A maçonaria e a história do Brasil
qui, 13 de novembro de 2014 00:11
A maçonaria é a maior e mais antiga organização não governamental do planeta. Não se sabe exatamente como e quando começou. Muitos estudiosos acreditam que a maçonaria se originou na Idade Média com as sociedades, também conhecidas como guildas, dos construtores das catedrais e castelos. Há evidências, segundo outros autores, de que a maçonaria foi influenciada, em seus primórdios, pela Ordem dos Cavaleiros Templários, um grupo de monges, cristãos e guerreiros, formado na segunda década do século X para ajudar e proteger peregrinos em suas viagens à Terra Santa.
No Brasil, a maçonaria chegou junto com os portugueses. Dizem que os maçons estiveram presentes em todos os acontecimentos importantes da história e que várias decisões importantes como a inconfidência mineira, a independência, a abolição da escravatura e a proclamação da república foram discutidas e organizadas em suas lojas.
Francisco Antonio Lisboa, conhecido como Aleijadinho, o grande escultor sacro mineiro era maçom grau 18 e deixou, secretamente, várias marcas maçônicas em suas obras. Os três anjinhos formando um triangulo, o triangulo maçônico, tornaram-se sua marca registrada.
Os inconfidentes, Tiradentes, Thomas Antonio Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa, Alvarenga Peixoto, e até mesmo o traidor do movimento, Joaquim Silvério dos Reis, pertenciam à ordem. A bandeira do estado de Minas Gerais foi inspirada na maçonaria. O triangulo no centro da bandeira mineira é o mesmo do delta luminoso, o Olho da Sabedoria.
Há relatos afirmando que a independência do Brasil foi proclamada, na verdade, no dia vinte e dois de agosto do ano 1922, em uma reunião na loja Grande Oriente do Brasil. O gripo no Ipiranga teria sido apenas a confirmação.
Visconde de Rio Branco, José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Eusébio de Queiroz, Quintino Bocaiúva, Rui Barbosa, Cristiano Otoni e Castro Alves, eram abolicionistas e maçônicos.
Após a proclamação da República, todo o primeiro ministério foi composto por maçons, organizado por Quintino Bocaiuva, que havia sido grão-mestre.
Persilva e a dissidência maçônica em Minas Gerais
Uberaba e Uberlândia sempre tiveram certa rivalidade. Na Revolução de 1930, o Triângulo foi entregue a dois comandos militares por conta dessa rixa. Um ficou em Uberaba, outro em Uberlândia. Para nossas terras veio o capitão da polícia militar José Persilva, que foi promovido a major durante o combate. Os contingentes dos três estados envolvidos tinham a mesma origem: soldados, praças e oficiais da polícia militar, oficiais da Guarda Nacional e voluntários.
O batalhão sediado em Ipameri não quis participar da luta. Em telefonema para o chefe civil das tropas revolucionárias mineiras, senador Camillo Chaves, o comandante coronel Leônidas avisou que não enviaria suas tropas ao Triângulo Mineiro.
José Persilva comandou seus soldados durante o tempo que durou a batalha, que não passou de uma semana. Apenas uma baixa foi registrada na batalha. O sargento Virmondes Ribeiro da Silva, goiano, que lutava por Minas. Camillo Chaves o promoveu a tenente post-mortem e a cidade o homenageou com nome de rua, a Tenente Virmondes, no centro. Após a vitória, foram dias de comemorações com passeatas, comícios, bailes, missas, discursos e discursos, foguetório e muita banda.
O major Persilva foi nomeado delegado e permaneceu na cidade por quase um ano. Durante sua permanência, Persilva candidatou-se a membro da primeira loja maçônica de Uberlândia, a centenária Luz e Caridade.
Após mais alguns meses, o comando chamou Persilva de volta. É muito comum, não apenas na maçonaria, que os novatos transferidos de cidade esqueçam de seu compromisso com a instituição que os recebeu. Mas não foi o caso do militar Persilva.
Em Belo Horizonte, ele continuou frequentando os trabalhos maçônicos com tal interesse, que chegou a presidente da Loja Deus, Humanidade e Justiça. Nessa função, percebeu que a administração central do Grande Oriente do Brasil, que era a Obediência que congregava o maior contingente de maçons brasileiros, não estava dando a atenção necessária aos obreiros de Minas Gerais.
Nem sequer um representante do poder central havia em Uberlândia. Os problemas pessoais dos maçons com a maçonaria tinham que ser resolvidos no Rio de Janeiro, onde se chegava por estrada de ferro em uma sacrificante viagem de vários dias. Indignado, José Persilva, agora coronel, iniciou um movimento rebelde objetivando criar um órgão dissidente no Estado que congregasse as Lojas que estivessem insatisfeitas com o descaso em que se encontravam.
Em uma bela manhã de terça-feira, dia doze de setembro de 1944, depois de convencer boa parte dos maçons mineiros, José Persilva fundou, em Belo Horizonte, o Grande Oriente de Minas Gerais, independente do Grande Oriente do Brasil. Foi o seu primeiro Grão-Mestre. Muitos anos se passaram, as coisas se ajustaram e o Grande Oriente de Minas Gerais aceitou ser incorporado pelo Grande Oriente do Brasil.
Considerando que o coronel José Persilva iniciou-se na loja uberlandense Luz e Caridade e um dia criou e tornou-se o dirigente da maior instituição maçônica mineira e, certamente, uma das maiores do país, podemos afirmar que a glória da fundação dessa Grande Oriente se estende à Luz e Caridade, atualmente a segunda maior loja maçônica do Brasil.
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Coimbra Júnior.
(*) Administrador de Empresas, especializado em Finanças. Trabalha atualmente na Via Travel Turismo. Criou a página História de Uberlândia no Facebook.
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