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Coluna: Direito e Justiça (16/03)

qui, 16 de março de 2023 08:11

Direito e Justiça:

Um de Cada Vez:

Um amigo nosso caminhava ao pôr-do-sol numa praia deserta, no México. À distância, viu outro homem caminhando. Ao se aproximar, notou que o homem se abaixava, pegava alguma coisa e jogava na água. Volta e meia, se abaixava e jogava alguma coisa no mar.
Chegando ainda mais perto, viu que o homem pegava estrelas-do-mar deixadas na areia pela maré e as devolvia ao mar.
Intrigado, nosso amigo se aproximou e disse ao homem:
– Boa tarde, amigo. Estou me perguntando o que você está fazendo,
– Estou devolvendo as estrelas-do-mar. A maré está baixa e, se ficarem na areia, vão morrer.
– Entendo – disse nosso amigo. Mas há milhares de estrelas-do-mar nessa praia. Você não vai conseguir pegar todas. São muitas! Você não vê que isso deve acontecer em centenas de outras praias? Não vê que não faz a menor diferença?
O homem sorriu, abaixou-se, pegou mais uma estrela e jogou-a no mar, dizendo:
– Faz diferença para esta aqui.

Dave Gallowary

(Tentar é tudo. Não importa o sucesso ou o fracasso)

Robert Thibodeau

FONTE: Você Não Está Só – Livro II –Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Patty Hansen.

Comentário Livre:

Este apólogo é interessantíssimo, pois induz diversas interpretações e conclusões, tudo a depender do ponto-de-vista de cada um e principalmente, eu ressalto, de uma filosofia de vida. Melhor ainda: de como cada um de nós vive a sua própria vida e encara o mundo.
Considerando-se friamente o quadro posto naquela praia, tudo nos levaria a pensar em algumas coisas aparentemente óbvias:
– O catador de estrelas não tinha coisa melhor com que se ocupar.
– Sobrava àquele homem o tempo tão escasso para outros.
– Tratava-se de um bobalhão, de um imbecil completo.
– Pior do que tudo isso, era um psicopata, ao menos, um inútil inofensivo.
Mas, também se poderia redarguir:
– E o que é que eu tenho com isso?
– E o que é que você tem com isso?
Ele causava algum prejuízo ao local? Ao meio ambiente? Ao mundo?
A resposta inevitável somente poderia ser uma:
– Nenhum prejuízo. Nenhum mal. Nem mesmo um simples estorvo.
Então, deixemos o homem em paz. Porque se você e eu não queremos perder tempo com estrelas do mar, ou coisas assim, outros querem. Satisfazem-se em serem bons. Em serem puros. Querem ao menos tentar alguma coisa, mesmo que essa coisa consista em ser uma atitude aparente ou imediatamente ineficaz para o quadro dramático e deletério que se apresenta e permeia atualmente no planeta.
No frigir dos ovos, fico com aquele homem: Por nada! Eu fico!
– Não deixo e não deixarei, jamais, que o mundo, que os outros anulem ou mudem o meu jeito de ser. De fato, não se pode negar que, para aquela estrela-do-mar, salva pelas mão bondosas de alguém, fez, sim, muita diferença.
– A sagrada diferença da vida. Vida, sim, ainda que seja ou que fosse uma vida por um pouquinho mais…
Você, que me lê, pense nisso…! Ou deixe para lá… e esqueça…!
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Boa Vontade:

Tendo um homem adquirido uma fazenda, encontrou-se, dias depois, com um de seus vizinhos:
– O senhor comprou esta propriedade? — perguntou-lhe o vizinho em tom quase agressivo.
– Comprei-a, sim, meu amigo!
– Pois sinto dizer-lhe que vai ter sérios aborrecimentos Com as terras, comprou, também, uma questão nos tribunais.
– Como assim? Não compreendo!
– Vou explicar. Existe uma cerca, construída pelo proprietário anterior, fora da linha divisória. Não concordo com a posição dessa cerca. Desejo defender os meus direitos e vou demandar.
– Peço-lhe que não faça semelhante coisa. — redarguiu o proprietário — Acredito na sua palavra. Se a cerca não está no lugar devido, iremos e consertaremos tudo de pleno acordo.
– O senhor está falando sério?
– É claro que estou!
– Pois, se é assim, — respondeu o reclamante — a cerca ficará como está. O senhor é um homem honrado e digno. Faço mais questão de sua amizade do que de todos os alqueires de terra.
E os dois vizinhos tornaram-se amigos inseparáveis e essa amizade foi de grande utilidade para ambos.

FONTE: Lendas do Céu e da Terra.
Malba Tahan.

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Comentário Livre:

• A simpatia e a boa vontade repousam na mansidão, o que não se confunde com omissão ou covardia.

• Recebamos, sempre, com simpatia e boa vontade aqueles que se aproximam bem-intencionados de nós.

• Não vale a pena enfadar-se por bagatelas, nem tomar por ofensa o que na realidade não o é.

• Apesar dos enganadores que existem por aí, a confiança no próximo ainda continua sendo uma grande virtude.

Muito bem! Comecei pelas frases acima, que me foram inspiradas pelo texto do apólogo ora comentado. Antigamente, a palavra empenhada valia tanto ou muito mais do que um contrato escrito e formalizado. Dizia-se que um trato ou acordo era rematado com um aperto de mãos e também com um fio de barba de cada um dos contratantes, que serviria como garantia (se fossem homens, é claro…).
Hoje, nem contrato escrito, nem aperto de mãos, nem fio de barba (coisa rara nos homens atuais…), nada mesmo garante o cumprimento do que foi ajustado e nem a lisura das intenções pactuadas. Existe no país uma insegurança jurídica fenomenal, como nunca antes houve, que se espalhou por todos os campos do Direito e em todos os níveis da sociedade. Parece-me ser irreversível. Infelizmente!
Dizia ou ainda diz o nosso povo que “a justiça tarda, mas não falha”. Está errado. Muito errado. Salvo engano meu, foi o grande Jurista e Advogado – o maior dos baianos – Ruy Barbosa (com y, eu faço questão) quem teria dito:
– A Justiça que tarda não é justiça. É tirania.
Se não disse isso literalmente, falou, sim, nesse contexto.
E Justiça tardia é tirania mesmo. Também posso dizer que tudo, ou quase tudo, que aprendi de Direito na PUC – MG, Turma 1971/1975, não vale mais ou vale muito pouco. Que lástima!
Março, 2023.
Rogério Fernal .`.

1 Comentário

  1. Eliane disse:

    Belas mensagens na escola sempre ganhamos em reuniões.

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