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Picuinha mineira

qua, 26 de novembro de 2014 00:01

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Quando a rivalidade ultrapassa a tradição Foto: Divulgação
Quando a rivalidade ultrapassa a tradição.
Foto: Divulgação

Ontem sonhei com um encontro, quase confronto; caí da cama e um mosquito no ouvido me torturava sem me encostar. Era um sonho diferente, de ranger os dentes, daqueles que chegam a levantar a perna de tanto assustar. Tinha baiano, candango, carioca, mulambo e um mineiro que se esbaldava de comemorar.

Sob o descolorido céu da manhã, um paulista batia na porta atrás de água e um time para torcer. Não fosse fã de Paul McCartney, aquele torcedor do Palmeiras não teria motivos para festejar no recém inaugurado estádio do clube. Mais exposta que a defesa do Botafogo, uma mulher procurava um canto para esquentar. Em instantes, encontraria no mineiro um calor a repousar.

Ela era Galo, ele Cruzeiro. Ela contou quando rezou para que seu time revertesse os resultados e se tornasse campeão da América em 2013. Ele, não satisfeito com três títulos em menos de dois anos, tentou roubar sua oração em busca de outro caneco.

Inversão de papéis. Podia ser mais uma dessas ironias do destino. Filhos de torcedores do América-MG, ambos resgataram as histórias do araguarino Ferreira, maior artilheiro da equipe em apenas uma temporada. Quem diria que as cores do futebol mineiro fossem unificar rotas opostas.

Até que o sonho ganhou tons de realidade. As cenas que vi naquele dia eram piores que essas frases motivadoras que se encontram nas redes sociais, quase tão violentas quanto o preço da gasolina. A rivalidade de Galo e Cruzeiro havia ultrapassado a tradição, invadindo picuinhas locais.

Quando tinha a oportunidade de acompanhar o principal jogo da história ao lado de seu companheiro, na final da Copa do Brasil, a torcedora atleticana precisaria desembolsar a bagatela de mil reais, determinada pela diretoria cruzeirense por uma rixa com os cartolas rivais. Entre reis e plebeus, o futebol mineiro ganha nos gramados, mas toma de goleada fora dele. No campo da violência e de interesses alheios, melhor não sonhar mais.
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