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Sou brasileiro com muito orgulho!, por Adriano Zago

qui, 24 de abril de 2014 00:00

adriano zagoAdriano Zago *

No último dia 22 comemorou-se os 514 anos do “Descobrimento do Brasil”, em meio a inúmeros problemas, grande parte deles de ordem política. Os analistas mais sóbrios cretidam as mazelas brasileiras ao reflexo direto da ideologia colonial portuguesa de exploração e não de colonização. A herança portuguesa de quase quatro séculos trouxe como sequelas o patrimonialismo, o clientelismo e a centralização política nas mãos do poder executivo. Estes aspectos desdobram-se na prática de distribuição de cargos baseada na troca de favores e na afeição, no tráfego/tráfico de influência e, consequentemente deságua na corrupção.

O economista Roberto Campos dizia que: “No Brasil, a burrice tem um passado brilhante e um futuro promissor”, corroborado por Mário Covas que taxativo afirmava: “No Brasil, quem tem ética, parece anormal”. Já em fins do Império, Graça Aranha, escritor e diplomata brasileiro, escrevia: “No Brasil, o eleitorado é artificial e as eleições são simulacros… O que há é um grupo de indivíduos, que se apoderou da administração pública e a explora para os seus interesses”.

O historiador José Honório Rodrigues fez uma análise brilhante sobre o status quo da política brasileira ao dizer que: “No Brasil, a longa e incompleta passagem do Império para Republica é resultado de muita transação e pouca reforma”. O médico, político, professor, crítico literário, ensaísta, romancista e historiador brasileiro Afrânio Peixoto, ponderou que: “O governo no Brasil era uma instituição destinada a criar postos e impostos; sendo os impostos para pagar os postos”.

Ao mencionar estes ilustres brasileiros e suas ponderações à respeito do Brasil, mesmo considerando a razoabilidade destas opiniões, quero crer que o Brasil tem jeito. Como cidadão e político afirmo que a solução para estas mazelas que nos assolam está em nós, o povo brasileiro, sobretudo na forma de como participamos da construção cotidiana deste país.

Concordo com o filósofo brasileiro e ministro para Assuntos Estratégicos, de 2007 à 2009, Roberto Mangabeira Unger, que sugere um conjunto de cinco iniciativas viáveis que inaugurariam uma fase de crescimento econômico e de afirmação nacional: a redistribuição de renda acompanhada de uma política de valorização dos salários mais baixos e de legalização dos trabalhadores informais; mobilizar a poupança de longo prazo para o investimento de longo prazo e , ao mesmo tempo instaurar um regime tributário que desonere a produção; revolucionar o ensino para assegurar melhor desempenho, sobretudo na área de pesquisa, sustentabilidade e empreendedorismo; reorganizar a vida político-partidária com as reformas necessárias para o combate ao clientelismo e à corrupção e, por fim,  redirecionar a sua política exterior, no sentido de abrir mais espaço na ordem global mais propícia à alternativas de desenvolvimento.

A conjugação dessas iniciativas não nos trariam o paraíso sobre a terra mas resolveriam problemas emergenciais e abririam possibilidades futuras revertendo a grande frustração da maioria do povo brasileiro.   Mais do que comemorar, temos que ter como objetivo servir o país. Essa é a essência do patriotismo republicano. Por isso, diria que comemorar este dia corresponde, acima de tudo, servir o Brasil.

O país mudou muito e tem mudado para melhor. E, porque vivemos melhor, somos mais exigentes. É legítimo que o sejamos. Se estamos insatisfeitos, temos de nos empenhar mais, de ser mais responsáveis nas nossas profissões,  na defesa dos bens coletivos,  nos deveres que temos para com a comunidade.

Estou certo de que, com a força inspiradora destes 514 anos, iremos nos tornar uma potência dentre as demais nações do mundo. O Brasil sempre foi maior quanto maiores foram os desafios que teve de enfrentar. Com ânimo patriótico e com orgulho em sermos brasileiros (as), iremos conseguir!

*Advogado, vereador e estudante de História da UFU

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