Araguari pode ficar sem água em 2026
qui, 22 de outubro de 2015 08:05por Adriano Souza
Com a escassez das chuvas, os municípios começam a tomar medidas rígidas em relação ao desperdício de água. Em algumas cidades, o chamado rodízio no fornecimento foi implantado para evitar o pior. Em Araguari, um recente levantamento de estudantes universitários em relação ao aquífero que abastece nosso município mostrou até o momento resultado preocupante.
A reportagem da Gazeta do Triângulo aguarda a conclusão final deste estudo, mas informação descoberta essa semana é que as águas do aquífero Guarani — que em nosso município aparece com o nome de Botucatu e não são próprias para consumo principal, mas representam fonte de abastecimento para nós — nos últimos dez anos vêm registrando baixa de um metro a cada ano. Permanecendo essa média, a água potável de Araguari pode acabar nos próximos 10 ou 15 anos.
Em 2004, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais, Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear Universidade do Mato Grosso com a colaboração do Instituto Mineiro de Gestão das Águas apresentaram esse estudo para a SAE – Superintendência de Água e Esgoto que mostrou o desconhecimento do potencial quantitativo e do sistema Aquífero Guarani no município.
O município de Araguari, cuja extensão total é de 2.745,85 km2, está localizado no Triângulo Mineiro, região oeste do Estado de Minas Gerais, a 569 km do município de Belo Horizonte, situada no limite noroeste do sistema Aquífero Guarani- SAG. O suprimento de água da região é de origem subterrânea, extraída de poços tubulares perfurados predominantemente do aquífero Bauru.
O levantamento realizado há onze anos mostrou a presença de dois aquíferos (Serra Geral e Bauru) e a unidade geológica Botucatu, que não chega a constituir um aquífero devido às suas limitações geográficas e elevado grau de silificação. O aquífero Serra Geral encontra-se associado aos derrames basálticos sobrepostos às rochas do embasamento cristalino, com espessuras que variam entre 200m e 250m. Ou seja, seria esse o aquífero a ser explorado evitando assim problemas futuros no abastecimento como é previsto pelos analistas, mas ao longo dos últimos onze anos, nada foi feito pelas autoridades em termo de promover ações para exploração do mesmo.
Segundo estudos, no aquífero Serra Geral existem poços artesianos com vazões entre 75m3/s à 120m3/s, citando como exemplo o poço artesiano localizado no distrito de Piracaiba pertencente à SAE, com vazão de 70m3/h. O aquífero Bauru é constituído pela sequência areno-siltosa da formação Marília, e pelas coberturas lateralizadas terciárias silto-argilosas. A recarga natural do aquífero Bauru está associada à infiltração direta da precipitação nos sedimentos Bauru (453,2 km2).
Os valores do PH do aquífero Bauru indicam valores entre 4,9 e 6,1 ácidas a moderadamente ácidas; as águas do aquífero Serras Gerais tendem a ser neutras apresentando PH em torno de 7. Algumas investigações realizadas em 2004 apontaram como contaminantes potenciais os agrotóxicos, arsênio, cobre e cadmio, provenientes principalmente das práticas agrícolas. Dessa forma, é preciso que as autoridades do município iniciem o quanto antes ações para garantir essa captação do aquífero Serra Geral evitando assim o caos com a iminente falta de água.
IMPACTOS ESPERADOS
Ainda no resumo do estudo realizado em 2004, consta que nos últimos anos a SAE – Superintendência de Água de Esgoto vem detectando, dentre outros, os seguintes problemas mediante a operação dos poços: produção de areia comprometendo a qualidade da água e a eficiência das bombas de sucção, o que tem gerado um custo elevado para o setor, e alto custo operacional, pois os poços são de baixa vazão média, quando o ideal do ponto de vista técnico e econômico, seria explorar um menor número de poços mais produtivos.
Outro problema tem sido detectado pelo IGAM: a grande concentração de poços tubulares destinados à irrigação sem outorga, caracterizando conflito das águas localizadas no município.
Dentre as atividades antotrópicas, potencialmente poluidoras dos mananciais destaca-se a agricultura, que além de exercer significativa influência no ecossistema, no solo impacta fortemente as taxas de recarga do aquífero, através da irrigação. Observa-se que nos países desenvolvidos, normalmente as avaliações sobre o uso de agroquímicos são realizadas mediante a análise de risco, a qual é executada por equipes compostas por profissionais altamente capacitados.
SAE
A reportagem falou sobre o assunto com subsecretário Edson Vieira Junior, que garantiu um parecer técnico da autarquia com profissionais que tenham conhecimento do estudo realizado em 2004. Ele nos prometeu retornar com uma resposta sobre o importante assunto.
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