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Surdez (Parte II)

sex, 21 de novembro de 2014 00:01

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1-Qual é característica da perda de audição na terceira idade?
A surdez na terceira idade faz parte do processo degenerativo relacionado ao envelhecimento natural do indivíduo. A partir da quinta ou sexta década de vida, a pessoa passa a não ouvir com a mesma perfeição  de quando tinha 20 anos, devido à morte de algumas células auditivas. Entretanto, componentes genéticos e fatores de risco específicos como diabetes, pressão alta, tabagismo e uso excessivo de álcool podem acelerar esse processo denominado presbiacusia.

Dados da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia apontam que as pessoas demoram cerca de sete anos para procurar um especialista após perceberem algum dano à audição e ainda levam mais dois anos para escolher um tratamento. Esse descuido pode levar à surdez definitiva. A surdez ainda é subdiagnosticada e subvalorizada, esse conceito precisa mudar o quanto antes.

2-Qual é o nome do exame para detectar a surdez?
O exame denominado de audiometria permite identificar o grau e o tipo da perda auditiva. Através dos dados colhidos, o otorrino-laringologista tem a possibilidade de determinar o tratamento mais indicado, que pode ser clínico, cirúrgico ou de reabilitação. Os processos de reabilitação incluem o aconselhamento, orientação e adaptação ao uso de aparelhos.

Através do exame da audiometria, que mede o menor som que uma pessoa é capaz de ouvir em cada frequência sonora, o especialista consegue avaliar a perda auditiva do paciente. Se a perda auditiva for de grau leve, por exemplo, não será necessário o uso do aparelho de audição.

3-Quais são os ‘’prenúncios’’ de surdez na terceira idade?
Um dos sintomas iniciais que merece atenção surge quando o idoso sente dificuldade, por exemplo, em falar ao telefone ou tem a sensação de que não consegue compreender bem as palavras que lhe são ditas. Por isso, ele tem uma enorme dificuldade de manter conversas simples. Além disso, os sons da fala mais agudos, utilizados com as consoantes s, t, k, p e f, são mais difíceis de compreender por quem sofre de perda auditiva.

4-’’Falar ao pé do ouvido’’ em quem tem surdez funciona?
Os mais jovens têm o costume de chegar perto dos avós para falar próximo ao ouvido, como se eles não conseguissem escutar. Mas isso não ajuda. É necessário falar de maneira clara, articulando bem as palavras e com uma boa entonação, sem gritar. De frente para a pessoa, para que ela utilize o apoio visual e consiga fazer a leitura facial. Isso não vai melhorar a audição, mas ajudará na comunicação.

Os pacientes com perda auditiva moderada ou grave devem utilizar aparelhos auditivos, que amplificam os sons. O aparelho não interfere na capacidade de compreensão, então essa orientação de falar devagar, pausadamente, para a pessoa utilizar a leitura orofacial também vale para quem usa aparelho.

5-O paciente com surdez geralmente pode sentir-se ‘’ isolado dos demais’’?
A surdez na terceira idade pode gerar uma angústia muito grande no idoso, pois a dificuldade de comunicação e percepção pode levá-lo ao isolamento, ainda mais se a família não tiver paciência. Por isso, ele passa a ser excluído das atividades sociais e a ser informado somente de alguns poucos assuntos conversados em casa.

Ouvir implica também na interpretação de sons levando à produção de pensamentos e linguagens. A surdez nos idosos costuma gerar isolamento, problemas de relacionamento e principalmente a depressão.  O que normalmente acontece é que os indivíduos da terceira idade não conseguem perceber e muito menos aceitar que estão ficando surdos. Uma das opções é fazer o tratamento preventivo. Prevenir esse problema relacionado à idade ainda não é possível, entretanto, alguns cuidados são essenciais e podem refletir na saúde dos ouvidos. Controlar diabetes e pressão alta, não ficar exposto a ruídos altos e fugir podem afastar os fatores de risco. O uso de antiradicais livres, como vitamina E além de  ginkobiloba pode retardar o processo degenerativo, mas deve ser indicado por um especialista.

6-Qual é a incidência de surdez na terceira idade?
Muitas pessoas da terceira idade não conseguem enfrentar e também admitir que têm problemas auditivos. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 10 % da população mundial tem esta dificuldade. No Brasil, estima-se que 15 milhões de homens e mulheres tenham algum tipo de perda na audição e cerca de 350 mil não conseguem ouvir praticamente nada. Fazer tratamentos é essencial para prevenir alguns tipos de surdez.

7-Qual objetivo do tratamento?
O tratamento tem o objetivo de habilitar a comunicação dos idosos para que eles se tornem mais independentes. A  melhora na audição está relacionada com o desenvolvimento da velocidade, precisão de síntese, localização e compreensões auditivas. Além do progresso da função cognitiva da atenção.

8-Os aparelhos auditivos são fornecidos pelo SUS?
Através do SUS – Sistema único de Saúde, é possível se encontrar próteses gratuitas para quem tiver limitações auditivas, e não contam com dinheiro para comprar um bom aparelho, algumas clínicas até mesmo particulares deverão contribuir com o projeto do SUS, em especial no estado de Minas Gerais
Qualquer pessoa com suspeita de perda auditiva deve comparecer à Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Estratégia da Saúde da Família (ESF) mais perto de onde mora ou trabalha. O paciente será encaminhado  e passará por avaliação pelo otorrinolaringologista. Com uma equipe multidisciplinar especializada, composta por Fonoaudiólogos, Médicos, Assistente Social e Psicólogo, o Programa de Promoção e Prevenção da Saúde Auditiva, tem como objetivo atender a pessoa com deficiência auditiva que depende de qualificação de processos e avaliação diagnóstica, tratamento clínico, seleção, adaptação e fornecimento de aparelhos de amplificação sonora individual, assim como acompanhamentos e terapias fonoaudiológicas.

Os serviços realizam diagnóstico, seleção, fornecem o aparelho (de acordo com a necessidade do paciente), acompanham seu uso e oferecem terapia fonoaudiológica. A proposta é que o paciente retorne ao serviço pelo menos uma vez ao ano para verificar o funcionamento do aparelho e fazer nova avaliação audiológica.

Entre a chegada ao serviço e o recebimento do aparelho de surdez, o prazo é de seis meses – sendo o último destinado aos testes práticos com o equipamento. O paciente deve comparecer periodicamente. Após quatro anos de uso, adultos têm direito à troca de aparelho. Para crianças, esse período é de até dois anos. Também há reposição gratuita para casos de roubos, mas é preciso apresentar o boletim de ocorrência.

Além destes procedimentos, o paciente tem no Programa de Promoção e Prevenção todo o acompanhamento no que diz respeito ao processo de adaptação dos aparelhos auditivos. Sempre que necessário, são realizados ajustes e/ou reparos nos aparelhos auditivos, encaminhamentos e orientações.

9-E na rede privada?
Na rede privada, além de comprar os aparelhos, que custam entre R$ 2 mil a R$ 6 mil, é preciso arcar com os gastos com consultas e exames. A audiometria completa custa cerca de R$ 160. O BERA (sigla do nome em inglês), um exame específico que avalia a integridade das vias auditivas até o tronco cerebral, varia de R$ 300 a R$ 500.

10-Como funcionam esses aparelhos auditivos?
Os aparelhos para deficientes auditivos contam com a finalidade de melhorar o desempenho dos canais auditivos humanos, apostando em tecnologia digital para que os sons possam ser identificados com uma maior facilidade. Este aparelho ocupa um papel fundamental na comunicação dos deficientes auditivos, principalmente por ajudar a realçar sons importantes para que se possa compreender a fala.

Existem vários modelos de aparelhos auditivos bastante conhecidos, na área médica os chamados retroauriculares e intracanais. Ambas possuem nas estruturas um microfone, além de amplificador e alto falante que poderão desenhar a função de ampliar o som que é transmitido aos ouvidos.

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