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Ficha Técnica: uma bola e um par de chuteiras

qua, 29 de abril de 2015 06:50

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Um jovem acorda num país diferente, com uma nova família e um bocado de histórias a contar. Se de fora o idioma é outro, de dentro é o mesmo, mas ainda não parecem falar a mesma língua. Antes de o vento bater, o Sol aparecer ou a chuva cair, ele descobria o caminho das pedras. Em visita a uma loja de esportes, encontrou aquilo que precisava.

Durante duas semanas, caminhava ao alto do parque mais próximo, onde acompanhava partidas de futebol entre amigos. Tudo o que mais valorizava em seu país, se tornava pretexto para respirar o ar livre e se livrar do cheiro de carpete velho. A cada dia, era acordado por seu (novo) irmão caçula, o qual o enchia de beijos e abraços numa mistura de português e inglês. Começou a juntar alguns trocados recebidos por olhar o garoto enquanto os familiares estavam fora, até que retornou a loja de esportes.

Num inglês dito em ritmo de “mineirês”, conseguiu comprar uma bola e um par de chuteiras. Apanhou os materiais, vestiu uma camisa da seleção brasileira e retornou ao parque. Assistiu a três jogos até que alguns africanos se aproximaram e o convidaram a participar. Eram de Gâmbia, Zâmbia e Nigéria.

Descobriram que nem todo brasileiro nasce com o dom de jogar futebol, mas definiram o encontro semanal todos os domingos às 16h. Enquanto lavava as louças, limpava a casa, cuidava do irmão ou escrevia em seu blog, o jovem mantinha a expectativa pela próxima partida. Era como uma breve faxina em sua vida.

Certo dia, ele não retornou ao parque. Os poucos trocados que arrecadava foi proibido de ganhar, ao passo que o fardo o qual carregava começava a pesar. Numa descida, ajoelhou-se e pediu Nossa Senhora Aparecida. No dia 3 de junho, decidiu retornar ao país de origem, com uma esperança que não cabia na bagagem. Da janela do quarto para a do avião, prometeu refazer aquela viagem.

Foto Diego Viñas

As influências do futebol, independente do lugar

 

Quando chegou, permaneceu durante 11 horas no aeroporto, e encontrou uma senhora que, sem pedir nada em troca, o surpreendeu com o dinheiro para almoçar. Hoje, aquele jovem ainda lembra esses tempos antes de deitar, mas sabe que independente do lugar, uma bola e um par de chuteiras são o bastante para sonhar.

2 Comentários

  1. dirceu borboleta disse:

    Olha meu caro amigo, realmente uma bola é tudo para sonhar, com bola não ganhei dinheiro,
    ganhei muitos amigos ele e minha eterna companheira, tudo que tenho hoje foi graças á ela.

    ABRAÇOS DIRCEU BORBOLETA.

  2. Odolivio da Silva disse:

    oi…

    Preciso incluir no meu trabalho da disciplina Ciência dos Polímeros, na Universidade Federal de Santa Catarina em Blumenau. A ficha técnica até agora negada pela ADIDAS, mas estou enviando para a TOPPER e outras empresas também. Da bola de futebol de campo inteligente e da usada na última copa do mundo no Brasil e até a que vai ser utilizada na copa do ano que vem.

    Um abraço…!!!***

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