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Saúde Alerta – Estenose aórtica

sáb, 23 de maio de 2015 06:00

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A estenose aórtica é uma doença cardíaca frequente que acomete 150 mil brasileiros acima dos 75 anos. Ela não é tão divulgada quanto o infarto, mas se não for tratada e diagnosticada a tempo pode levar à morte em poucos meses.

A doença caracteriza-se quando a válvula aórtica não consegue controlar o fluxo de sangue do coração por não conseguir abrir completamente. A válvula é como se fosse uma torneira. Quando o coração contrai, a válvula mitral fecha e a válvula aórtica se abre. Quando o coração relaxa, é o contrário. Essas torneiras abrem e fecham de 80 a 100 vezes por minuto. Devido ao acúmulo de cálcio e fósforo nessa região, a válvula torna-se mais rígida, obrigando o coração a trabalhar mais. Esse processo costuma ser lento, por isso aparece em indivíduos com mais de seis décadas de vida.

Uma válvula aórtica saudável se abre completamente para permitir que o sangue flua de maneira normal e se fecha firmemente para interromper o fluxo. Quando ela não abre de maneira adequada e dificulta o fluxo sanguíneo acontece a estenose. O resultado é que a pressão sanguínea naquela região aumenta e a circulação no restante do organismo diminui. Resultado: cansaço, tontura e inchaço em algumas regiões do corpo.

Quando o indivíduo apresenta sintomas como pressão no peito e desmaios, a estenose está bastante avançada. Em três anos, se não for realizado nenhum procedimento, 80% dos pacientes morrem. O tratamento da estenose não é feito com medicamentos. A única solução é abrir o peito e trocar a válvula.

O problema é que, como a doença afeta mais indivíduos idosos, cerca de 30% dos pacientes não têm condições de operar, pois apresentam outras doenças que podem aumentar o risco da cirurgia. Para essa parcela não há tratamento, pois a operação está contraindicada. A alternativa terapêutica que o SUS (Sistema único de Saúde) oferece é desobstruir a válvula com um cateter balão, processo chamado de valvuloplastia aórtica. Mas isso é paliativo. Em alguns casos, dentro de três meses, 70% dos pacientes voltam a apresentar o problema. Esse procedimento não muda a história natural da doença.

A prevenção, segue as mesmas diretrizes das doenças coronárias, incluindo controlar o colesterol, diabetes, não fumar e praticar atividades físicas regularmente. Quanto mais você se previne, maior a probabilidade de ter uma velhice saudável. Ainda assim, a estenose é uma doença das pessoas que vivem muitos anos.

Alternativa de tratamento

Para este perfil de paciente, a recomendação é realizar a troca da válvula sem abrir o peito. A técnica consiste em fazer uma pequena incisão na virilha, por onde o médico introduz um cateter que carrega uma bioprótese valvar aórtica (TAVI) até o coração. A medida evita aplicação de anestesia geral e os riscos de complicações pós-cirúrgicas são pequenas.

O procedimento está disponível desde 2002 e foi empregado em países como Estados Unidos, França, Inglaterra, Canadá , Austrália, totalizando cerca de 80 mil operações. No Brasil, a cirurgia foi reconhecida pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) e aprovada pela AMB (Associação Médica Brasileira).

Entretanto, ainda não é oferecido pelo SUS, tampouco pela maioria dos planos de saúde, devido ao seu alto, cerca de R$ 45 mil. Na prática, esses pacientes têm que lutar na justiça para ter acesso ao TAVI. Essas pessoas ficam entregues à própria sorte. A maioria dos planos de saúde não autoriza,  principalmente os menores. É uma tecnologia nova, por isso ainda é cara. Mas à medida que é ofertada em escala maior, o custo cai.

Mesmo com dificuldades, cerca de 700 procedimentos foram realizados no país desde 2008, e o objetivo é que esse  método se popularize, para que mais pessoas tenham acesso, uma vez que a população brasileira está envelhecendo. Em 2030, teremos 15 milhões de idosos.

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