Sexta-feira, 17 de Maio de 2024 Fazer o Login

As causas do crescimento de Uberabinha no início do século XX

qui, 5 de junho de 2014 00:04

Abertura Histórias de Uberlândia
Na coluna da semana passada esboçamos, em largos, mas rigorosamente fiéis traços, a silhueta material e social da Uberabinha de 1922, tão distanciada na época daquele feitio entristecedor de burgo anacrônico que fora até bem poucos anos antes. Não será destituído de interesse acenarmos ligeiramente às causas eficientes destes belos resultados que foram constatados e elencados pelo Cônego Pedro Pezzutti em estudo publicado no mês de março do ano de 1922.

A ponte do crescimento

Poderá parecer, à primeira vista, que o surto citadino de Uberabinha deva ser atribuído, quase que exclusivamente, à chegada da ferrovia a estas plagas.

Sem contestar que a ferrovia contribuiu poderosamente à valorização dessa zona e que haja, como fator apreciabilíssimo, impulsionado seu progresso, é, contudo, certo que o rápido surto de Uberabinha se achou intimamente ligado a um acontecimento de vital importância, qual foi a feitura da magnífica ponte Affonso Penna, sobre o caudaloso rio Paranaíba, a qual colocou em estreito contato de comércio, todo o sudoeste de Goiás com esta parte do Triângulo Mineiro.

E é possível demonstrar essa conexão positiva pelos fatos que nenhum conterrâneo desconhecia. A estrada de ferro foi inaugurada em Uberabinha em fins de 1896 e, até 1909, data da abertura da ponte Affonso Penna, a cidade continuava a ser o mesmo burgo morno e desalentado das antigas eras, sem animação, sem ideais, sem melhoramentos apreciáveis.

Construída às expensas da União, a ponte Affonso Penna se tornou  a fácil, praticável e segura grande via de penetração no sul goiano, interposto quase único de todo o movimento agrícola e comercial de vastíssimas e opulentas regiões. Uberabinha, dada a sua feliz posição, tornou-se, pela força das circunstâncias, o empório natural de todo movimento que a ferrovia Mogiana escoava para os grandes centros de população e para o litoral.

Data daí o progresso ascensível de Uberabinha, que viu sucessivamente aumentada a sua população pela imigração de elementos forasteiros, interessados nos intercâmbios e, muitos deles, portadores de iniciativas de utilidade pública e privada, iniciadores, portanto, de melhoramentos locais e regionais.

O exemplo de um corajoso empreendedor

Em 1909, uma empresa planejada e incorporada pelo coronel José Theophilo Carneiro, um benemérito filho desse torrão, lutando embora contra a atávica inércia e resignada quietude de seus conterrâneos, a golpes de audácia, que a muitos nesse tempo se afigurava louca temeridade, dotou esta terra com a instalação de uma usina hidroelétrica que, posteriormente, aumentada e melhorada, fornecia força e luz à Uberabinha e à vizinha Araguari, com largas promessas para o futuro.

Administradores patrióticos

Uma vez dado o impulso, as administrações municipais que se foram sucedendo, fazendo obra de patriotismo e de interesse comum, vieram, gradualmente, enriquecendo a cidade de melhoramentos úteis.

E foram atacados os serviços de sistematização estradal, o abastecimento de água potável, as estradas internas vicinais, os belos edifícios, as espaçosas avenidas, os jardins públicos, o Matadouro Modelo, a rede de esgotos, etc.

Reconhecendo que todas as administrações municipais de Uberabinha trouxeram, de boa mente e na medida de suas possibilidades, seu contributo para o engrandecimento da cidade, a verdade e a justiça mandam que se ponha em destaque o muito que intentaram e fizeram os quatro períodos governamentais, de 1908 a 1922.

A administração do triênio de 1908 a 1912, presidida pelo respeitável ancião, Major Alexandre Marquez, foi a que pôs mão no sargeteamento e abaulamento das ruas, ao levantamento dos passeios, ao primitivo abastecimento de água potável e dotou a cidade de iluminação pública. Criou também algumas escolas e subsidiou outros estabelecimentos de ensino.

As administrações dos três períodos sucessivos, de 1912 até 1922, perfilaram esses empreendimentos e intensificaram o seu complemento.

Presididas pelo farmacêutico João Severiano Rodrigues da Cunha, sucessivamente reeleito, seus correligionários, com louvável exemplo de patriotismo, acompanharam as ideias e os esforços de seu chefe e vieram dotando a cidade de todas aquelas facilidades e melhoramentos que, inconfundivelmente, destacaram-na de outras coirmãs do Triângulo.

Pode-se dizer que todo o serviço de utilidade pública, conforto e embelezamento trazia a assinatura pessoal do Presidente Rodrigues da Cunha que, com lúcida intuição e largo descortino, com elevado critério de oportunidade e acendrado patriotismo, pleiteou, promoveu e realizou todos os relevantes serviços que de Uberabinha fizeram o que ela era, uma cidade limpa, cômoda e garrida.

Entendeu o Presidente Rodrigues da Cunha caracterizar sua administração com o empreendimento das mais ousadas obras de remodelação da cidade e na cidade remodelada ficam consignados os títulos de sua benemerência.

O segredo destes apreciáveis sucessos da administração municipal de Uberabinha consistiu na oportuna atuação desses dois fatores básicos de todo governo bem organizado e esclarecido: ordem e espírito de conjunto nas providências administrativas.

Ponte Affonso Penna, fronteira do Triângulo Mineiro com Goiás, imediações da cidade de Itumbiara, Goiás. Foto divulgação

Ponte Affonso Penna, fronteira do Triângulo Mineiro com Goiás, imediações da cidade de Itumbiara, Goiás. Foto divulgação

 

Início da urbanização das praças de Uberabinha. Antigo campo de futebol onde atualmente é a praça Tubal Vilela. Foto divulgação

Início da urbanização das praças de Uberabinha. Antigo campo de futebol onde atualmente é a praça Tubal Vilela. Foto divulgação

 

Rua Bernardo Guimarães, Uberabinha, década de 1920. Foto divulgação

Rua Bernardo Guimarães, Uberabinha, década de 1920. Foto divulgação

 

Matadouro Modelo Municipal. Era localizado onde hoje estão os cruzamentos das avenidas Rondon Pacheco e Francisco Galassi. Foto divulgação

Matadouro Modelo Municipal. Era localizado onde hoje estão os cruzamentos das avenidas Rondon Pacheco e Francisco Galassi. Foto divulgação

 

Rua Barão de Camargos, Uberabinha, Final do século XIX. Foto divulgação

Rua Barão de Camargos, Uberabinha, Final do século XIX. Foto divulgação

 

Estação ferroviária de Uberabinha, início do século XX. Foto divulgação

Estação ferroviária de Uberabinha, início do século XX. Foto divulgação

 

Propaganda de casa comercial em 1922, Uberabinha

Propaganda de casa comercial em 1922, Uberabinha

.

Coimbra Júnior.
(*) Administrador de Empresas, especializado em Finanças. Trabalha atualmente na Via Travel Turismo. Criou a página História de Uberlândia no Facebook.

 

2 Comentários

  1. iolanda narcizo soares disse:

    Boa tarde, moro en Goiania, e estou fazendo uma pesquisa de documentos do meu avo portugues que viveu e casou-se por esses lado, pra facilitar sei que era lavrador e tinha fazendas, mas o que preciso e de documentos, o nome ndele era Manoel de Miranda Capual, poderia me dar um caminho ou se possivel uma luz atenciosamente Iolanda. (62) 999401002

  2. iolanda narcizo soares disse:

    Boa noite , ja enviei um email e nao obtive resposta, gostaria da ajuda de vcs , ja tenho todos os documentos, mas a certidao de obto esta com dada errada, portanto preciso o batisterio pra confrontar estas datas, atenciosamente Iolanda.

Deixe seu comentário: