Ralos de piscina causam sérios acidentes e levam três crianças à morte
sex, 10 de janeiro de 2014 00:41Administradores de clubes em Araguari afirmam
que há vistoria e manutenção nos equipamentos
SAMARA ARRUDA – Sol, férias, mergulho. Nesta época do ano, clubes e parques aquáticos são as principais opções para quem quer se divertir. Entretanto, é cada vez mais frequente o número de acidentes, principalmente envolvendo crianças. A morte de três menores sugados por equipamentos em piscinas nos últimos dias levantou questões a cerca da fiscalização nesses locais.
No Brasil não há lei que regulamente procedimentos e equipamentos de segurança para evitar acidentes desta natureza. Acredita-se que as principais causas estejam associadas a ralos destampados ou com tampas quebradas, seja por falta de manutenção ou desrespeito à ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para construção de piscinas. A economia também pode sair mais caro. Fazer poucos ou um único ralo em uma piscina pode ter consequências graves.
Quatro dos principais clubes de Araguari recebem diariamente, grande número de pessoas que aproveitam para se banhar em duchas de água corrente. Marcelo Bonolo presidente do Pica Pau Country Clube, afirma que estes casos vêm ocorrendo principalmente pela falta de manutenção em piscinas mais antigas que possuem sistema de bomba. “Para o tratamento dessas piscinas são utilizadas bombas que possuem forte sucção, e como ocorreu em Belo Horizonte, há maior risco de acidentes. A melhor forma de evitar estas situações é a manutenção ou readequação destes espaços, através da utilização de modernos equipamentos de segurança,” explicou.
Segundo ele, no Clube há apenas uma piscina aquecida, onde é utilizado este tipo de sucção. “As demais possuem vários pontos de saída de água e ralos fixados, a limpeza é feita nas segundas-feiras, quando o clube é fechado para evitar algum incidente. É importante ressaltar que, fazemos o possível, mas o assunto merece atenção principalmente dos pais, que precisam estar atentos às crianças, para evitar que aconteça o pior,” frisou.
Quanto à presença de salva-vidas – que é o mais indicado, Marcelo Bonolo afirmou que o ideal seria a atuação de quatro profissionais, mas apenas um está à disposição, pois há uma deficiência no mercado de trabalho. “Acredito que esta seja a realidade de outros clubes de Araguari. Ficamos um pouco aliviados, pois sempre temos a presença dos militares do Corpo de Bombeiros, que aproveitam para ministrar cursos de mergulho e salvamento aquático,” completou.
Segundo a assessoria do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, somente itens de incêndio, como rotas de saída, grades em volta de piscinas e saídas de emergência são fiscalizadas. As leis municipais nº 3115 de 7 de junho de 1996 e 4323 de 17 de abril de 2007, estabelecem obrigatoriedade de manutenção de salva-vidas, esta última dispõe também sobre a demarcação da profundidade de cada piscina. “Verificamos os equipamentos emergenciais, mas é importante o apoio da administração dos clubes. Sempre promovemos cursos gratuitos para treinar as pessoas e temos a intenção de continuar durante todo este ano. Que as pessoas, além de tomar os cuidados necessários, possam participar para estarem aptas ao salvamento,” ponderou o sargento Lucenildo, militar do Corpo de Bombeiros.
Orientações
Síndicos e moradores de condomínios devem solicitar manutenções nos drenos ou grades instalados nas suas piscinas, inspecionar as condições da grade de proteção. Jamais entre em piscinas cujos drenos estejam sem tampa ou sem grade de acabamento. Os pais devem estar atentos aos filhos, que não devem se aproximar de acessórios instalados nas piscinas, nem tentar obstruir a passagem de água por eles.
Acidentes
As vítimas, uma menina de 8 anos teve o cabelo sugado e foi retirada inconsciente da piscina, em Belo Horizonte, outra em Linhares, no Espírito Santos. Outro caso foi registrado em um condomínio em Caldas Novas, Goiás, quando um garoto de 7 anos, ficou 10 minutos preso debaixo d’água, chegou a ser internado, mas também não resistiu. No Distrito Federal, uma criança de quatro anos foi hospitalizada em estado grave na última segunda-feira, 6, no mesmo tipo de acidente.
Conforme pesquisas, Minas Gerais registrou 269 acidentes em piscinas no ano passado. O número é 43% maior em relação aos acidentes em 2012, quando foram registradas 188 ocorrências.
Legislação
Existem dois projetos de lei, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que pedem a obrigatoriedade de dispositivos para interromper o processo de sucção em piscina. Outros cinco projetos pedem a obrigatoriedade de salva-vidas, grades protetoras e outras medidas de proteção em piscinas públicas.
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