Ficha Técnica – Jogo de Interesses
qua, 13 de janeiro de 2016 08:18
Dia 17 de novembro de 2010. Brasileiros e argentinos lotam o estádio para um amistoso de gala no Catar. Sob o comando de Mano Menezes, o Brasil completava 451 minutos sem perder desde o fracasso no mundial do mesmo ano. Com um gol aos 46 do segundo tempo, Lionel Messi acabaria com a festa, que teve renda de 534 mil dólares. Ainda assim, muito permaneceria escondido sob a ficha técnica daquele jogo.
A partida aconteceria dias antes da votação para sede da Copa do Mundo de 2022. Em campo, o Brasil formado por Ronaldinho, Neymar, Robinho e companhia conheceria a primeira derrota para a Argentina em cinco anos. Nas arquibancadas, ex-jogadores como Bebeto, o holandês Frank De Boer e o francês Zidane assistiam ao embate. Pilotos como Felipe Massa e Rubens Barrichello também chegaram ao estádio, com um sugestivo atraso. Mas a verdade é que nada daquilo importava.

Singelo aperto de mão entre ex-representantes do futebol da Argentina e do Brasil
O povo que de acordo com o escritor Eduardo Galeano, “nasce gritando gol”, estava prestes a ser usado como cabo eleitoral. Num mundo mágico de regalias, agrados, contratos e subornos, um jogo entre Brasil e Argentina era a cereja do bolo. O ingrediente fundamental para ganhar as eleições para o mundial de 2022. Das arquibancadas, os até então presidentes das confederações brasileira e argentina, Ricardo Teixeira e Julio Grondona, respectivamente, saboreavam o banquete.
A receita deu certo. Em poucos dias, Catar desbancaria Austrália e Estados Unidos e, pela primeira vez, levaria uma Copa ao Oriente Médio. Uma conquista louvável, não fosse uma investigação do Ministério Público suíço e da polícia dos Estados Unidos. Aquele amistoso, na verdade, foi usado como pagamento de propina aos dirigentes sul-americanos em troca de votos. Ao todo, foram 8,6 milhões de dólares movimentados com um único jogo, envolvendo ainda três paraísos fiscais e pelo menos oito empresas ou entidades de fachada. Uma delas seria a mesma que faria as obras da Copa de 2022, com um ambicioso projeto de construir a cidade que sediará a final, com 450 mil habitantes e investimento de 45 bilhões de dólares.
Apesar dessas e de outras investigações, Catar ainda será a sede do mundial. O país eleito do jeito “Padrão Fifa”, a entidade que nos últimos 30 anos rifou um dos principais eventos esportivos do planeta. De fato, não se trata de legado, infraestrutura, belezas naturais, tampouco futebol. Nesse jogo, os gols são contratos. Cifras astronômicas ditam os esquemas táticos, e as jogadas são traçadas sobre um balcão de negócios. Ganha, quem tem mais poder de barganha.
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