A história de sucesso de uma das maiores personalidades de Araguari
qua, 6 de janeiro de 2021 09:19Por Luiz Muilla
Darli Jeová do Amaral nos deixou no último dia do ano de 2021. Uma partida que comoveu Araguari e várias partes do país, em razão do renome alcançado em sua brilhante história. A saudade marcante será eterna, junto com a certeza de que este grande homem executou com maestria sua passagem por esta terra.
No início da década de 40, período de grandes mudanças no então pacato município de Araguari, que ainda dava seus primeiros passos rumo ao desenvolvimento, nascia aquele que seria, mais tarde, um dos maiores empresários da área de comunicação da região: Darli Amaral.
Em 17 de junho de 1942, a família Duarte Amaral festejou a chegada de mais um integrante em seu abençoado lar, constituído com muito amor pelo casal Jesus Jeová do Amaral e Geralda Duarte Amaral.
Sua estada inicial em Araguari foi bem curta, pois seus pais o levaram para a pequena, porém aconchegante Grupiara, que o recebeu de braços abertos, constituindo-se também, ao longo do tempo, sua terra natal.
Seu pai, sempre afeito ao trabalho, tinha um pequeno comércio naquela localidade; sua mãe, agente postal dos Correios e Telégrafos na cidade de Grupiara e abnegada dona de casa, dedicou sua vida à criação e proteção dos filhos. Casal simples, sem grandes pretensões, mas de preocupação constante com a educação dos filhos. Os pais faziam de tudo para lhes dar o melhor no campo da formação educacional, orientando e incentivando-o a receber os melhores ensinamentos para trilharem no caminho reto. Foi nesse ambiente de carinho, amor, fraternidade e respeito que Darli passou toda sua infância, registrada por momentos inesquecíveis, que hoje reavivam sua memória e afloram a saudade daquele tempo de travessuras, futebol, brincadeiras, pescarias, campeonatos de bolinhas de gude, festejos populares e outras comemorações de sua querida Grupiara, onde sempre esteve rodeado por amigos e familiares.
Incentivado pelos pais, sempre em busca de um futuro melhor e promissor, dedicou-se desde cedo aos estudos. E foi na Escola Reunidas, em Grupiara, que tudo começou.
Da inesquecível Escola Reunidas, onde completou o primário e muito aprendeu com sua única professora, dona Antonieta, Darli Amaral seguiu para o saudoso Colégio Regina Pacis, em Araguari, maior referência educacional da época para a formação de rapazes.
Foi em um ambiente de estudo rigoroso, disciplina elevada e dedicação extrema aos estudos, sob a direção dos padres vindos da Holanda, que Darli fez, em regime de internato o curso ginasial, para depois ingressar na Escola Estadual Professor Antônio Marques, instituição em que concluiu o primeiro ano clássico, atual ensino médio.
Com toda intensidade e energia, passou a sua adolescência em Araguari, onde se destacou pelo alto astral e espírito inovador.
Como já havia traçado seu caminho em busca de seus sonhos e desejos, ao completar 19 anos seguiu para São Paulo, o maior centro do país. Foi naquela grande metrópole que Darli provou ainda mais a sua capacidade, desprendimento e inteligência, conciliando estudo e trabalho, para se formar no curso de Contabilidade.
A dedicação ao trabalho e invejável determinação em busca de suas aspirações, fizeram Darli Amaral conquistar cargos em conceituadas empresas de renome nacional, sendo elas: Companhia Comercial de Vidros do Brasil, General Elétric e Douglas Radioelétrica.
Foi na General Elétric que teve a oportunidade de realizar um importante curso que versava sobre contabilidade, controle de custos e gerência empresarial, o Business Trayning Course. Pouco depois, promoveu a implantação do sistema de custos na Empresa Douglas Radioelétrica, o que lhe rendeu deferências, respeito e admiração de sua equipe de trabalho.
Seguindo seus sonhos e decidido a atingir novas metas, Darli Amaral, não satisfeito na cidade de São Paulo, mudou-se para Goiânia, onde iniciou o curso de Direito na Pontifícia Universidade Católica de Goiás, e começou a trabalhar na Cical S/A – Indústria e Comércio, nas funções de contador e gerente financeiro. Convidado para trabalhar na Esso Brasileiro de Petróleo, transferiu-se para a cidade de Uberlândia, local em que concluiu, na Universidade Federal (UFU), o curso de Direito.
Seu espírito irrequieto o chamou para mais um desafio, voltou para Goiânia e graduou-se em Administração de Empresas na Pontifícia Universidade Católica de Goiás.
Sua passagem por Goiânia foi reconhecida pelos relevantes serviços prestados como assessor jurídico da Associação Comercial e Industrial de Goiânia e como diretor administrativo e financeiro da Albuquerque Ferreira Veículos S/A. Destacam-se ainda, nesta época, suas passagens pelas empresas Arte Propaganda S/A e Eletro Foto Baroni Ltda, como diretor administrativo e financeiro.
No início da década de 70, uma nova fase começou na vida de Darli. O amor se fez presente e promoveu a sua união com a jovem, bela e grandiosa companheira Vanda Maria Monteiro Amaral. Unidos pelos sagrados e felizes laços do matrimônio, tiveram três filhos: Luciana, Gustavo e Lucas, que vieram ao mundo trazer ainda mais alegria para o lar daquele jovem casal.
Como fizeram seus pais no passado, Darli também incentivou os filhos ao estudo e ao trabalho. Para sua alegria, todos escolheram a área do Direito: Luciana Monteiro Amaral é Juíza de Direito em Goiânia; Gustavo Monteiro Amaral tornou-se seu sócio no escritório de Advocacia e nas empresas de comunicação; Lucas Monteiro Amaral se formou no curso de Direito pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Mais tarde, Darli Amaral foi aprovado no concurso público para a Secretaria da Receita Federal como auditor fiscal e, ao longo de 26 anos de uma extensa folha de serviços prestados, exerceu as funções próprias de auditor fiscal, supervisor de grupo de fiscalização, assistente de delegado, delegado substituto e delegado. Monitorou curso de auditores fiscais e foi presidente da DS Uberlândia do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal.
Determinado, dedicado e ousado, Darli Jeová Amaral, após sua aposentadoria passou a militar nas áreas tributária e comercial, instalando escritórios de advocacia em vários pontos do território nacional: Porto Velho, Salvador, Brasília, Presidente Prudente, Goiânia, Anápolis e Araguari. Nestes lugares, consolidou sua carreira ao formar vasta carteira de clientes composta por empresas renomadas e personalidades ilustres do cenário nacional.
Mesmo totalmente envolvido na advocacia juntamente com seu filho Gustavo, passou a se dedicar a uma grande paixão: o jornalismo. O amor por esse ofício, que começou tímido, apenas com uma participação societária, foi crescendo e, aos poucos, fez com que Darli Amaral se tornasse o maior empresário da área de Comunicação de Araguari, sua terra natal.
Em 1999, registrou sua participação na EICAL – Empreendimentos Independentes de Comunicação de Araguari Ltda. Depois, assumiu o controle do Jornal Diário de Araguari, ao lado de outros dois sócios.
Com muito esforço e dedicação, dois anos depois, tornou-se proprietário único do jornal e, com muito trabalho, reergueu aquele órgão de imprensa que enfrentava sérias dificuldades financeiras.
Usando seu dom e sua capacidade de administrar, colaborou sobremaneira para que o Diário de Araguari se tornasse um dos veículos de comunicação mais respeitados da cidade e região.
Depois de tanto trabalho, esse arrojado empresário sentiu que era hora de descansar. O ritmo desgastante da redação e os problemas sempre presentes na advocacia provocaram certo esgotamento e a impressão de que, talvez, fosse necessário parar. Assim, em 2003, Darli Amaral passou adiante a administração do Diário de Araguari. Mas o amor e a paixão pela imprensa e a vontade de servir à sua comunidade falaram mais alto.
O tempo em que permaneceu longe da redação serviu apenas para dar novo fôlego a esse homem aguerrido que, um ano depois, surpreendeu Araguari com um novo projeto: a Revista Evidência, lançada em agosto de 2004.
Alguns meses depois, o polivalente Darli Amaral assumiu uma nova empreitada: a administração da Gazeta do Triângulo, o mais antigo jornal de Araguari, que passava por sérias dificuldades. Devido à fragilidade da saúde do saudoso libanês Afif Rade, seu diretor e proprietário, o jornal mais querido e tradicional da região iria sair de circulação. Mas o velho guerreiro, conhecedor da idoneidade e do amor pela imprensa demonstrado por Darli Amaral, concordou em abrir mão da sua paixão: o jornal Gazeta do Triângulo, e disse, ainda: “a este eu entrego o meu Gazeta”.
E foi em dezembro daquele ano que Araguari recebeu o jornal, com quase sete décadas de existência, de cara e linha editorial totalmente novas.
Tanta informação e tantos dons encontrados em um só homem impossibilitam uma definição exata. Enorme é a sua folha de serviços prestados às cidades por onde passou, às pessoas com quem conviveu e a este mundo que o recebeu de braços abertos.
Contador, advogado, administrador de empresas, empresário da comunicação, quantas faces em um homem só! Porém, o mais importante de tudo isso é a pessoa em quem Darli Amaral se transformou. Mais que um trabalhador dedicado, incansável na realização dos seus sonhos e na luta pelo desenvolvimento de sua cidade, seu espírito o fez diferente e especial, também se destacando pela bondade e a fé.
Amigos de mocidade
Wellington Luiz Amaral, primo em primeiro grau de Darli Amaral, conta que seriam necessários ao menos três capítulos de um livro para relatar um pouco da história vivida entre eles. Para Wellington, essa convivência foi um grande privilégio em sua vida.
“Trabalhamos juntos e tivemos uma vida social muita próxima, especialmente na juventude. Futebol, serenatas, viagens e tantas outras diversões. O Darli tinha um sorriso cativante e muito natural. Uma pessoa íntegra em todos os sentidos. Era solidário e parceiro em todas as horas”, revela Wellington.
O primo, que mora em Goiânia, acrescenta que ultimamente não encontrava tanto com Darli, mas ressalta que a perda é irreparável. “Por onde ele passou, deixou muitas amizades, como aqui em Goiânia. Araguari também perde muito, pois o Darli era muito ativo em tudo o que fazia”.
Elton Aguiar, conceituado advogado em Goiânia, tem uma história de quase oito décadas com o amigo Darli, conterrâneos de Grupiara/MG. Foram colegas do primário e do Tiro de Guerra em Araguari, colegas de trabalho e de moradia, e confidentes na alegre juventude. “Jogamos futebol, fizemos serenatas no mesmo Luar, ele se casou com a Vanda, fui testemunha deste encontro de almas. Registro minha saudade, sabendo que o bom Deus abrirá os braços para recebê-lo. Nas lágrimas de sua família coloco as minhas, e aqui vamos vivendo procurando ser dignos de sua amizade”.
Para Elton, a amizade não tem distância, é o amor da alma. “A vida, embora tão imensa, é ao mesmo tempo tão pequena. O Darli na sua trajetória fez tudo valer a pena, viveu intensamente como bom filho, bom esposo, bom pai e bom amigo. Foi um profissional vitorioso, deixou boas lembranças por onde andou, distribuiu sorrisos, cantou melodias de amor, deixou no coração de seus amigos a tristeza de sua partida”.
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Que os sonhos e as realizações desse Araguarino não faleçam e se estendam por bons e longos tempos. A mais sublime forma de honrar o legado.