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Coluna: Direito e Justiça (14/09)

qui, 14 de setembro de 2023 08:11

Direito e Justiça:
Pinga – Fogo:
Sutil diferença:
– LIVRE ARBÍTRIO: é a capacidade de plantar o que você quiser.
– JUSTIÇA: é a obrigatoriedade de colher exatamente o que você plantou.
Tempos difíceis:
– Garçom, que dose de mentira você tem aí?
– Temos: eu te amo, nunca vou te deixar, eu quero você comigo, sinto saudades, e uma que está saindo bastante….
– E qual é?
– Pode confiar em mim.
-Ah¹ Pois, traz tudo de uma vez só. Hoje, eu quero é ficar iludido.
Ao meu cão:
– Nunca vou mudar de casa sem te levar comigo.
–  Nunca te deixarei num canil.
– Nunca te deixarei passar fome.
– Nunca deixarei que alguém te magoe.
– Jamais de abandonarei, quando a velhice chegar.
– Sempre que precisar, eu estarei ao teu lado.
– Simplesmente porque eu te amo e você já faz parte da família.
P. S. : é fácil dizer, o difícil é fazer. Fico abismado de ver – especialmente no Facebook – a quantidade de cães e gatos perdidos e até abandonados, aqui mesmo em Araguari. Uma prova cabal da irresponsabilidade e da maldade de certos tutores e de que pouco ligam para o que acima escrevi.
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No Caminho Com Maiakóvski:
• Eduardo Alves da Costa.
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Na primeira noite eles se aproximam
E roubam uma flor
Do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
Pisam as flores,
Matam nosso cão,
E não dizemos nada.
Até que um dia,
o  mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
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P. S. :
– Trouxe-lhes apenas o trecho mais famoso e divulgado do poema “No Caminho com Maiakóvski”, de autoria de Eduardo Alves da Costa (escritor, poeta e pintor brasileiro). No You Tube, Ivan Lima (ator e diretor teatral, um dos apresentadores do canal Fatos desconhecidos, também no You Tube), declama-o por inteiro e de forma brilhante. Vale a pena ouvir.
– Sua primeira publicação ocorreu em 1985 e serviu como mote da campanha pelas Diretas Já. Em  1964, o poema fora erroneamente atribuído ao poeta soviético Vladimir Vladimirotch Maiakovski, gerando  controvérsia (para não dizer mais).
– Os versos em destaque acima foram amplamente reproduzidos em camisetas, panfletos, locais públicos, enfim, onde pudessem ser lidos e possivelmente assimilados. Há farto material de pesquisa na internet e nas redes sociais, restando-me acrescentar que tudo indica terem voltado à atualidade nas chamadas “democracias relativas” de hoje.
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Os jardins do Califa
  Há mais de mil anos, quando o imperador Carlos Magno reinava no Ocidente, pontificava em Bagdá o glorioso Califa Harrum Al Rashid, Emir dos Crentes, sombra e representante de Alá na Terra.
Após o décimo ano do seu reinado, havia ele concluído a edificação de um magnífico e suntuoso palácio, orgulho de todos os bagdális. Porém, para que a imensa obra restasse inteiramente completa, inserindo-se dentre as maravilhas do seu tempo, era preciso ampliar os não menos maravilhosos jardins que circundavam a construção.
Existia, porém, um obstáculo intransponível, pois, pelo lado oeste, além dos muros divisórios, existia uma tosca e pobre choupana, habitada desde muitos anos por um já quase centenário ancião. Isso impediria inteiramente o projeto ambicioso do Califa, que enviou o seu próprio Grão-Vizir a parlamentar com o velho, propondo-lhe a compra do imóvel por um preço dez vezes superior ao que realmente deveria valer.
Altaneiro, disse o velho ao Grão-Vizir, após dele haver recebido a generosa oferta:
  – Gostaria muito de poder satisfazer o pedido do nosso bondoso e honrado soberano, Alá bem o sabe, grande e santo é o seu nome. Porém, não posso, atendê-lo, pois, neste mesmo lugar em que nos encontramos, viveram e morreram meus avós, meus pais e os meus filhos queridos. Aqui também haverei de morrer. Após isso, o Guia dos Crentes poderá tomar para si esta terra e a casa, fazendo, então, o uso que lhe aprouver.
  O Grão-Vizir, ante a inesperada recusa e em face dos seus termos inacreditáveis, esbravejou ameaçador:
  – Insolente! Como ousas, como tens tu a petulância de enjeitar a proposta do nosso Califa; como te atreves a negar-lhe o teu consentimento, para transferires esta mísera choça, com seu terreno, a fim de que nosso Soberano e Senhor  estenda para estes lados os seus jardins? Pagarás com a tua vida, hás de ver! Espera!
  E, apressado, voltou ao Califa, marrando-lhe todos os fatos e dando a sua opinião, para que se tomasse o imóvel à força, atirando-se o velho nas masmorras.
Sereno, o Califa decretou o seguinte:
  – Proíbo, por mim e por meus sucessores, sob pena de morte, a qualquer dos meus súditos, de molestarem àquele ancião. O casebre ali deverá permanecer, sendo imediatamente reformado às expensas do meu Tesouro, e o velho terá uma pensão anual de cem dinares de ouro, para que possa encerrar os seus dias nesta terra com dignidade e conforto.
E finalizou:
  – Um dia, no futuro, quando ele e eu não mais estivermos aqui, e que Alá seja clemente e  misericordioso, os meus descendentes e o meu povo, olhando para este magnífico palácio, certamente haverão de exclamar: “Harrum Al Rashid foi grande”.
E, rematando:
– Olhando, todavia,  para além dos muros do oeste, e avistando aquela choupana, terão de reconhecer: “Harrum Al Rashid também foi justo”.
FONTE:Lenda do Céu e da Terra —  Malba Tahan.
Sem literalidade absoluta, porque transcrevi de memória.
Comentário pessoal:
Há pessoas que desejam ser grandes e não conseguem assim como existem outras que não desejam holofotes, ou que não fazem questão de brilhar, mas que se sobressaem de todo jeito, porque a grandeza está naturalmente impressa nelas. Principalmente a de cunho moral, a única que, de fato, sobrevive e ultrapassa o tempo.
Assim, também há gente muito rica materialmente, querendo sobressair-se de todas as formas, exibindo-se, alardeando e mostrando seu bens a quem estiver passando ao seu redor. Hoje, nas redes sociais, e alhures, o exibicionismo pedante desses “novos ricos” virou moda e escândalo corriqueiros.
Saber ficar rico honestamente, pelo trabalho e pelo mérito, é para poucos. Conduzir-se com decência e modéstia, praticando a caridade e a solidariedade, quando for possível, é para os que possuem boa índole e alma gentil, análogas às do Califa Harrum Al Rashid, que até hoje é lembrado pelo seu povo como tendo sido um homem correto, justo, e distribuidor da sã e verdadeira justiça.
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1 Comentário

  1. Eliane disse:

    A história do Kalifa é um exemplo de quem quer ser justo e não pisando sobre as pessoas. Antigamente tinha muito isso de pessoas mais abastadas comprar terrenos enormes das pessoas pobres, aqui no centro e pagando uma miséria. Tinha uma pessoa aqui que fazia enterros e ficava com tudo que viúva tinha como casa, tinha que passar tudo para ele.
    Os animais amam ficar perto do dono, se saem um pouquinho logo estão de volta latindo na porta, os gatos são a mesma coisa, logo procuram um jeito de entrar por algum lugar. Morou uma mulher ali onde foi a antiga delegacia e levou o cachorro e o gato, mas todos os dias ela tinha que ir lá buscar os dois que se apegaram a casa. E também tem aquelas pessoas que deixam os animais soltos nas ruas, correndo o risco de morder em alguém e sofrerem atropelamentos.

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