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Orgulho do Cerrado

qua, 4 de fevereiro de 2015 00:00

Abertura Ficha Técnica

Da mistura de futebol e arte, o segundo ganha de goleada. Foto: Arquivo

Da mistura de futebol e arte, o segundo ganha de goleada. Foto: Arquivo

Fechei os olhos por um momento. Numa fração de segundos, comecei a enxergar. Antes de levantar, lembrei que um dia após o outro é o remédio para não se apressar. Teimoso como uma mula, corri mais rápido que o locutor da bula até tropeçar. Ao meu lado, nenhuma livraria, estádio ou ginásio, mas meia dúzia de gatos pingados trazia-me de volta ao orgulho do cerrado.

Parecia um mergulho profundo, rumo ao melhor lugar do mundo. Se alguém me perguntasse onde queria chegar, lhe daria a mão sem qualquer receio de continuar. No sábado, sairíamos embriagados de um relicário. Aos domingos, mais um encontro no estádio.

Por muitos anos, Hamilton Alfaiate, Quinzito, Ferreira, Juca Show, Carreiro, Bim, Arlindo, Noé, Mário Nunes e tantos outros ganharam os gritos de quem via no esporte um berço a repousar. Da mistura de futebol e arte, apenas o segundo ingrediente impediu o orgulho de acabar.

Alguns cantam, outros recitam, e existem aqueles que precisam apenas de uma caneta e um papel para atirar. A cidade que um dia lançou escritores como Abdala Mameri e Geraldo França de Lima, bandas como Trem das Gerais, Uganga e Detritos, ainda ganha de goleada quando falamos de arte independente. De Lava Divers a Senomar, Canábicos a Lucas Veiga, nomes como André Salomão, Tito, Mustafá, Tarso, Douglas Alessi, Eddie ou Falcão certamente subiriam ao pódio se competissem com o futebol.

Aqui, o relógio desperta a cada dia. É hora de voltarmos a exportar esporte e deixarmos de importar ilusões. Foi preciso saturar os cofres públicos para entender que Carnaval não é investimento de governo, ainda mais quando se tem arte de sobra para mostrar. Pão e circo, nem em parque de diversões. Tão belo quanto o retrato da Paolla Oliveira, é uma cidade sem a influência de uma empreiteira.
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Acesse: www.fichatecnica.blog.br

1 Comentário

  1. Roberto Ernane Alexandre disse:

    P.J., muito bom ler essa crônica, mesmo com ligeiro atraso, e deparar com a citação de ídolos da minha juventude. O Araguari de Luís Silva (melhor lateral do triangulo mineiro), Pombo, Rogério, Telles, e outros. Sugiro novas crônicas com as fotos do Araguari e Fluminense, É grande alegria relembrar os nossos ídolos.
    Abraços

    .

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