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Coluna: Neuropsi (16/12)

qui, 16 de dezembro de 2021 09:10

1-O que é a pseudologia fantástica?

A pseudologia fantástica ou mitomania, também conhecida como mentira patológica, é a tendência duradoura e incontrolável para a mentira. Mentir é o ato de intencionalmente fazer uma declaração falsa. É um transtorno psicológico caracterizado por contar mentiras compulsivamente, sem benefícios externos e geralmente restritos a assuntos específicos (como família ou amigos) apresentando-se de maneira bem vista socialmente. Em casos considerados mais graves, podem incluir uma enorme diversidade de assuntos e a própria pessoa tem dificuldade em lembrar o que é verdade e o que é invenção.

Os termos mentiroso patológico, mitônomo e mentiroso crônico são frequentemente usados para se referir a um mentiroso compulsivo.

O ato de mentir, sobre qualquer tema, de qualquer relevância, torna-se o modo de vida dessa pessoa e dizer a verdade passa a ser algo extremamente desconfortável.

 

2-O mitômano possui consciência de que está mentindo?

O mitômano sempre sabe, no fundo, que o que ele diz não é totalmente verdadeiro, embora não possuam consciência plena da intenção de cada mentira. Por isso, acabam por iludir os outros em histórias de fins mirabolantes, com o intuito de suprirem aquilo que falta em suas vidas. A tendência à mentira parece ser perseverante, não é provocada pela situação imediata ou pressão social, mas representa uma característica inata da personalidade. As histórias contadas tendem a apresentar o mentiroso sempre favoravelmente. Por exemplo, a pessoa pode ser apresentada como sendo fantasticamente corajosa ou estar relacionado com muitas pessoas famosas.

 

3- Quais características chamam a atenção na mitomania?

 

As histórias contadas não são inteiramente improváveis e contêm referências à realidade.

As aventuras imaginárias se manifestam em várias circunstâncias e de uma maneira crônica.

O tema das aventuras é variado, mas o mentiroso acaba sempre se pintando como herói.

As histórias não são usadas para obter vantagem ou recompensa.

Um protótipo de mitômano é o Pantaleão, personagem de Chico Anysio, que ao final de cada história mirabolante, perguntava: “é mentira, Terta?”.

 

4-Qual a diferença entre um indivíduo que fala uma mentira esporádica e o mentiroso compulsivo?

Um mentiroso compulsivo é definido como alguém que mente como um hábito, desde a infância. Mentir, neste caso, é a sua forma normal de responder a qualquer pergunta, por mais simples que seja. Algumas vezes são pequenas mentiras, outras são muito elaboradas, cheias de detalhes, que induzem a própria pessoa a acreditar nelas. Mentirosos compulsivos podem esconder a verdade sobre tudo, quer seja algo grande ou pequeno. Por outro lado, para um mentiroso compulsivo, dizer a verdade pode chegar a ser muito estranho e desconfortável.

 

5-Como se faz o diagnóstico?

O diagnóstico da mitomania pode ser feito pelo médico psiquiatra ou psicoterapeuta após uma avaliação. Existem alguns bons motivos para justificar uma mentira: diminuir o impacto negativo que uma verdade teria sobre uma pessoa que amamos ou não ofender alguém que ainda conhecemos pouco. Psicologicamente, a mentira pode ser considerada como parte do instinto de preservação, assim como o medo, a dor e a febre.

 

6-Qual a causa da pseudologia fantástica?

A ciência ainda não sabe o que leva alguém a se tornar um mentiroso patológico, mas sabe-se que mentir frequentemente está relacionado a alguns transtornos de personalidade, como o antissocial e o borderline. A pessoa mente compulsivamente, mas tem plena consciência de que o que diz é mentira. Do contrário, teríamos de considerar que a pessoa estaria fazendo um relato não mentiroso, mas sim delirante.

 

7-A mitomania tem cura?

Os mitômanos veem que estão sofrendo de um mal e desejam curar-se, mas raramente procuram ajuda por vontade própria. A compreensão dos companheiros ou familiares é muito importante. Se houver punição, o tratamento é dificultado. É preciso fazer uma reinserção social da melhor maneira possível, trazendo o indivíduo positivamente à realidade. O tratamento mais eficiente é a associação do tratamento psiquiátrico para tratar sintomas depressivos e ansiosos com um acompanhamento psicoterapêutico que vise a reflexão sobre os próprios comportamentos, o desenvolvimento de mais autocontrole, o aumento da autoestima e um treinamento do comportamento de dizer a verdade. Dentre os diversos tipos de psicoterapia, a Psicoterapia Centrada na Pessoa costuma ter efeitos duradouros.

 

 

 

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