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Coluna: Direito e Justiça (16/07)

qui, 16 de julho de 2020 10:44

Abertura-direito-e-justica

             

Língua Portuguesa:

Última flor do Lácio, inculta e bela

És, a um tempo, esplendor e sepultura:

Ouro nativo, que na ganga impura

 A bruta mina entre os cascalhos vela…

 

 Amo-te assim, desconhecida e obscura,

Tuba de alto clangor, lira singela,

Que tens o dom e o silvo da procela

E o arrolo da saudade e da ternura!

 

Amo o teu viço agreste e o aroma

De virgens selvas e de oceano largo!

Amo-te, ó rude e doloroso idioma!

 

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!`

 E em que Camões chorou, no exílio amargo,

O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

 
 

COLUNA DIREITO E JUSTIÇA:

Essa belíssima, sugestiva e emblemática expressão “Última flor do Lácio, inculta e bela” é o primeiro verso de um famoso poema (soneto) de Olavo Bilac, poeta brasileiro parnasiano, que viveu no período de 1865 a 1918. Esse verso é usado para designar o nosso idioma: “a última flor é a Língua Portuguesa, considerada a última das filhas do latim (este, nascido na região do Lácio, na Itália). Na então longínqua região chamada Lusitânia, hoje o norte e o centro de Portugal, falava-se o “latim vulgar, o latim castrense ou o latim dos soldados romanos.

 

Esse latim vulgarizado (e simplificado) misturou-se com a língua então falada na Península Ibérica e transformou-se, séculos mais tarde, na língua falada pelos Portugueses.  Porém, antes de termos o Português propriamente dito, havia (ainda há) o galego, língua falada na região chamada Galícia (que hoje integra a Espanha, ao norte de Portugal).

 

Com a independência de Portugal no Século XII, a língua desgarrou-se, passando de galego para galo-português e depois para Português, consolidando-se definitivamente como idioma independente nos séculos seguintes. Nos primórdios da nossa língua, surgiram as chamadas “cantigas de amigo” e “cantigas de amor, divulgadas por toda parte por bardos e menestréis, louvando o valor da amizade (fidelidade) e do amor (platônico) cavalheirescos.

 

Precipuamente, o Português consolidou-se de fato no Século XVI, época de ouro do Renascimento Lusitano e das grandes navegações por caravelas e naus, que expandiram os estreitos horizontes dos povos atlânticos europeus, levando o nosso idioma para África, Ásia e América.

 

É extraordinário perceber (e ter que reconhecer) pela análise imparcial e distanciada da História das Nações como é que pôde um país tão pequeno (territorialmente) e de pouca gente (dois milhões de habitantes na época) ser tão grande, tão ousado, tão temerário, a ponto de espalhar sua gente, seu comércio, seus costumes. sua língua ao redor do mundo, gerando um gigante na América do Sul: o Brasil.

 

 

Sim, somos um gigante, um gigante em todos os sentidos, bons e maus, positivos e negativos, adormecido ou desperto, e tudo isso irá depender das atitudes que serão tomadas pelos brasileiros doravante. Pois, o agora, esse tempo de pandemia, não é o mais importante; o mais importante está por vir. Aí, sim, veremos se o Brasil e os brasileiros fizeram e fazem por merecer todo esse esforço secular em prol da construção da nossa nacionalidade.

 

Queiramos ou não, somos de fato e de direito um país autêntica e inteiramente lusófono, onde mais de 210 milhões de pessoas perpetuam essa “Última flor do Lácio”. Bem dizia Camões “… que da ocidental praia lusitana eles passaram muito além da Taprobana”. Entretanto, é bom lembrar que, o povo que renega, que enxovalha, que maltrata, que desnatura, que desdenha sua língua materna não merece sobressair no Universo das Nações que irão moldar um Novo Mundo, quiçá melhor do que este de hoje.

 

Na falta de coisa melhor:

No hospício, dois loucos passam um pelo outro.

– Ei você – diz um deles – cadê a continência?

– Continência? Por quê?

– Porque eu sou Napoleão Bonaparte.

Ah, é? E quem foi que te nomeou?

– Foi Jesus Cristo.

-Euuuuuu…???

 

DJ: = Moral, se é que tem alguma serventia:

Nesses tempos pandêmicos proliferaram muitos Napoleões e alguns Cristos. Aqueles se apossaram do poder que lhes conferiu uma malsinada decisão do nosso mais excelso tribunal; estes foram além disso e divinizaram-se. Sobrou mesmo para o populacho, quer somos nós, todos os demais, a parte mais fraca nessa estória sórdida. Onde é que tudo isso vai parar nem mesmo eles sabem. O estrago está feito. As consequências é que assustam, pois ninguém sabe qual é o tamanho, a lotação e a localização exata do hospício.

 

Para onde vai, ou foi, o Brasil:

Nos governos militares, proclamava-se de forma ufanista:

Primeiro:

– O Brasil caminha para o precipício.

Depois:

– Ninguém segura mais este país.

Por último:

– Vá em frente, Brasil…!

 

DJ = E agora?

Sem querer imiscuir-me no mérito de qualquer dos governos que já tivemos e que agora temos, só falta um deles acrescentar:

– No meu governo, o Brasil deu mais um passo à frente…!

 

Pinga-fogo:

 

  • Governadores e Prefeitos abusaram por demais. E agora?

 

  • Decretaram, fecharam, superfaturaram, politizaram. E agora?

 

  • A culpa é do povo? Culpa em quê? Por existir? E agora?

 

  • Ianques e brasileiros estão ferrados. Mas, eles são ricos. E agora?

 

  • Com ou sem vacina, o vírus veio para ficar. Para sempre. E agora?

 

  • Hospital de campanha? Que hospital? Leitos. Camas. Só isso. E agora?

 

  • Aqui, começamos bem. A incúria e a incompetência solaparam. E agora?

 

  • A pandemia desnudou as farsas. Poucos líderes remanescerão. E agora?

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