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Ficha Técnica – Enxaqueca britânica

sex, 5 de janeiro de 2018 05:47

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Dia 10 de dezembro de 2017, Manchester, Inglaterra. Sob o rigoroso inverno britânico, ilusionistas de cores distintas arregaçam suas mangas para reproduzir da forma mais categórica um dos mais longínquos princípios, o da impenetrabilidade. Dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço, e naquele domingo, quem ensinou a tese foram os magos do espanhol Pep Guardiola. Após a vitória no lendário ‘Teatro dos Sonhos’, o time visitante comemorou ao som de ‘Don’t Look Back in Anger’, do Oasis, e uma nova batalha se iniciou fora das quatro linhas, dessa vez com um sotaque brasileiro.

Naquele dia, jogadores do lado azul de Manchester comemoravam em alto e bom tom para que todos nos bastidores pudessem ouvir a euforia pela vitória sobre o maior rival em sua própria casa. A música entoada, de autoria de Noel Gallagher, um dos torcedores mais emblemáticos dos citizens, enriquecia o roteiro dos sonhos. A situação fugiu do controle quando o técnico dos ‘Diabos Vermelhos’, José Mourinho, se aproximou da entrada e pediu um comportamento melhor dos rivais. O goleiro brasileiro Ederson se irritou com as palavras e acabou empurrado pelo comandante português. A atitude gerou tumulto nos vestiários.

Gabriel Jesus, Fernandinho e Ederson em treinamento na Inglaterra *ManCityBrazil

Gabriel Jesus, Fernandinho e Ederson em treinamento na Inglaterra
*ManCityBrazil

 

Pesos pesados dos visitantes, Fernandinho e Kompany entraram na frente para proteger o brasileiro. O resultado da batalha fora das quatro linhas foram garrafas espalhadas pelo chão. Uma delas abriu o supercílio do auxiliar do Manchester City e ex-jogador espanhol Mikel Arteta. Tudo isso foi detalhado recentemente pelo jornal britânico ‘The Telegraph’. Embora nem tudo na mídia esportiva inglesa seja digna de reflexão, o fato traz à tona mais uma das histórias que ficarão marcadas por um time que até aqueles que questionam o motivo de 22 jogadores correrem atrás de uma bola, poderiam se encantar.

Uma das minhas principais recordações do esporte bretão na televisão se remete à temporada 2003/2004, quando o Arsenal de Gilberto Silva, Veira, Ljungberg, Pirés, Henry e Bergkamp faturaram o título inglês invicto. Após idas e vindas na casa dos tios para assistir a TV à cabo, aquele time abriu-me para o futebol praticado no Velho Continente. Eis que, quase 14 anos depois, surge o esquadrão formado por Guardiola. Marcação alta, compactação defensiva, reposição, infiltração, polivalência, triangulação e exploração das beiradas de campo. Com 20 vitórias, dois empates, a melhor defesa com apenas 13 gols sofridos e um ataque de 64 gols em 22 rodadas, os citizens encantam qualquer torcedor e trazem da Terra da Rainha uma enxaqueca para o técnico da Seleção Brasileira.

Na última terça-feira, 2, Fernandinho deixou os gramados ovacionado pela torcida celeste e o treinador após brilhantes atuações. Assim como ele, Ederson também foi aplaudido de pé pelos torcedores ao fim do duelo diante do Watford. O curioso é que ambos jogadores ocupavam o banco de reservas de Tite na seleção até o fim do último ano. No gol, a concorrência direta é com Alisson, que também coleciona boas atuações pela Roma, da Itália. No meio, a briga é com Renato Augusto. Paulinho, no Barcelona, e Casemiro, no Real Madrid, dificilmente largariam o osso.

 

Resta saber qual será o antídoto para enfrentar tamanha dor de cabeça para selecionar o time ideal que embarcará para a Rússia daqui a seis meses. O certo é que, quem ganha com tudo isso, nada mais é que o torcedor brasileiro, que começa 2018 com um prognóstico ainda melhor dos cães de guarda que deverão escoltar o caminho do hexa no agora Velho (conhecido) Continente.

1 Comentário

  1. Danillo disse:

    Muito bom seu artigo, parabéns! Pra mim o Renato Augusto perdeu sua posição.

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