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Ficha Técnica – O dia antes de partir

qua, 13 de dezembro de 2017 05:35

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12 de dezembro de 2017.  Os jornais amanheceram nessa terça-feira (12) como qualquer outro dia útil na Cidade do México. O título do Tigres no Torneio Apertura e a derrota do Patriots para o Miami Dolphins no futebol-americano ditavam as manchetes. Deu na TV – O comentarista exaltou o Brasil. Falou da bombacha, do lenço, do poncho e do chimarrão, mas ponderou sobre as três cores de Porto Alegre. Não que toda a cidade fosse entusiasta da alquimia tricolor, mas ninguém para a busca dos anos dourados de seus conterrâneos no Oriente Médio.

O relógio apontava os dois minutos do segundo tempo da prorrogação. Um corredor mexicano convidou Léo Moura a desbravar as terras pelo flanco direito. Sem o moicano que há muito lhe é peculiar, ele disparou feito nos tempos de capitania rubro-negra. Livre de marcação, lançou em meia altura para a boca do gol. A bola procurava o dono da camisa 9, Jael, também ex-Flamengo, mas acabou interceptada pelo rival mexicano. Hoje, a dupla defende as cores do Grêmio. Esse foi o último lance de perigo do time antes da final do Mundial de Clubes, sábado (16), frene ao Real Madrid.

Renato Gaúcho pode entrar para seleto grupo do futebol conforme desfecho do mundial *Divulgação

Renato Gaúcho pode entrar para seleto grupo do futebol conforme desfecho do mundial
*Divulgação

 

Poderia ser a festa de Nossa Senhora dos Navegantes, à margem do rio Guaíba. Ou uma edição especial do Festival Planeta Atlântida com Raça Negra, Molejo e Só Pra Contrariar, mas o mar de gente que desaguava pelas ruas do Rio Grande do Sul carregava apenas as cores que envergavam seus combatentes no estádio Hazza Bin Zayed, em Al Ain, nos Emirados Árabes. Até os 19 graus de temperatura pareciam mais gélidos que o clima em campo. O gol de Éverton no início da prorrogação quebrou o gelo e descartou o fuso horário de seis horas, a ansiedade ou qualquer outra desculpa pela eliminação precoce gremista, tal qual a última visita do seu arquirrival ao Oriente Médio, em 2010.

O japonês Keisuke Honda sequer havia nascido quando, em dezembro de 1983, Renato Gaúcho e companhia, comandados por Valdir Espinosa, aniquilaram os alemães do Hamburgo no Japão. Aos 31 anos, Honda surgiu para o mundo na Holanda e despontou na Copa de 2010, na África do Sul, até cair de produção com a camisa 10 do Milan, na Itália. Sob as cores do Pachuca, do México, o jogador nada pode fazer contra aquele que caminha desde o início de 2017 de volta para o mesmo destino. Os anos dourados, desta vez, podem ter trilhas diferentes.

Nos Emirados Árabes, Renato Gaúcho poderá se igualar a Luís Cubija, Juan Mujica, Carlo Ancelotti e até Zinedine Zidane como os únicos a chegarem ao topo do mundo como técnico e jogador em seus clubes. Para isso, o atual campeão da América terá o maior desafio para qualquer agremiação de meros mortais. Mais alto até que a barreira enfrentada em novembro de 1995, quando a turma de Luiz Felipe Scolari, com Danrlei, Arce, Roger, Paulo Nunes e Jardel, deixou escapar o título nos pênaltis ante o Ajax de Van Der Sar, Davids, Overmars, Kluivert, os irmãos De Boer e o nigeriano Kanu.

Superar o Real Madrid do penta-melhor-do-mundo Cristiano Ronaldo pode ser o maior feito brasileiro desde que o Inter bateu o Barcelona de Ronaldinho, em 2006, ou também a principal derrota depois da goleada do Barça de Messi sobre o Santos de Neymar, em 2011. Além disso, o sonho do passaporte carimbado para defender o país na Copa ainda povoa sobre nomes como Grohe, Geromel, Arthur (lesionado), Luan e até Kannemann, pela Argentina. Eis que chega a hora de partir. Que venha a decisão, e que o destino nos privilegie com novas histórias para contar.

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