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Neuropsi – O que é satiríase?

qui, 9 de fevereiro de 2017 05:59

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1-O que é satiríase?
A satiríase é um transtorno psiquiátrico caracterizado por um excesso de apetite sexual ou um desejo compulsivo por sexo nos homens, sem que ocorram alterações biológicas ou nos níveis dos hormônios sexuais que justifiquem esta condição. Trata-se de um vício com sintomas compulsivos, obsessivos e impulsivos. Quando o mesmo problema se verifica em mulheres, é chamado ninfomania.


2-Qual é sua prevalência  e frequência no Brasil?
A prevalência está em torno de 5% dos homens, porém a dificuldade dos participantes em assumir o problema por questões morais e sociais indica que a frequência deve ser maior, uma vez que a cultura masculina do sexo como diversão, em baladas, festas, combinado às drogas, álcool, Carnaval, eventos etc. pode ser predeterminante nas incidências e casos de satiríase no Brasil. As recentes pesquisas brasileiras indicaram que a média de orgasmos é de três por semana entre os homens. Com base nesse dado estimou-se que mais de sete orgasmos por semana ou mais de 15-25 horas vendo pornografia podem ser um sintoma de hipersexualidade. Os próprios portadores geralmente relatam se sentirem preocupados e desconfortáveis com o excesso de desejo sexual e que seu tempo poderia ser gasto em outras atividades mais satisfatórias e produtivas.


3-Quais são as principais características clínicas da satiríase?
A satiríase é sempre acompanhada por um excesso de masturbação (mais de uma vez por dia), relações sexuais compulsivas e nem sempre ligadas a laços afetivos, uso constante de objetos sexuais e de pornografia e ausência de satisfação com o sexo propriamente. Ademais, ocorre perda no controle sobre outros desejos e obrigações, levando a pessoa a perder aulas, reuniões de trabalho ou encontros e compromissos com a família, amigos e companheiros para buscar experiências sexuais. As verdadeiras relações íntimas não se acompanham de prazer e é comum que o homem se sinta culpado e angustiado após uma nova experiência sexual a qual, no entanto, será inexoravelmente repetida. A satiríase apenas deve ser classificada como transtorno psicológico (uma compulsão?) quando os desejos sexuais elevados prejudicam as atividades diárias e relacionamentos afetivos da pessoa, não devendo ser definida apenas pela vertente quantitativa, mas também pelo aspecto formal dos sintomas. Atualmente, ela é melhor classificada como um vício, pois os transtornos compulsivos e obsessivos estão relacionados a atividades desagradáveis, enquanto o vício está associado a uma atividade prazerosa. A maior parte das pessoas com satiríase busca ter atos sexuais com diversas parceiras, mas não se satisfaz com nenhuma delas e o ato sexual normalmente é seguido por depressão, culpa e arrependimento.

4-Como saber se uma pessoa tem  satiríase?
1.Necessidade exacerbada e incoercível de sexo.
2.Busca frustrada de criar laços emocionais.
3.Ausência de qualquer condição física que justifique este comportamento.
4.Necessidade de variar os parceiros sexuais.
5.Ausência de satisfação sexual (orgasmo).
6.Sentimento de culpa ou arrependimento depois do ato sexual.
7.Uso compulsivo de aparelhos sexuais.
8.Fixação por pornografia ou outras formas de sexo virtual.
9.Excesso de masturbação (mais de uma vez ao dia).
10.Preferência pelo sexo em relação a qualquer outra atividade recreativa.

5-Como tratar a satiríase?

O tratamento deve ser realizado por um psiquiatra e psicólogo. A terapia cognitivo-comportamental ensina o paciente a controlar seus impulsos e a manter relacionamentos sexualmente saudáveis e satisfatórios não necessariamente diminuindo a frequência sexual;  pode focalizar em ensinar a pessoa a restringir seu número de parceiros sexuais, melhorar a qualidade do ato e sempre usar preservativos. Pode também ser voltada para o desenvolvimento de habilidades para lidar melhor com a ansiedade, desconforto e carência afetiva ou de assertividade (saber dizer “não” gentilmente). A fenomenologia-existencial traz o entendimento desse corpo, que por motivos diversos, pode na realidade do paciente estar em fase de desconstrução e autodestruição, uma vez que sexo compulsivo e a prática sexual com várias (os) parceiras (os) aumenta o risco de contágio com doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), tornando ainda maior a importância de se fazer exames frequentes que avaliem a presença dessas doenças.

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