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Eu sou Bahia, eu sou Brasil!

qua, 11 de fevereiro de 2015 00:00

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O retrato de um país. Foto: Divulgação

O retrato de um país. Foto: Divulgação

Estudos comprovam que buzinar para o veículo da frente não acelera o trânsito. Ouvir música alta no ônibus não atrai novas amizades, assim como inveja boa não cabe na mesma frase. Apagão, seca e discussão sobre torcida única em estádios chegam primeiro no Nordeste. Por falar nisso, enquanto muitos se preparam para o Carnaval, Renan Calheiros é tetra no Senado. E ainda dizem que o nosso futebol está ultrapassado.

Acompanhando os bastidores do primeiro clássico entre Palmeiras e Corinthians na nova casa alviverde, deparei-me com certa indigestão. Não pelo envolvimento do tribunal em outro espetáculo, mas por não conseguir engolir a falha escancarada do sistema com a violência. Se em São Paulo o Ministério Público temia os conflitos, em Recife (PE) uma campanha desenvolvida pelo Sport treinava as mães dos torcedores para fazer a segurança no duelo ante o Náutico. Das arquibancadas, eles foram surpreendidos com o lema: “Tem coisa que torcedor não faz na frente da mãe. Brigar nos estádios é uma delas”.

É apenas o retrato daquilo que temos a aprender com habitantes de um lugar onde economia de água e energia há muito deixou de ser novidade. Em tempos de operação “Lava Jato” no governo e “Negócios da China” no esporte bretão, o Nordeste resgata a ousadia de um padre do balão.

De fato, criticar o futebol brasileiro se tornou o mais perigoso dos clichês. Sete-a-um é piada pronta. Mesmo com o fracasso daqueles que seriam a esperança da ex-pátria das chuteiras no sul-americano sub-20, todos permanecem calados. Ainda assim, como dizia o poeta Criolo, o que esperar de “um governo que quer acabar com o crack, mas não tem moral para vetar um comercial de cerveja?”

Em fevereiro, a hipocrisia domina as fantasias. Durante diálogo com amigos, debatíamos as mazelas de um país sem perspectivas, quando alguns deles e eu (réu confesso), defendemos a vontade de pular fora. Foi nessa hora que um baiano retrucou: “eu não, eu sou Bahia, eu sou Brasil”, e um silêncio nos invadiu.

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