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Era uma vez

qua, 21 de janeiro de 2015 00:02

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Na antiga cidade sorriso, ainda sobram motivos para chorar.Foto: Gazeta do Triângulo

Na antiga cidade sorriso, ainda sobram motivos para chorar.
Foto: Gazeta do Triângulo

“Pedro era uma criança feliz. Às vezes, empolgado até demais. A cada dia, se empenhava a acordar pontualmente para ir a uma instituição pública de Araguari. Regados por um sonho, seus objetivos se renovavam anualmente. A principal meta era se tornar jogador de basquete e, incorporava a cada interescolar que disputava. A escola mobilizada, o ginásio lotado e a esperança de um futuro melhor. Certo dia, seus sonhos foram interrompidos. A motivação para participar daquele torneio perdeu sentido e, sem qualquer tipo de culpa, preferiu se refugiar no mundo das drogas. Recentemente, ele retornou ao palco daquelas aguardadas competições, desta vez, como morador de rua”.

O relato que inaugura esta coluna é o mesmo que abria outra edição, no início de 2014. Naquela época, enquanto a cidade se mobilizava para receber um dos principais carnavais da região, um silêncio claustrofróbico invadia o maior salão de festas do esporte. Desde então, pouco mudou.

Entre crateras que se afundavam pelas ruas, encontrei artistas, cachorros abandonados e mendigos que tentavam até mandingas por alguns bocados. Policiais continuaram armados, políticos exonerados e bandidos liberados. No futebol, os mineiros foram a bola vez, enquanto a seleção sequer conseguia ficar entre os três.

Assim como no Ginásio Poliesportivo de Araguari, investiram no espetáculo, mas esqueceram dos artistas. Como o jornalista Alexandre Oliveira, cansei de testemunhar volantes como refrigerantes de três litros (quando passam do meio, perdem o gás); laterais caxumba (quando descem são um perigo); ou zagueiros mais temidos que o IPVA. Seria cômico, se não fosse trágico.

Dentro e fora das quatro linhas, precisamos repensar o que almejamos para o esporte. Enquanto em Araguari os equipamentos esportivos dão lugar a materiais de construção, comemoramos o aniversário de seis anos de interdição. Melhor seria se isso não passasse de um conto de fadas, onde as histórias como a de “Pedro” poderiam ser inauguradas como um singelo “Era uma Vez”.
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1 Comentário

  1. MAURICIO ANTÕNIO DINIZ disse:

    Grande mensagem PJ que mostra toda nossa indignação com tal desleixo o esporte se afundando cada vez mais e ninguém fazendo nada para isso mudar. Eu já lhe falei em outras ocasiões que levar o nome de nossa cidade ao lugar de destaque é uma honra, sentimento indescritível, que fica em nossa memória e nossos corações, mas cada vez mais vejo, que o sonho está indo embora , dando lugar a sentimentos de revolta, frustração e decepção. Uma geração que poderia dar novas conquistas pra cidade pode acabar como mais uma dentre outras desanimada por pessoas que comandam o esporte mas na verdade estão ali pela cadeira, pela imagem e nunca pela satisfação de deixar uma marca no esporte e na vida de pessoas que tem tanto talento pra mostrar .

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