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Psiquiatras alertam sobre a importância de prevenção ao suicídio

sáb, 20 de junho de 2015 08:31

Da Redação

Pensamentos obsessivos e desânimo são sinais de que a pessoa precisa de ajuda profissional

Pensamentos obsessivos e desânimo são sinais de que a pessoa precisa de ajuda profissional

Em 2014, Araguari registrou sete casos de suicídio. Neste ano, foram registrados em torno de vinte tentativas e três casos consumados. Segundo a 4ª Companhia do Corpo de Bombeiros, na maioria das vezes, o ato é concretizado por meio de enforcamento e envenenamento.

Conforme apurado pela reportagem, nos consultórios psiquiátricos, o número de pessoas que relata a vontade de tirar a própria vida é impressionante, e tem chamado a atenção dos profissionais para a promoção de campanhas de prevenção e políticas públicas com o objetivo de diminuir este cenário.

Dados da Associação Brasileira de Psiquiatria revelam que o Brasil se posiciona entre os oito países com o maior número de suicídios, que na maior parte são protagonizados por homens. Estudos da Organização Mundial da Saúde apontam que 804 mil pessoas cometem suicídio todos os anos, taxa de 11,4 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes.

De acordo com o psiquiatra Humberto Corrêa, os motivos que resultam nesta prática giram em torno de distúrbios mentais como depressão e esquizofrenia, além de uso de drogas.

Apesar de ainda ser considerado tabu na sociedade atual, ele explica que o suicídio sempre existiu, sendo tratado inicialmente como algo natural, em praticamente todas as culturas. “Com o advento do cristianismo, filósofos e religiosos começaram a condenar a prática e durante séculos perseguiram tanto quem cometeu o suicídio quanto seus familiares. Em alguns países europeus, familiares não podiam herdar os bens de quem cometeu o suicídio. Nem mesmo se podiam realizar ritos fúnebres, o que mudou no século XX”, contextualizou.

Conforme informações, tal assunto precisa ser levado a sério no intuito de que as estatísticas diminuam. “Estamos diante de algo que acontece a cada quarenta segundos no mundo, e, portanto, necessita que a sociedade não deixe isso de lado. Assim como temos campanhas de outubro rosa, novembro azul também deveria haver algo que realmente chamasse a atenção da população no intuito de prevenção”, declarou.

Para a psiquiatra Eline Nicole Assad, diversas questões envolvem a vida de uma pessoa que deseja se matar, dentre elas, a dificuldade de lidar com o vazio, questão existencial, que precisa ser administrado para que o quadro não se agrave.

Diante disso, o tratamento médico torna-se uma das possibilidades para devolver ao paciente o equilíbrio emocional, essencial para que a pessoa consiga lidar melhor com os obstáculos da vida.

Uma das recomendações dos psiquiatras é de que as famílias que enfrentam esses transtornos com algum parente procurem ajuda profissional para que o quadro seja revertido. O apoio de familiares e amigos torna-se importante nestes momentos em que a angústia e pensamentos obsessivos tomam conta da mente do paciente.

Por outro lado, Eline Assad orienta que a família não se torne refém de tal discurso, muitas vezes utilizado como ferramenta para que os outros façam suas vontades. “A família não pode negligenciar as ideias de alguém dizendo que vai se suicidar, mas deve se atentar para que isto não se torne um ganho secundário”, revelou.

Dificuldades

Para a OMS (Organização Mundial de Saúde), o tabu em torno deste tipo de morte impede que famílias e governos abordem a questão abertamente e de forma eficaz. “Aumentar a conscientização e quebrar o tabu é uma das chaves para alguns países progredirem na luta contra esse tipo de morte”, diz estudo.
O estudo da OMS aponta que os homens cometem mais suicídio que as mulheres. Nos países ricos, a taxa de mortalidade de pessoas do sexo masculino é três vezes maior que a de óbitos envolvendo o sexo feminino.

Sobre as causas, o relatório afirma que em países desenvolvidos a prática tem relação com desordens mentais provocadas especialmente por abuso de álcool e depressão. Nos países mais pobres, as principais causas das mortes são a pressão e o estresse por problemas socioeconômicos.

Muitos casos envolvem ainda pessoas que tentam superar traumas vividos durante conflitos bélicos, desastres naturais, violência física ou mental, abuso ou isolamento.

Resposta nacional

De acordo com a OMS, uma maneira de dar uma resposta nacional a este tipo de morte é estabelecer uma estratégia de prevenção, como a restrição de acesso a meios utilizados para o suicídio (armas de fogo, pesticidas e medicamentos), redução do estigma e conscientização do público. Também é preciso fomentar a capacitação de profissionais da saúde, educadores e forças de segurança, segundo o estudo.

Para a agência, os serviços de saúde têm que incorporar a prevenção como componente central. “Os transtornos mentais e consumo nocivo de álcool contribuem para mais casos em todo o mundo. A identificação precoce e eficaz é fundamental para conseguir que as pessoas recebam a atenção que necessitam”.

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