Coluna: Direito e Justiça (21/09)
qui, 21 de setembro de 2023 08:09Direito e Justiça:
Don`t touch me…!
(Não me toque!)
Parte I:
– Don`t touch me! — disse a moça raivosamente ao meu grande e dileto amigo, o Professor Pedro Chagas filho. Não me toque! Foi lá na América – eles dão a si este gentílico pomposo e indevido –, quando turistava com sua família nas terras ianques.
Pois, é! A propósito desse episódio – risível, mas não corriqueiro para nós, brasileiros — é que me veio a intenção de relatar o “causo”, o primeiro dos muitos que doravante irei contar-lhes. Don`t touch me, traduzindo do inglês, “não me toque”, “não me encoste”, “não ponha a mão em mim”, e por aí afora…
O Professor Pedro Chagas filho — a quem eu chamo de um homem multifuncional, o Leonardo da Vinci aqui de Araguari – contou-me que, em Nova York, teve o azar, má sorte mesmo, de pôr levemente a mão, sem nenhuma má intenção, mas tal qual entre nós ocorre, no ombro de uma atendente, ou garçonete (tanto faz aqui), para expressar-lhe satisfação pelo atendimento ou cortesia. Enfim, são detalhes…
Ah, Para quê? A reação da moça, ou da funcionária, foi de uma extrema agressividade nos gestos, com ódio nos olhos, até feroz, fogo nas ventas e para ele inteiramente desproporcional, desnecessária, inusitada e inesperada. Um terrível choque cultural! Para não dizer mais…
– Don`t touch me, don`t touch me…!
O constrangimento do meu amigo, eu nem preciso dizer o tamanho que foi. Penso que nem mesmo soube onde colocar a cara de tamanha vergonha que ficou e sem falar no susto. Nunca mais, com certeza, irá encostar um dedinho em alguém lá fora. Se o fizer, por acidente ou descuido, e como o excelente mestre de inglês que ele é, já deverá gritar, antecipando-se:
– Sorry! I`m so sorry! Pardon, mister, pardon, lady”
E, graças ao Professor Pedro Chagas Filho, eu fiquei muito bem avisado; se um dia eu for lá, jamais deverei demonstrar satisfação ou reconhecimento por serviço recebido, nem mesmo de forma verbal. Melhor será ficar quieto. Lá não é Brasil…!
Parte II:
Outro dia, eu estava caminhando pela rua, dirigindo-me a um restaurante, para apanhar um marmitex para o almoço. No percurso, curto, fui cumprimentado por duas ou três pessoas. Por digressão, digo que mais me conhecem aqui eu Araguari do que eu consigo conhecer e reconhecer pessoas (até mesmo porque não possuo memória fotográfica, infelizmente, e isso é notório); comumente, dizem:
– Bom dia, boa tarde, como vai, Doutor? O senhor está bem?
Dizem isso por bondade e exagero; ainda; insistem em chamar-me de Doutor (não o sou, pois não fiz doutorado) e de senhor (o Senhor está nos céus), mas recebo o cumprimento como um sinal de deferência a um Juiz de Direito aposentado, hoje advogado, que buscou e busca dar o melhor de si e que colhe o que plantou nestes 40 anos de residência em Araguari. Ademais, tratar bem os outros é típico e usual do nosso bom e pacífico povo brasileiro, com raríssimas e não honrosas. exceções
E, automaticamente, se houver proximidade física, sem abuso, toco no braço da pessoa ou no ombro, dando um tapinha, uma leve roçada, querendo com isso expressar reciprocidade, educação ou civilidade. E foi isso o que fiz. Houve mútuo agrado.
Bem, isto aqui no Brasil, é normal, é perfeitamente possível e aceito. Mas na América – e reitero que é como eles se chamam –, não se aceita essa pequena intimidade. Lá há muita separação sectária e racista, por vezes violenta, entre brancos e negros, contra mexicanos, hispano-americanos e imigrantes tidos como indesejáveis
– Coisas reprováveis de uma cultura diferente. Muito diferente!
– Mas, não necessariamente superior e que devemos imitar em tudo.
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Parte III:
É nestas horas, por coisas aparentemente tão pequenas e insignificantes que eu ainda chego a conjecturar e concluo:
– Com todas as suas mazelas, o Brasil e o povo brasileiro ainda são os melhores do mundo. Pelo menos aqui ainda há (alguma) camaradagem…
– Ainda há. Por quanto tempo mais, do jeito que vamos, eu não sei dizer.
As ditas diferenças culturais são por vezes mais do que diferenças culturais, descambando, em verdade, para autênticas barreiras e disputas inglórias. A História nos conta que já ocorreram até mesmo lutas físicas e guerras, que fraturaram e separaram pessoas, povos e regiões, quer distantes, próximas ou até mesmo contíguas.
Países minúsculos apresentam ainda hoje diferenças regionais enormes, gritantes, que chegam a ser absurdas e que farão com que diminuam muito mais. Países grandes mantém-se unidos a fórceps, ou seja, “na marra” e somente aguardam o momento certo para que sejam também desfragmentados….
Quem nos dera o mundo tomasse inspiração na pequena, democrática e progressista Suíça: há quatro idiomas, mas é uma só nação, unida e verdadeira. Ao contrário da Bélgica, também pequena, que é irremediável e lamentavelmente dividida (51% são flamengos que falam o holandês, e 41% são valões que falam o francês e que não se entendem nem mesmo em prol do país).
Isso – as diferenças humanas – provocaram e provocam os separatismos, as secessões, as guerras internas e civis, transformando o mundo em uma autêntica colcha de retalhos, uma panela de pressão sempre prestes a explodir aqui e acolá. A Europa, por exemplo, com o seu tamanho relativamente pequeno em comparação com Ásia, América e África, já tem 50 países. Até agora, pois a tendência é so a de aumentar…
Parece-me que, em vez de estabilizarem-se as fronteiras políticas, em pleno Século XXI, regredimos na História, para voltar ao passado dos reinos e países-anões (no tamanho físico e no resto). As mudanças territoriais acentuam-se de forma incontrolável e começam a pipocar agora na África, já se falando no país dos ianques (Califórnia e Texas, sendo que este até já foi um país) e também sorrateiramente entre nós (o Sul, o Nordeste São Paulo, Amazônia).
Deixarei para discutir isso tudo mais à frente, se eu não for atropelado pelos acontecimentos em curso. Estamos polarizados de uma maneira irresponsável e até ridícula, opondo brasileiro contra brasileiro, irmão contra irmão. Tanta luta nestes quinhentos e poucos anos terá valido a pena..? Para que venham agora nos dividir…?
Por enquanto, ficarei por aqui:
– Don`t touch me para eles.
– Para nós, o apeto de mão, o tapinha no braço ou no ombro, o abraço.
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P. S. :
– O meu amigo — um autêntico sensei – Professor Pedro Chagas Filho sempre eleva muito o meu astral, quando nos encontramos. Não economiza nos elogios e mantém esta Coluna DJ nas alturas. É um dos meus maiores incentivadores, se não o maior, um alicerce para que eu continue a escrever, desmentindo-me, quando penso que ninguém a lê, que ninguém se importa.
– Segundo ele, envia os textos semanais para diversas partes do Brasil, dizendo-me que até professores – como ele – valem-se dela, discutindo os assuntos trazidos e até a qualidade (sofrível) do Português empregado. Sei que não mereço, que é bondade dele, de um amigo sincero e verdadeiro, mas é bom ouvir. Acalenta e, sem falsa modéstia, envaidece.
– Muito obrigado, amigo!!! Você é um bom sobrinho .`.
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Eu já vi um brasileiro que mora lá contando essa história de que alguém encostou em uma moça e deu o maior problema até que foi explicar.
Se bem que os americanos gostam de tocar nas brasileiras, dizem que é só ver que é brasileira eles querem passar a mão.
Eles têm uma cultura diferente da nossa por serem voltados mais para o protestantismo, eles não tem muito essa coisa de relacionamento extra conjugal, a maioria são tipo família, exceto a classe de artistas que foram sempre diferentes e vivem fazendo trocas, muita coisa é questão de colonização. O racismo deles é aberto e o nosso é pior que é fechado.
Tem pessoas que não namoram com gente que tem o mesmo tom de pele deles de jeito nenhum, eu não sei se é preconceito ou se é porque quer mostrar que tem capacidade para namorar e casar com alguém de cor oposta. Isso acontece muito entre os famosos principalmente daqui. Já nos Estados Unidos é muito difícil eles se misturarem, mesmo entre os famosos. Tem um Estado aqui no Brasil que ganhou uma Miss de cor negra e foi o maior preconceito com os revoltosos xingando a moça. O pior de tudo é que as próprias pessoas se discriminam. Os americanos dizem que os brasileiros só tem amizade entre um pequeno grupo de seu núcleo de amizades e não se importa com as outras pessoas, mas no passado eles não eram assim, eles eram mais humildes, o americano gosta de privacidade entre a família.