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Dunga e a Neymar-dependência

ter, 16 de junho de 2015 08:41

O assunto do dia em todas as rodas, rádios, tvs, redes sociais, padarias e oficinas é a tal Neymar-dependência.

Todo time, inclusive os grandes times da história, dependem do craque excepcional.

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Que seria da Hungria sem Puskas, da Holanda sem Crujyff, do Real sem Di Stefano, da França sem Platini ou Zidane, e assim vai?

O Brasil também já teve seus craques essenciais. Em 38, por exemplo, Leônidas da Silva, o Diamante Negro, cuja ausência no jogo nas semifinais com a Itália, até hoje é considerada pelos historiadores como fundamental para a derrota que nos tirou a chance de disputar o título mundial pela primeira vez na nossa história.

Na década seguinte, Zizinho, o mestre Ziza, era a pedra de toque do nosso time, assim como Pelé e Garrincha o seriam a partir da conquista da Suécia. E que dizer de Romário, em 94, e Ronaldo em 2002?

Agora, é a vez de Neymar, esse extraordinário jogador de bola, tão extraordinário que cava um abismo entre seu futebol e o dos demais companheiros, o que acentua a impressão de que o resto da turma é composta por atletas de segunda categoria.

Não é bem assim. Nesse elenco atual da Copa América, há jogadores de bom e até excelente nível técnico. Só pra citar um: William, que vem jogando o fino e se destacava no jogo de estreia contra o Peru, quando foi indevidamente sacado do time no segundo tempo.

Tanto isso é mais verdade que os demais jogadores, além de Neymar, chegaram a brilhar, como time, em vários amistosos anteriores à Copa América, mais especificamente contra França e Argentina.

Desconfio que se trata mais de sintonia fina entre a visão do treinador sobre o enfoque tático do time, as exigências dos novos tempos que se confundem com as de sempre e a escolha dos jogadores certos para o cumprimento desses desígnios.

Dunga, depois de sinalizar em amistosos anteriores com a alternância entre a defesa alta e a consequente troca de passes no campo adversário e o mero contragolpe, parece ter optado pela segunda alternativa como única.

Ora, plantando o time lá atrás o tempo todo, só lhe resta uma opção: bola pra Neymar, que ele resolve de um jeito ou de outro. Dessa forma, exalta-se o poder do craque e subtrai-se o envolvimento dos demais companheiros do meio de campo pra frente.

Jamais deixaremos de depender do talento de um Neymar, qualquer que seja a formação ou conceito de jogo. Mas, se Dunga revir seus conceitos, por certo essa dependência será reduzida.

Alberto Helena Júnior – Gazetaesportiva.net

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