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Vídeo games: massacrando o cérebro de nossas crianças

qui, 13 de março de 2014 15:21

Abertura Perspectivas da Cultura
Desde que comecei a escrever os texto para a Gazeta do Triângulo, aprendi que o melhor é ligar as antenas quando me aproximo de grupos ou pessoas que começam a debater sobre suas posições.

Talvez uma atitude covarde e aproveitadora, pois jorra-se uma fonte de temas para que eu continue afundando as teclas do meu computador.

Mais uma vez uma frase, a debalde, me acendeu um neurônio:

“AS AUTORIDADES DEVERIAM PROIBIR OS VÍDEO GAMES, POIS ELES MASSACRAM O CÉREBRO DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES”.

Nesta hora fiquei quietinho, pois a princípio me auto puni por sentir que durante anos colaborei com este massacre…
COMO ASSIM????

Segredinho público…

Durante o meu investimento temporal no curso de veterinária me aventurei pelas cataratas de Iguaçu…

O que na verdade era somente para atravessar a ponte da amizade e trazer diversos produtos parcialmente legais. Parcialmente, pois nunca respeitei a cota limite.

Acabei por abrir um comércio na cidade de Araguari. Uma locadora de vídeo games.

SARAVA SEJA LOUVADO. Então eu sou um criminoso social???

Nas palavras da professora de curso superior, eu deveria ser julgado e condenado. Talvez por outras pessoas também.

Mas… será que o vídeo game causa algum dano cerebral, ou mesmo comportamental???

LÓGICO QUE NÃO.

O que me deixe na condição de uma “múmia paralítica” é essa mania da generalização e da simplificação na solução dos problemas.
Vídeo game é um aparelho, um instrumento, para que através dele as pessoas possam passar seu tempo com entretenimento digital.

Dizer que vídeo game massacra e por isso deveria ser proibido, seria o mesmo que afirmar que a TV, o rádio, o cinema, os aparelhos de Blu ray, DVD, enfim, deveriam ser proibidos.
Estou mais do que consciente que alguns jogos (talvez a maioria) carregam um teor violento e nada acrescenta, mas existem jogos fantástico para ser curtidos em família e usados no aprendizado.

No mesmo sentido existem programas e filmes, que são veiculados, que carregam o mesmo teor violento e que nada acrescenta, mas não é por este motivo que o instrumento deva ser proibido.

O que massacra não é o vídeo game, ou a TV, o rádio, o cinema…

O que realmente deveria nos preocupar são os jogos, as programações, os filmes em função do seu conteúdo.

Não podemos confundir o aparelho com o jogo. Infelizmente é uma forma natural de agir das pessoas, ou seja, não se aprofundam em conhecer com maiores detalhes a situação antes de se posicionarem. A velocidade e a quantidade de informações tem feito com que as pessoas acreditem em qualquer notícia.

Nunca vou esquecer o dia que resolvi brincar, via face, que haviam tirado uma foto minha, em 3D, sendo que imprimiram em uma impressora, também 3D e utilizaram a impressão para cometer um crime, sendo que, o crime, foi filmado em câmera de segurança e eu havia sido preso preventivamente.

ACREDITEM OU NÃO, mas um aluno meu, que é policial, acreditou e me orientou, dizendo, ainda, que se punha a disposição para prestar declaração no que diz respeito a minha reputação.

O que mais me preocupa é que pessoas que tem esta visão, estão a frente de turmas, em cursos superiores, com uma média de 50 alunos por sala.

Esta mesma professora que disse que o vídeo game massacra, achando-se muito minha amiga, aconselhou-me a tirar o meu filho da escola que ele se encontrava e se encontra até hoje, pois senão ele ficaria retardado, uma vez que aquela escola não prestava. Mesmo assim eu ainda tentei argumentar e perguntei se ela conhecia a metodologia. Ela disse que não conhecia e nem queria conhecer…

PODE????

Realmente o que massacra o cérebro humano é a visão simplista e generalista sobre os atos e fatos que ocorrem durante toda nossa vida.

Recentemente eu encontrei uma amigo, da época que tinha locadora, que hoje é professor universitário, muito respeitado, terminando o doutorado em filosofia, na UFU. Naquela época ele ficava horas e horas a fio na locadora e em sua casa, jogando jogos de vídeo game. Era o “bam bam bam” dos recordes. Zerava tudo. Alguns criticavam e dizia que ele não seria nada, a não ser que fosse contratado por alguma empresa de jogos para vídeo game. Hoje é está se tornando um doutor em filosofia.

A REALIDADE É OUTRA.

Eu sou e sempre fui fã de vídeo games. Tanto é que comprei, recentemente para os meus filhos (4 e 10 anos) um XBOX 360. Não arrependi em nenhum momento. Por incrível que pareça, o meu filho mais velho tem me feito várias perguntas sobre: como que encontra o minério de ferro?, como transforma em lingote de ferro?; como funciona um vulcão?; onde se encontra diamante e ouro?; o que é mais resistente: o diamante ou a rocha?; qual o melhor material para se fazer uma casa?; como se planta o trigo e como se faz o pão?…

Todas estas perguntas são em função de um jogo específico chamado MINECRAFT. Eu jogo, sempre que posso, com os meus filhos e durante todo o jogo ficamos conversando, discutindo, definido funções, ajudando na caça, na plantação, na mineração e na construção das casas. FANTÁSTICO. Eles tem assistido documentários sobre meio ambiente, sobre o planeta terra e seus recursos, em função deste jogo.

Sou um defensor eterno do vídeo game, da TV, das rádios, dos cinemas, ou de qualquer outro aparelho com fins semelhantes, mas também sou um eterno questionador dos jogos, das programações, dos filmes, das músicas, enfim…

Não podemos jamais condenar os instrumentos tendo como base a mão que os direciona.

O vídeo game é um aparelho fantástico e deve ser utilizado sempre, mas com regramento. Por melhor que sejam os instrumentos, os produtos, os alimentos…, devem ser regrados, pois a quantidade pode lesar. No caso do vídeo game não vejo como lesar o cérebro, mas poderia, sim, intensificar o sedentarismo.

Além da atmosfera, talvez seja a água o mais importante elemento para a vida humana. Segundo alguns cientistas, o organismo humano não suporta mais de três dias sem água. Sem alimento existem recordes que beiram os 40 dias,  mas sempre com água. Por outro lado, se uma pessoa tomar, 10 litros de água em um dia, pode vir a falecer. O líquido mais precioso pode matar???

Lógico que sim. E tudo em função da quantidade.

No mesmo sentido vejo que todas as possibilidades naturais ou artificiais geradas pelo homem, fazem bem, mas poderão causar danos se mal utilizadas.

Até mesmo a cocaína, durante muitos anos, foi utilizada como um excelente anestésico local, até que Freud resolveu testar em seus pacientes e em si mesmo. Os efeitos, todos já ouviram falar. A cocaína passou a ser proibida em função do uso alternativo, mas é sabido que até hoje masca-se a folha da coca,  em países andinos, para aumentar a hemoglobina do sangue com o fim de compensar o ar o ar rarefeito.

Só não sei dizer, neste caso da coca, se o uso alternativo foi melhor ou pior…

DEIXO POR CONTA DE VOCÊS.

Somente sei que VÍDEO GAME NÃO MASSACRA CÊREBRO ALGUM E NEM MESMO DEVE SER PROIBIDO.

O que deveria ser proibido é a análise simplista das situações e o direcionamento equivocado sobre o foco do problema.

Sempre joguei jogos de vídeo games e acredito que o meu cérebro nunca foi massacrado, ou então está tão massacrado que eu não consigo perceber.

Ah… vivamos a vida, pois como disse Caetano Veloso “… cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é…”

Deixe eu ir andando pois vou jogar mais alguns joguinhos com os meus filhos.

Calvino.
Professor universitário, cientista jurídico, advogado, músico, microempresário e produtor cultural.

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