COM ASSESSORIA – Nas últimas semanas, a imprensa nacional veiculou o caos vivenciado nas santas casas de saúde de diversas capitais brasileiras. Tais hospitais, que têm caráter filantrópico, não dispõem de recursos financeiros para manter as condições mínimas de atendimento.

No país, os 2,1 mil hospitais filantrópicos somam R$ 17 bilhões em dívidas, segundo dados da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB).

Conforme informações, no estado de Minas Gerais, mais especificamente, nas cidades da Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Paranaíba (AMVAP), uma das melhores estruturas entre as Santas Casas está em Araguari, que recebe constantes reformas e ampliações. Atualmente, o hospital tem 107 leitos, fazendo em média, 90 atendimentos de baixa e média complexidade por dia, dos quais, cerca de 70% são pelo SUS e 30% por convênios ou particular e tem previsão de aumentar a capacidade com mais 60 leitos com a verba de R$ 3,5 milhões de convênio com a prefeitura assinado no fim de julho.

Com esse recurso ainda devem ser construídas uma clínica de imagem e uma clínica hemodinâmica, o que deve alterar a operação da instituição para alta complexidade. Outros R$ 300 mil do governo federal serão utilizados na construção de um lactário e de uma central de materiais de esterilização.

Além de ser o principal hospital da cidade, a Santa Casa de Araguari atende pacientes de outros sete municípios da região e as maiores dificuldades da instituição concentram-se na falta de técnicos em enfermagem e poucos recursos para manutenção, conforme informações do diretor administrativo do hospital, José Samuel de Paula. “As verbas grandes que recebemos são exclusivas para reforma ou construção, não podem ser gastas com pagamento de funcionário ou manutenção do hospital”, exemplificou.

A Santa Casa tem atualmente uma dívida de R$ 2 milhões com empréstimos bancários porque as contas não fecham. Segundo o diretor, os atendimentos por convênios e particulares ajudam a manter a instituição. “Cada paciente custa, em média, R$ 402 por dia. Desse valor, o SUS repassa R$ 170 e a prefeitura complementa com R$ 60, mas ainda fica um déficit de R$ 172 por paciente, diariamente. Todo mês, nós pegamos R$ 390 mil do total recebido por planos de saúde e particulares para tentar cobrir o SUS, caso contrário a dívida seria maior”, finalizou.

Santa Casa de Abadia dos Dourados

De acordo com a estimativa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2013, a Santa Casa de Abadia dos Dourados apresentou a maior dívida. O equivalente a R$ 100,47 por habitante.

“Os salários estão atrasados. O pagamento de junho, por exemplo, foi pago nesta última semana. O de julho não existe nem previsão de quando vamos conseguir pagar. E com salários atrasados, alguns médicos não fazem plantão. Se não vier uma ajuda, vamos ter que pensar em reduzir o horário de atendimento e não sei até quando a Santa Casa vai sobreviver”, disse o provedor da instituição, Dunalvo Alves da Silva.

O hospital atende exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e faz, em média, 70 atendimentos por dia. Com serviços de baixa e média complexidade, a instituição tem 19 leitos. “Está longe de ser o ideal, precisa ser ampliado. Deveríamos ter entre 25 e 30 leitos. Mas faltam verbas para aumentar”, afirmou Silva. Segundo ele, a Santa Casa recebe de R$ 8 mil a R$ 12 mil mensais do SUS, variando com a quantidade e o tipo de serviço prestado. Além disso, a prefeitura deveria complementar a verba com R$ 120 mil por mês. “Mas nem sempre vem todo o dinheiro do repasse municipal. Esse repasse é um convênio feito entre a prefeitura e a instituição, mas nem sempre o prefeito consegue mandar integralmente devido à diminuição de receita do município”, afirmou a secretária de Saúde de Abadia dos Dourados, Rita de Cássia Vieira.