Direito e Justiça – Combatendo as drogas
qui, 17 de julho de 2014 00:00= A defesa contra elas faz-se pelo seu conhecimento =
* O uso e o consumo de drogas é, hoje, considerado uma doença social e epidêmica, sendo como tal considerada pela Organização Mundial da Saúde – OMS.
* Motivos que levam ou induzem ao uso de drogas:
· Curiosidade (7 em 10 );
· Ociosidade;
· Imitação;
· Timidez;
· Pressão do grupo;
· Desejo de status;
· Falta de autoestima;
· Desejo de autoafirmação;
· Energias mal conduzidas;
· Falta de perspectiva.
· O que é droga?
Depende. Do ponto de vista médico “drogas” são substâncias usadas para produzir alterações nas sensações, no grau de consciência e no estado emocional, de acordo com a cartilha da Secretaria Nacional Antidrogas.
Essa definição inclui maconha, cocaína, heroína, mas também café, chocolate e Prozac, sem falar no álcool e no cigarro.
Do ponto de vista legal e jurídico, existem as drogas livres, que qualquer um pode comprar sem controle (álcool e cigarro); as de uso controlado (que podem ser compradas com receita médica); e as ilegais.
O que impressiona é que não há nenhum critério técnico que justifique a inclusão das substâncias em uma ou outra categoria. “À luz da Ciência, não há ponto de corte”, diz o Psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, Coordenador do Programa de Orientação e Assistência a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo.
Heroína e cocaína causam dependência? Sim. Mas a nicotina, presente no cigarro que qualquer criança pode comprar na esquina, é, disparada, a droga com maior poder de criar dependência.
Segundo a ONU, 1,5 bilhão de pessoas são dependentes de drogas ilegais. Além disso, algumas drogas ilegais, como o LSD, não causam dependência.
As drogas ilegais são proibidas porque causam danos à saúde? Evidente. Mas álcool e cigarro são as substâncias que mais matam no Brasil, segundo o Médico Fábio Mesquita. “Não há lógica nenhuma na legalização ou não”.
Na verdade, a classificação das drogas muda de acordo com o lugar e o momento. “Muitas substâncias hoje ilegais foram usadas durante milhares de anos para tratar dor e angústia mental e dar prazer”, diz o Historiador Richard Davenport-Hines. Em seu livro The Pursuit of Oblivion (A Busca do Esquecimento, obra inédita no Brasil), ele lembra que, há poucas décadas, nos Estados Unidos anfetaminas e outras drogas foram consumidas por donas-de-casa infelizes, homens de negócios e “até pelo Presidente americano John F. Kennedy, quando tinha que se encontrar com líderes estrangeiros”, escreveu.
FONTE: SUPER INTERESSANTE, Ed. nº 172, janeiro/2002.
· Duelo de idéias. Conheça os argumentos de quem defende a criminalização e os de quem o combate.
Por que usar drogas deve constituir um crime
1. Fazem mal à saúde.
Maconha provoca câncer, cocaína aumenta as chances de isquemia e ataque cardíaco.Além disso, o uso de drogas reduz a autoestima e aumenta a chance de depressão.
2. Causam dependência.
Cocaína, heroína e maconha causam vício com o uso frequente. Estatísticas indicam que até 10% dos usuários de maconha ficam dependentes.
3. Incitam à violência.
Na Holanda, 5.000 dos 25.000 dependentes de drogas são responsáveis por cerca de metade dos crimes leves. Na Inglaterra, eles respondem por 32% da atividade criminal.
4. As drogas mais leves levam às mais pesadas.
Quase todos os usuários de drogas pesadas consumiram maconha. O governo americano diz que fumar maconha aumenta em 56% a chance de consumo de outra droga.
5. Sem punição, o uso vai aumentar.
A Holanda liberou o uso de maconha e ele subiu 400%. Nos Estados Unidos, o uso de álcool caiu 50% com a Lei Seca (1920-33) e só voltou ao nível anterior em 1970.
6. Causam prejuizo à sociedade.
Usuários de drogas consomem mais recursos do sistema público de saúde e têm produtividade menor.
7.Pervertem quem as usa.
O uso da droga transforma pessoas produtivas em indolentes, responsáveis em inconseqüentes, cidadãos em párias.
Por que as drogas devem ser descriminalizadas
1. A criminalização faz mal à saúde.
Tratar o uso como crime mantém os usuários longe do serviço de saúde. E o produto ilegal, vendido sem controle, é tão perigoso para a saúde quanto remédio sem bula
2. Repressão não cura dependência.
Criminalizar o uso afugenta os usuários ocasionais, mas não os viciados. E encarcerar dependentes não os livra da droga. Há tráfico nas cadeias.
3. A criminalidade cairia.
A maior parte dos crimes relacionados a drogas decorre do comércio ilegal, não do uso ou do efeito psicoativo das substâncias. Além disso, o tráfico financia a compra de armas.
4. As drogas mais leves não levam às mais pesadas.
As pesquisas que fazem essa associação não são conclusivas. Como explicar, por exemplo, que a maioria das pessoas que usa maconha não migra para drogas mais pesadas?
5. Descriminalizar reduz os danos.
Descriminalizar não significa liberar, apenas parar de tratar o usuário como criminoso. A droga pode continuar proibida e o uso pode ser combatido com campanhas educativas.
6. A sociedade nada ganha com a criminalização.
Hoje, quem lucra são os produtores, os traficantes, o mercado financeiro, a indústria de armas e as forças de repressão.
7. Cada um faz o que quer consigo mesmo.
Ninguém tem o direito de dizer o que cada pessoa faz com o próprio corpo, desde que não cause prejuizo a ninguém.
* Rogério Fernal:
Juiz de Direito aposentado. Ex Professor Universítário de Direito, Advogado militante, Mestre Maçom, conferencista e articulista
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