Da Redação

Não há evidências de impacto negativo na instalação da nova fábrica de celulose solúvel entre Araguari e Indianópolis. Esta é a conclusão do Ministério Público Estadual de Uberlândia após serem realizadas investigações pertinentes e análise dos laudos, apresentados pela   diretoria da Duratex – LD Celulose. A decisão foi registrada em ata durante audiência realizada na última terça-feira, 22, para tratar sobre o impasse de viabilidade ambiental.

 

Também foi revogado o pedido de suspensão das atividades da fábrica que havia sido solicitada em setembro, mediante representação feita pela prefeitura de Uberlândia e pelo Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), contrariando os laudos de viabilidade ambiental, uma vez que a obra derramaria rejeitos que poderiam contaminar a água no ponto de captação da Estação de Tratamento de Água (ETA) Capim Branco em Uberlândia.

A decisão preventiva em levou consideração que a fábrica ainda não começou a operar, sendo a previsão de funcionamento a partir do início de 2022. Por outro lado, ficou acertado que o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari (CBH Araguari) deverá apurar os impactos e apresentar um estudo de capacidade do lago da represa Capim Branco, visando identificar quais são as fontes de contaminação e qualidade do manancial. Além disso, também ficará sob responsabilidade do Dmae, a realização de uma perícia para comprovar se há alguma irregularidade na construção da fábrica. Os resultados deverão ser apresentados ao MP no prazo de um ano.

Em contrapartida, a autarquia informou que não concorda com a decisão. De acordo com a diretora geral adjunta do Dmae de Uberlândia, Édina Gouveia, será contratado um profissional para que faça uma perícia no projeto e no histórico de aprovação do projeto da empresa LD Celulose. “A intenção é realizar um estudo visando apurar todo o projeto. Há dados que precisamos levantar do efluente, de como é o bruto e o tratado e como vai impactar nossa bacia hidrográfica.”

A nova fábrica da Duratex teve a Licença de Instalação aprovada no dia 23 de setembro, pela Câmara Técnica Especializada de Atividades Industriais, do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). Com isso, as obras da indústria de matéria-prima para produção de tecidos foram autorizadas, entretanto, em 25 de setembro o Procon Estadual suspendeu as atividades da fábrica por meio de representação no MPE. Esta é a segunda investigação aberta pelo Ministério Público contra a LD Celulose. Desde abril, a prefeitura de Uberlândia questiona a viabilidade ambiental da instalação da fábrica na área de 150 hectares.

A obra emprega aproximadamente 600 funcionários nesta primeira fase para a execução da terraplanagem, serviço executado pela Construcap, uma das 13 empresas que contribuirão no decorrer de todo o projeto da LD Celulose. Ao iniciar suas atividades, deverá apresentar uma capacidade de armazenamento de 450 mil toneladas de celulose solúvel por ano, com 100% da produção destinada à exportação, no intuito de suprir as operações na Europa e Ásia.

 

O parque industrial ainda produzirá, em média, 77 megawatts de energia elétrica renovável, a partir da biomassa de madeira resultante do processo. A LD Celulose foi criada através da parceria entre a empresa austríaca Lenzing e Duratex por meio do Projeto Amadeus, que está sendo construído com investimento total de R$ 4 bilhões. Ainda segundo informações da empresa, a segunda etapa do projeto com previsão de início para o primeiro semestre de 2020, envolve questões dos dutos de água, especificamente sobre a planta e onde a fábrica será instalada.