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Ficha Técnica – Nova hospedeira do padrão Fifa

qui, 14 de junho de 2018 05:53

Abertura-ficha-tecnica

No país do quinto orçamento militar e maior arsenal nuclear do planeta, faltam armas para jogar bola”.

Depois do empate frente ao Ceará pelo Brasileirão, Roger, técnico do Palmeiras, surpreendeu ao destacar o resultado conquistado fora de casa diante do lanterna da competição. Essa semana, eis que deparo com um parente distante do treinador brasileiro, mas de idioma russo. A Rússia atual está longe daquela de 2008, quando viveu seu melhor momento desde o fim da União Soviética. A filosofia ofensiva do técnico holandês GuusHiddink deu lugar à retranca de Stanislav Cherchersov, que sofre pressão de parte da imprensa e do povo. A postura também não ajuda. Após derrota no amistoso frente os austríacos, há duas semanas, ele enalteceu a atuação da equipe. “Acho que demos um salto em relação ao jogo contra a Áustria”, disse o treinador, que não vence desde outubro de 2017.

Logo da Copa

Logo da Copa

 

Os russos abrem as portas de seu país como os únicos anfitriões a iniciarem o mundial sem vencer nenhum embate nos seis meses que antecedem o torneio. Um tabu negativo quebrado após 84 anos, e que se explica pelas opções dentro das quatro linhas, ou falta delas. A chegada da Copa ergueu apenas estádios – percebeu a similaridade? Apesar das semelhanças com o Brasil, a Rússia investiu no futebol doméstico, mas não reverteu a falta de material humano. Não bastasse isso, o técnico Cherchersov terá que lidar com a falta de algumas de suas principais peças. O joelho tirou os zagueiros Viktor Vasin (CSKA), Giorgi Dzhikiya (Spartak) e o atacante Aleksandr Kokorin (Zenit).

Estádio Luzhniki - Além da partida de abertura, o estádio Luzhniki também será a casa da final da Copa. Com capacidade para 80 mil pessoas, o principal palco do torneio ainda recebera outros dois jogos da fase de grupos, um das oitavas de final e uma das semifinais.

Estádio Luzhniki – Além da partida de abertura, o estádio Luzhniki também será a casa da final da Copa. Com capacidade para 80 mil pessoas, o principal palco do torneio ainda recebera outros dois jogos da fase de grupos, um das oitavas de final e uma das semifinais.

 

Para endossar a previsão do tempo sombria para o verão russo, a seleção sequer chegou a segunda fase da Copa no Brasil em 2014, da Eurocopa de 2016 e da Copa das Confederações de 2017. Apesar disso, segundo mandatários, a festa está garantida. Pelo menos até o dia 15 de julho, a Rússia é a nova hospedeira do padrão Fifa. Assim como nosso querido sonhador Aldo Rebelo anos atrás, o ex-ministro de Esportes do país e atual presidente da Federação Russa de Futebol (RFS), Vitali Mutko, rechaçou a pressão. “Não é um problema que o time não tenha vencido este ano”, explanou. Ao todo, foram R$ 13 bilhões gastos pelo governo de Vladimir Putin para estádios, muitos deles de times sem expressão no futebol local.

Igoor Akinfeev

Igoor Akinfeev

 

Outro desafio russo em 2018 é espantar a sombra da África do Sul, primeira anfitriã eliminada da primeira fase, em 2010.  A partir desta quinta-feira (13), às 12h, o caminho da nova seleção da casa será trilhado por nomes como o do experiente goleiro e capitão Igor Akinfeev (CSKA), que defendeu o esquadrão na campanha histórica do terceiro lugar na Euro 2008, Yuri Zhirkov (Zenit), de 34 anos, Samedov (Spartak), de 33 e o camisa 10 Smolov (Krasnodar). Revelado pelo Grêmio em 2012, o lateral direito Mário Fernandes (CSKA), naturalizado no país, sequer é unanimidade com o número 2, dividindo opiniões em pesquisa recente. Sua estreia foi justamente frente à Coreia do Sul, último triunfo do time, em outubro de 2017.

Por conta de fatores como estes, jornais locais russos estamparam em suas capas manchetes incisivas sobre a realidade atual. O jornal Sport Express vai do “Tudo vai mal” a “Beco sem saída”, enquanto o diário Sovietski suplica – “Não seja a África do Sul”. A verdade é que no país do quinto orçamento militar e maior arsenal nuclear do planeta, faltam armas para jogar bola.

Mário Fernandes

Mário Fernandes

 

Arábia Saudita e a visão 2030

Fábio Carille, Rómulo Otero, nomes conhecidos que recentemente trocaram as terras brasileiras pelas árabes. Adversária da Rússia na estreia, a Arábia Saudita é mais um projeto em construção do outro lado do círculo central. Este, no entanto, tem um prazo mais extenso. Com o lema “Visão 2030”, o futebol da nação do príncipe Mohammad bin Salman alavancou suas cifras, com novas regras de mercado de transferências e relação positiva entre os mandachuvas da liga. O avanço, entretanto, esbarrou no aumento da competitividade entre os jogadores locais e a falta de ritmo de algumas referências entre os selecionáveis. É o caso dos meias Yahya Al-Shehri, do Leganés, e Salem Al-Dosari, do Villarreal, ambos clubes espanhóis.

Na Copa de 2018, os atletas serão conduzidos por Juan Antônio Pizzi, técnico que faturou a Copa América Centenário pelo Chile em 2016. Puxa saco do tiki-taka, o treinador é o terceiro a comandar a seleção árabe desde a sua heroica classificação de forma direta nas eliminatórias asiáticas, jogando a Austrália para a repescagem. Antes disso, o holandês Bert van Marwikjk, vice-campeão mundial em 2010, e o ex-treinador do São Paulo, EdgardoBauza, passaram pelo cargo. A vitória frente à Grécia em amistoso preparatório infla a injeção de ânimo do time. Ainda assim, ter uma seleção com postura mais defensiva do outro lado do círculo central, como a Rússia, pode ser um ingrediente desfavorável para os amantes do campo e bola. A esperar pela cerimônia de abertura com as presenças de Robbie Williams e Ronaldo fenômeno, pode ser que tenhamos uma festa mais movimentada que quando a bola rolar depois do apito inicial.

 Al Dawsari, da Arábia Saudita, em apresentação no Villarreal, da Espanha

Al Dawsari, da Arábia Saudita, em apresentação no Villarreal, da Espanha

 

– Prováveis escalações:

Rússia: Akinfeev; Mário Fernandes, Granat, Ignashevich e Kudryashov, Zobnin; Golovin, Zhirkov e Samedov; Miranchuk; Smolov. Formação: 5-3-1-1. Técnico: Stanislav Cherchersov.

Arábia Saudita: Al-Mosailem; Al-Shahrani, Omar Hawsawi, Osama Hawsawi e Al-Harbi; Otayf, Al-Jassim, Al-Shehri, Al-Muwallad e Al-Dawsari; Al-Sahlawi. Formação: 4-5-1. Técnico: Juan AntonioPizzi.

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