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Coluna: Direito e Justiça (08/10)

qui, 8 de outubro de 2020 09:45

Abertura-direito-e-justica

Diversidades:

 

  • Para o nosso presidente será muito melhor a vitória de Donald Trump.

 

  • Para o Brasil (com juízo) e o mundo será muito melhor a vitória de Joe Biden.

 

  • Os negacionistas mais conhecidos já se infectaram com o coronavírus.

 

  • O nosso presidente, o presidente dos ianques e o primeiro-ministro do Reino Unido.

 

  • Todos os três negaram, em algum momento, a seriedade da pandemia e o valor profilático e protetivo da máscara facial. Têm suas respectivas lideranças sob xeque.

 

  • Na política, não se vence mais um debate televisivo com hipocrisia, aleivosia, grosseria, exibicionismo, palavras e argumentos estereotipados. Não mais…!

 

  • Se o nosso país não quer mesmo assumir as suas responsabilidades ambientais, fazendo isso em face de um agronegócio egoísta e insustentável, então que não reclame das represálias internacionais que cedo ou tarde haverão de vir.

 

  • Com essa absurda e injustificável quantidade de feriados e de feriadões, o Brasil almeja o quê? Certamente não irá recuperar-se facilmente e tão cedo das sequelas advindas dessa pandemia. Winston Churchill, em 1942, chegou a nos chamar, a nós brasileiros, de “porcos preguiçosos”. Vamos dar razão a ele?

 

  • Dizem por aí e à boca pequena que um político demagogo e mentiroso, como tantos outros, estava a discursar, enfatizando que, se fosse eleito, haveria vinte e sete  (27) dias de férias em cada mês. Lá de trás, alguém perguntou: “o sobre as férias o que o senhor tem a dizer?” Pois, é…!

 

  • A quantidade de candidatos, assim como de partidos políticos é um retrato fiel da situação política ridícula em que nos encontramos atolados. Pelo menos três mil (3.000) candidatos (a prefeito, vice-prefeito ou vereador)  intitulam-se “pastores”. Será que eles possuem um preparo teológico mínimo ou simplesmente puseram uma bíblia debaixo do braço e alugaram um galpão para arrebanhar incautos e recolher dízimos e ofertas? Sem recolher impostos, é claro!

 

  • Não espero qualquer progresso após essas eleições. Temo, sim,  pelo retrocesso!

 

O presente do velho samurai:

 

Um inigualável samurai japonês, já velho e inapto para as artes marciais, fundou uma escola, disposto a transmitir, ainda antes da sua morte, os seus inestimáveis conhecimentos.

Certo dia, apresentou-se diante daquela escola — que se situava exatamente na praça central do vilarejo — um jovem e afoito samurai, o qual, sedento de glória, desafiou aos gritos o grande e velho mestre e sensei, por sinal o mais afamado  dos samurais japoneses, o guardião do Código Bushido, repositório dos preceitos de disciplina, de honra e de ética seculares e inatacáveis.

– Venha, velho, vamos lutar até a morte. Ao vencedor, glória, a fama e o dinheiro! Ao perdedor, a desonra!

O velho, sem dizer palavra, seguido por todos os seus alunos e por uma turba que só fazia aumentar, deixou o recinto sagrado da escola, sentou-se no meio da praça e ali ficou estático, mudo, paciente.

Enquanto isso, desesperava-se o jovem samurai, que brandia a espada mortífera dos samurais, curva e de dois gumes, vociferando impropérios de toda sorte. Sabia o jovem que, sem que o seu desafio fosse aceito, não poderia dar início ao combate, não poderia atacar o mestre samurai, nem tocá-lo, nem ferí-lo, sob pena de ser considerado simplesmente um assassino, e não o hábil e heróico vencedor de uma luta justa.

Depois de muitas horas, já pelo início da noite, atônitos todos os circunstantes, quieto e mudo o velho samurai, cansado e exaurido o jovem, este, vendo que nada conseguiria, retirou-se do local, cabisbaixo e humilhado. O seu desafio não fora aceito.

Vieram as recriminações:

Mestre, sensei, que decepção, que vergonha para todos nós que o amamos e que o respeitamos tanto! O senhor não reagiu: nada fez, não lutou e não sobreviveu ou morreu com honra, e aquele jovem miserável o insultou por horas seguidas perante todas estas pessoas …

Prudentemente, responde-lhes o ancião:

– Filhos, eu lhes pergunto: quando alguém lhes oferece um presente e vocês não o aceitam, com quem fica o presente?

Responderam todos:

– Com aquele que nos ofereceu o presente, isto é claro, mestre!

Tornou o velho sábio:

– Pois muito bem, meus filhos. Em nenhum momento eu aceitei o presente daquele pretensioso jovem, que terá ainda muito que aprender, se a sua violência incontida não o ceifar rápida e prematuramente. Quis ele presentear-me com insultos, arrogância, prepotência, imprudência e muitos outros males. Recusei-os todos, e os presentes que ele me trouxe e que me queira dar ficaram e voltaram, todos, com ele.

P. S.: SENSEI – a palavra sensei é usada tanto para professores quanto para médicos. Além de chamar os professores pelo nome da profissão, sensei em japonês também é um título de honra para pessoas que ensinam algo ou são especialistas em sua área de atuação.

Além disso, sensei é usado para políticos e escritores. Designa também um maestro, um sábio, uma pessoa douta, honrada e respeitável.  Devo lembrar que os idosos no Japão e na China merecem muito mais respeito, atenção e carinho do que os anciãos aqui no mundo ocidental, onde muita vez são encarados com indiferença e até considerados um estorvo pelos mais jovens.

Mais: no Japão, o professor é a única pessoa que não se inclina perante o Imperador. Recentemente, na Alemanha, quando magistrados, promotores e agentes de segurança pública pediram equiparação salarial com os professores, a chanceler Ângela Merckel deu-lhes um sonoro não. E justificou, dizendo simplesmente que não poderia equiparar os requerentes aos mestres que os ensinaram a ser quem eles eram.

 

 

Moral dessa estória:

 

Ninguém é obrigado a receber um presente que não quer ou que não lhe agrada.

Certamente não terá sido por medo ou covardia que o velho samurai recusou bater-se com o jovem que o provocava, pois, a sua imensurável experiência de combate nas artes marciais superaria em muito a diferença de idade entre ambos.

Ao sensei interessou muito mais dar uma lição ao jovem e aos seus alunos. Uma lição inestimável de paciência, de comedimento, de controle e de superação.

 

O presente de Dona Beja:

 

Dizem que o fato é histórico. Todavia, se não for, é pelo menos emblemático. Teria sido assim:

Dona Beja, certa vez, recebeu de uma das mulheres da sociedade da terra onde residia, um presente insólito: um cesto cheio de esterco de vaca.

O que fez a Beja?

Tomou do esterco e com ele adubou o seu canteiro de rosas. Mais tarde, aproveitando-se do cesto, colhidas muitas e belíssimas rosas, todas elas fartamente estercadas, fez um exuberante arranjo com rosas de várias cores, remetendo de volta o cesto para a autora da façanha, com o seguinte bilhete:

– Recebi com emoção e agrado o seu presente. Pois, na verdade, cada pessoa somente pode dar às outras aquilo que tem. Nada mais. Foi-me muito útil o seu esterco e aproveitei-o, todo, para adubar o meu jardim, de onde colhi essas belas rosas que lhe ofereço com prazer e que poderão enfeitar a sala da sua linda casa. Obrigada. Beja!

 

 

Moral dessa estória:

 

 

Ninguém pode presentear com aquilo que não tem.

Se a pessoa tem esterco, somente poderá dar esterco. Se a pessoa tem rosas, somente poderá dar rosas em troca. As ofensas, quando não são recebidas, ficarão sempre com aquele que as proferiu. Por isso, tem inteira razão aquela música, quando diz:

“… fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas, nas mãos que sabem ser carinhosas …!

 

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