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Ficha Técnica – A revolta do Brejo Alegre

ter, 4 de julho de 2017 05:02

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Se soubesse quantos tapumes escondem desvios e esperanças sucumbidas feito cimento. Tiraram do torcedor o grito que arrancava do peito. Tiveram que intervir. Conversa mole, para boi dormir. Ainda bem que não ouço as palavras por detrás desses pés de ouvido, que não sangram ao convite descabido. Na cadeia, no terno Armani ou no camburão. O ginásio segue fechado e a avenida interditada outra vez. A cidade anda na contramão.

Nova gestão, velhos problemas *Gazeta

Nova gestão, velhos problemas
*Gazeta

 

A antiga “Cidade Sorriso” perdura sem motivos para sorrir. Percalços que se tornam tropeços a cada esquina. No Carnaval, sobraram máscaras, faltaram fantasias. No plenário, celebração de hipocrisia. Cadê o deputado que estava aqui? Procurem na lista da Odebrecht. Somos todos reféns da espera, do imprevisto, do improviso. O que diria Abdala Mameri se soubesse que um dia chegamos a mais de 115 mil sem nenhuma livraria? Quem sabe outra edição de “Pelos Caminhos da História”, com um prefácio sobre o ginásio que há quase dez anos parou de cantar.

Quantas crianças crescem sem o esporte, principal aliado da educação? Invoque seu melhor professor para calcular quantos milhões foram jogados pelo ralo com o ginásio na avenida Theodolino. Se bem que, se o dinheiro fosse para o esgoto, o córrego Brejo Alegre não teria causado tanta interdição da rua no cruzamento com a avenida Minas Gerais.

“São tempos sombrios esses em que vivemos”, diria para o senhor Abdala. Não há para onde correr, a não ser mudar a rota, desviar do tropeço de alguns sobre os outros. Fosse no futebol, não haveria refresco, tampouco segunda chance. Não há perdão para o acúmulo de erros, vide Rogério Ceni, ídolo e agora ex-técnico do São Paulo.

Tem lembranças que corroem o corpo feito lança. Para quem se importa com status, nunca soube o que é comemorar um gol num Ginásio Poliesportivo lotado. Interescolar, o suprassumo do interclasse. Os dias que antecediam o jogo dominavam o pensamento, desde a convocação. Futsal, basquete, tradição. Cada lance era um novo aprendizado. Pressão de uma final de mundial. Isolina, Polivalente, Sagrado e Estadual, com direito à capa de jornal. As arquibancadas que antes inquietavam, tremiam e congelavam as entranhas, hoje se resumem ao silêncio ensurdecedor.

Acontece que o Brejo Alegre parece ter se revoltado com quem acreditava que nele nadava de braçada. Cansou de engolir sapo. Da mesma maneira que um simples sinal de desdém pode contaminar o café da manhã de alguém, o acaso pune o descaso. Entre perdas e danos, quem sabe daqui a outros dez anos aprendemos com tamanhos enganos.

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