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Soledade do Butucaraí, por Inocêncio Nóbrega

sex, 4 de abril de 2014 00:00

 * Inocêncio Nóbrega

Getúlio Vargas marcou a década de 1930 instituindo um processo centralizador, de política e economia. A fim de mantê-la fez uso da nomeação de interventores em estados e municípios, além de dissolver do Congresso Nacional às Câmaras Municipais.  Foi o bastante para gerar insatisfação aos paulistas, de cujo Partido Democrático recebeu apoio, rumo ao Catete, pois o Republicano estava envolvido no chamado “café com leite”. Retardando na redemocratização fez gerar insatisfações no próprio estado natal do presidente, Rio Grande do Sul. Aproveitando um racha na Frente Única Gaúcha e articulação de setores políticos, a indômita Soledade, da Serra do Butucaraí, esboçou uma reação armada, de 1.500 homens,  sob o comando do ex-tenente-coronel Cândido Carneiro Júnior, “Candoca”, comandante do 33º Corpo Auxiliar e ligado ao Partido Libertador local. Decidiu marchar ao lado dos constitucionalistas de São Paulo.

Para enfrentá-lo, o interventor Flores da Cunha enviou forças das Brigada Militar.  Sem se intimidar, o líder rebelde telegrafou ao mandatário estadual, explicando sua adesão à Revolução Constitucionalista paulista e que estava disposto a recebê-lo, em duelo. Foi o que aconteceu, perto do rio Fão,  confluência das estradas Soledade-Barros de Cassal-Espumoso, exatamente na Serra do Butiá, a 13.09.1932. Uma luta fratricida com os comandados  do coronel Vitor Dumoncel Filho, o qual perdurou por várias horas, registrando-se baixas de revolucionários e legalistas.

Conhecido por “Combate do Fão”, misto de heroísmo e convulsão democrática, dentre outros acontecidos ao longo desse extenso Brasil. O exemplo não serviu de lição, porém, a três dos ditadores de 1964, filhos do grandioso estado, que deu em recompensa corajosos patriotas. Não sei se aquela cidade, outrora redução de São Joaquim, que nesse 29 de março completa 139 anos de emancipação política, costuma recordar esse ato. O prefeito Paulo Cattaneo organizou amplo programa, em alusão à data. Uma cidade onde se respira progresso e educação, das raras que dispõe de sua Academia de Letras.  A história dessa batalha deve se estender às universidades brasileiras e aos institutos de cultura pertinentes, numa ampla divulgação, midiática e bibliográfica.

    * Jornalista
inocnf@gmail.com

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