Da Redação

 

A cidade de Araguari vive o luto e a tristeza pelas vítimas fatais e feridas do acidente ocorrido com um ônibus da Real Expresso, no trevo de encontro entre as MG’s-413 e

223, ocorrido na madrugada de terça-feira, 8 de abril. Dez vítimas foram identificadas, em um trabalho importante da Polícia Civil ao lado do Instituto Médico Legal de Araguari.

 

Ao longo da noite de terça-feira, novas informações foram chegando, bem como correções de informações passadas no momento do acidente, quando as vítimas estavam recebendo atendimento médico nos hospitais de Araguari e no hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia.

 

Estão confirmadas 11 mortes, e segundo a Polícia Rodoviária Estadual, na lista constam duas crianças de 2 e 6 anos, que eram irmãs, três homens entre 40 e 69 anos, além de duas mulheres de 53 e 56 anos. Uma mulher identificada como Sueli Dias Pereira Fernandes, 56 anos, foi a óbito, durante atendimento no HC/UFU.l, além de outras três mulheres de 52, 53 e 56 anos.

 

Uma notícia também apurada relacionada ao acidente é que entre as pessoas feridas está uma mulher, que estava grávida de oito meses, que teve um dos braços amputados e precisou ser encaminhada com urgência para o HC/UFU. A equipe médica detectou que a mulher precisou passar por um parto de emergência, dando à luz a uma bebê, que nasceu com 1,4 kg e o quadro é estável.

Ela permanece internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal e respira com a ajuda de aparelhos. A mulher não teve o nome revelado atendendo um pedido da família.

 

O marido da mulher e pai da bebê, fez um relato do ocorrido no momento do acidente, contando que estava dormindo, e acordou com os gritos de sua esposa. “Eu só escutei os gritos. Levantei meio atordoado e ajudei a estourar a saída de emergência. Consegui tirar minha esposa do ônibus. Eu vi muita coisa feia, crianças e adultos presos às ferragens. Uma mulher me pediu socorro, mas eu não consegui ajudá-la. Havia outra criança com o braço preso embaixo do ônibus, não havia o que fazer”, relatou a vítima.

 

Com relação às crianças que tiveram morte instantânea no acidente, o trabalho realizado pelo Instituto Médico Legal e a Polícia Civil identificaram que são duas meninas: Laura de Costa Negreiros e Lorena de Costa Negreiros, de seis e dois anos, as quais são irmãs de um bebê de seis meses. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o bebê de seis meses está internado com sua mãe, que teve uma fratura na clavícula, e segue internada no Hospital Universitário Sagrada Família, em Araguari.

 

Quanto as vítimas fatais, a identificação de 10 corpos foi feita na cidade de Araguari, em um trabalho que virou noite a dentro no Instituto Médico Legal. Nove dos corpos foram identificados em Araguari e um corpo em Uberlândia:

 

Rogério Ribeiro de Queiroz – 41 anos – natural de Goiânia

Elhadi Ahmed Khalifa – 69 anos – estrangeiro (Líbia)

Kleyton Serra da Silva – 40 anos

Sueli Dias Pereira Fernandes – 56 anos

Suely Maria de Araújo – idade não informada

Francini Batista Rodrigues Marcondes – idade não informada

Nilda Helena de Paula – 53 anos

Laura Costa de Negreiros – 6 anos

Lorena Costa de Negreiros – 2 anos

Maria Catarina da Silva – 62 anos – morava em Ribeirão Preto.

 

A reportagem da Gazeta do Triângulo acompanhou o trabalho durante esta quarta-feira, 9, da Polícia Civil, e esteve novamente no Instituto Médico Legal e na Unidade de Pronto Atendimento de Araguari. Entre os contatos, a reportagem conversou com J.H.F. 52 anos, que é irmão de uma das vítimas fatais do acidente. “É uma tragédia para todas as famílias que tiveram perdas e pessoas feridas. Estou aqui aguardando a liberação do corpo da minha irmã, que infelizmente está entre as vítimas fatais. É uma tristeza muito grande”, destacou.

 

 

INVESTIGAÇÕES

 

A Polícia Civil de Minas Gerais, representada pela 4ª Delegacia Regional, iniciou as investigações a partir do momento em que os peritos trabalharam no local do acidente, realizando os levantamentos de praxe.

 

O motorista do ônibus não sofreu ferimentos e não teve o nome divulgado. A PC informou que conduziu o motorista para a delegacia de plantão de Araguari para prestar depoimento e que depois ele foi liberado, pois, segundo a polícia, não havia elementos para a prisão e também porque o motorista prestou socorro às vítimas.

 

O Delegado Regional, Luciano Alves dos Santos, destacou em entrevista que não se pode afirmar nenhum fato correto que tenha provocado o acidente. “Vamos esperar as investigações e a perícia no veículo, bem como as provas que pedimos para identificar realmente o que ocorreu para que o motorista perdesse o controle. É um

senhor de 58 anos, trabalha a mais de 30 anos, como motorista profissional e fazia essa rota uma vez por semana”, destacou o delegado.

 

Foram solicitadas pela PC junto ao Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), imagens do radar de velocidade no trecho. Outro trabalho importante foi realizado pela Polícia Civil no auxílio prestado ao IML durante a identificação dos corpos.

 

Falando na apuração dos fatos, o engenheiro mecânico Alessandro Ártico, em entrevista à equipe de reportagem do G1/Globo afirmou que o ônibus teria saído atrasado da rodoviária de Goiânia, em uma das paradas que fez após sair de Anápolis (GO) com destino a São Paulo (SP), e que o ônibus estava em alta velocidade na hora do acidente. “Nós saímos já com atraso. O motorista, na imprudência, estava em alta velocidade. Ele chegou a declarar em uma parada que iria acelerar para tirar o atraso, que iria pisar no acelerador. No momento do acidente, dentro do ônibus, era uma cena de terror, braços amputados, crânios esmagados, crianças chorando”, relembrou Alessandro.

 

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informou que o ônibus estava com a documentação e os

cadastros regulares para o transporte interestadual de passageiros. Disse ainda que instaurou processo administrativo para monitorar o caso e fornecerá todas as informações necessárias às autoridades de segurança pública para apoiar as investigações.