

 

3-Como eu sei se meu filho tem TDO?

A criança para que seja diagnosticada é necessário apresentar perda de paciência, discussão com adultos, desafio ou recusa em obedecer a regras ou solicitações feitas por adultos, fazer coisas que aborreçam as pessoas de propósito, responsabilizar outras pessoas por seus próprios erros ou mau comportamento, incomodar-se facilmente com os outros, ficar com raiva, ressentimento ou ser vingativa ou maldosa.

 

4-Como pode ser tratado?

A melhor maneira de tratar uma criança com transtorno de oposição inclui psicoterapia infantil que abrange técnicas de manejo e modificação do comportamento, utilizando uma abordagem coerente da disciplina e seguir com reforço positivo de comportamentos adequados. É muito difícil os pais lidarem com estas crianças e adolescentes, por isso é indicado orientação dos pais para melhor entendê-los, além de obterem apoio e compreensão e consequentemente receberem treinamento acerca de habilidades de manejo destas crianças. O sucesso do tratamento requer empenho e acompanhamento em uma base regular de ambos pais e professores.

5-Alguma sugestão aos pais?

 

Uma das melhores formas de ensinar a criança a seguir regras é o sistema de fichas. É discutido com a criança e os pais, os comportamentos desejados (tarefas, objetivos) e escritos em uma cartolina. Cada tarefa, se cumprida, valerá um tanto X de pontos, dependendo da facilidade e do esforço. Todos esses pontos, acumulados durante os dias de intervenção, podem ser trocados por prêmios, que são definidos previamente no começo da intervenção.

 

6-Como trabalhar TOD na escola?O Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) pode representar um aspecto preocupante aos educadores, pois é normal que muitos desses profissionais ainda não saibam como lidar com tal situação. Se você enfrenta um dilema parecido em sala de aula, veja como trabalhar de forma proveitosa para todos.É importante saber que quando uma criança apresenta características do TOD, ela pode ter bons resultados pedagógicos. Tudo isso depende, é claro, de algumas adaptações que visem ao que é esperado.

 

7-Quais são as sugestões da criança com TOD na escola?A primeira sugestão é fazer algumas mudanças que podem beneficiar o aluno, como colocá-lo em um lugar que não o faça distrair. Sendo assim, vale tentar reposicioná-lo na primeira fileira, por exemplo. O TOD não é uma condicionante do TDAH, mas os dois transtornos podem apresentar comorbidades. Estima-se que 50 % dos pacientes apresentem ambos. O fato do aluno não ter com o que se distrair favorece a apreensão do conteúdo e, consequentemente, um clima mais harmônico entre o pequeno e seus colegas. No entanto, é sempre bom ressaltar que cada caso pode variar muito.

8-O professor pode advertir essa criança se precisar?

Quando o aluno quiser adotar comportamentos que chamem a atenção, a melhor maneira é não repreendê-lo na frente dos coleguinhas. Ao adverti-lo, faça da maneira mais branda possível e nunca o coloque em uma situação de constrangimento. É importante que você estimule a amizade da criança. Outra sugestão é sempre manter a calma, mesmo em momentos de agressão. Quando a criança com TOD é contrariada, ela pode agir de forma mais ríspida e ameaçar a bater. A melhor forma de lidar com isso é segurar-lhe as mãos, agachar-se junto dela e falar com muita doçura para que a criança perca a coragem de prosseguir com o ato pensado anteriormente.

 

9-O que os pais NUNCA devem fazer?

• Utilizar de agressão física/verbal para que seu filho obedeça;

• Orientar a criança à distância (deve orientar olhando para criança e certificando que ela compreendeu);

• Dar instruções vagas (por ex.: “seja uma boa criança”);

• Orientar com muitas explicações (argumentam excessivamente para criança entender), é bem provável que a criança vá se perder durante as explicações;

• Orientar em tom ameaçador (em casos onde existe um acontecimento já instalado, é normal que os pais deem bronca com tom ameaçador para criança recuar, nesses casos a criança tende a revidar);

• Pedir que realize alguma tarefa em forma de pergunta (você pode ir agora fazer as lições de casa? Vai abrir espaço para que a criança pense e diga não).

 

Coluna: Neuropsi (11/06)

1- O que é Transtorno de Personalidade Esquiva?

O Transtorno de Personalidade Esquiva é um transtorno de personalidade caracterizado por um padrão predominante de inibição social, sentimentos de incapacidade, sensitividade extrema a críticas ou repreensões, e uma tendência à solidão ou isolamento. Pessoas que apresentam o transtorno de personalidade esquiva veem a si mesmas como socialmente ineptas e não atraentes e evitam contato social por medo de serem ridicularizadas, humilhadas ou desprezadas. Os pacientes, tipicamente, mostram-se solitários e relatam o sentimento de distanciamento da sociedade. Entre 0,5 e 1% da população em geral sofre de transtorno de personalidade esquiva.

 

2-Quais são as suas características?

As pessoas que sofrem de transtorno da personalidade esquiva, caracterizam-se por ter sentimentos de inadequação, por serem hipersensíveis às avaliações negativas e por evitar qualquer contato com as pessoas por medo de serem desaprovadas. Se bem, que este transtorno tem certas semelhanças com a fobia social, diferencia-se desta já que nesta última as pessoas evitam determinadas situações sociais, mas não as relações próximas. No transtorno da personalidade esquiva, evita-se qualquer tipo de interação pessoal; se bem é verdade que existe o desejo de se aproximar das pessoas, o medo de ser rejeitado é mais forte.

 

3-Como diagnosticar o transtorno de esquiva?

 

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, na quinta edição (DSM-V ), o transtorno deve ser diagnosticado se houver:Evitação de atividades devido a um medo irracional de rejeição ou críticas.Falta de vontade de entrar em um relacionamento interpessoal.Moderação em situações interpessoais por causa do medo de ser ridicularizado.Preocupação com a crítica e temor de rejeição.Inibição das relações interpessoais devido a sentimentos de inadequação.Percepção irreal de inadequação social e inferioridade perante aos outros.Relutância em participar de atividades novas devido à ideia de risco e constrangimento.

 

4-Como ajudar a uma pessoa com esse transtorno?

Procure informação sobre o transtorno de personalidade esquiva. Para poder ajudar o seu familiar, primeiro entenda o que ocorre e porque lhe acontece.Não o julgue, se decidir não ir a uma reunião social por medo de ser recusado. Também não o critique nem o menospreze. Isto só agravará seus sentimentos negativos e você perceberá que ele vai sentir uma rejeição da sua parte que o fará se sentir pior.Incentive-o a sair ainda que responda sempre negativamente. Proponha-lhe também planos que sejam de seu interesse e deixe-o saber que você estará a seu lado e que não deve sentir medo pela rejeição porque o que importa é estar bem e se desligar da vida diária em companhia.

 

5-Como é realizado o tratamento?

A terapia cognitiva pode ser útil. Esta terapia assume que o pensamento errado do paciente está causando o transtorno de personalidade, e, portanto, centra-se na mudança de padrões cognitivos distorcidos por examinar a validade das hipóteses por trás deles.

Se um paciente sente que ele é inferior, desagradável, e socialmente inaceitável, um terapeuta cognitivo iria testar a realidade dessas premissas pedindo ao paciente para nomear amigos e familiares que gostam de sua companhia, ou para descrever os encontros sociais do passado.

Ao mostrar ao paciente que outros valorizam a sua presença e que situações sociais podem ser agradáveis, a irracionalidade de seus medos e inseguranças sociais estão expostas. Este processo é conhecido como restruturação cognitiva.