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Coluna: Da Trinuna (11/12)

sáb, 11 de dezembro de 2021 10:29

A importância da agricultura familiar

 

Doorgal Andrada

Deputado Estadual

 

Diante de uma mesa posta para o almoço em casa ou de um prato ou buffet de um restaurante, dificilmente alguém vai se questionar sobre a origem daquele alimento que será consumido da refeição. Há até graça no caso de crianças dos centros urbanos que pensam que tudo vem do mercado que, afinal de contas, é onde elas veem a comida ser comprada. Adultos, sabemos que há a produção agropecuária, as indústrias alimentícias e toda a cadeia do agronegócio, mas será que realmente conhecemos a origem daquilo que consumimos?

Estima-se que 70% de todo alimento consumido no país é produzido pela agricultura familiar. De acordo com o Censo Agropecuário de 2017, levantamento feito em mais de 5 milhões de propriedades rurais de todo o Brasil, 77% dos estabelecimentos agrícolas do país são classificados como da agricultura familiar, ocupando uma área de 80,9 milhões de hectares, o que representa 23% da área total das propriedades agropecuárias brasileiras.

Ainda segundo o Censo, a agricultura familiar emprega mais de 10 milhões de pessoas, equivalente a 67% do total de pessoas ocupadas no setor. A modalidade também é responsável por 23% do valor total da produção dos estabelecimentos agropecuários. Ainda, para se ter uma dimensão do peso dos pequenos estabelecimentos, eles respondem por 48% do valor da produção de café e banana e por 42% do valor da produção de feijão.

Em outras palavras, mesmo que beneficiados e embalados por uma indústria, é muito grande a chance de que aos alimentos da refeição citada na abertura deste artigo sejam oriundos da agricultura familiar. É importante ressaltar que, de acordo com a Lei nº 11.326/2004, “é considerado agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que produz em área de até quatro módulos fiscais (de 20 a 440 hectares, dependendo do município), mão de obra da própria família, percentual mínimo de renda familiar originada de atividades econômicas do seu estabelecimento e gerenciamento do estabelecimento ou empreendimento pela própria família”.

Dessa forma, esses alimentos são produzidos, em sua maioria, por sitiantes e pequenos fazendeiros, muito ligados ao município onde a propriedade está localizada e que vendem sua produção diretamente para o consumo local ou para empresas beneficiadoras. A diversidade da produção, a conexão com a cultura local e práticas de cultivo e manejo sustentáveis são também características da agricultura familiar.

Essas características contribuem não só para a preservação ambiental, mas também de espécies vegetais tradicionais, ligadas à cultura local, e que podem não ser interessantes para a produção em larga escala por questões de produtividade ou valor de mercado.

A agricultura familiar conta hoje com programas específicos de apoio, como o Pronaf, que tem diversas modalidades de financiamento, inclusive para a “agroindústria familiar”, e o PAA, que se destina à aquisição e distribuição de alimentos produzidos nessa modalidade. Dada a importância da agricultura familiar, porém, é necessário apoiar toda e qualquer iniciativa que dê mais recursos e segurança para quem nos garante diversidade e qualidade, ou seja, que tem papel preponderante na segurança alimentar de todos nós. É importante caminhar para termos mais certificações de origem, identificação das propriedades produtoras e valorização da produção local.

Quando estiver à mesa, lembre-se desse “segredo” sobre a origem dos alimentos e valorize o trabalho do agricultor familiar!

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