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Porque escondem o Deus que aceita perfume das prostitutas?

qui, 27 de março de 2014 17:36
tudo de graça 27032014

Foto: Divulgação

juliano fabricioJuliano Fabricio
www.julianofabricio.com

“Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade!”. Mateus 7

A frase ”Nunca vos conheci” saltou da página. Claramente Jesus não disse “Vocês nunca reconheceram”, ou “Vocês nunca conheceram o Pai”. Assusto ao perceber que uma de nossas principais tarefas, talvez a principal, é fazer-nos conhecidos de Deus. Boas obras não bastam — “não profetizamos nós em teu nome?” — qualquer relacionamento com Deus deve ser fundamentado na plena revelação. As máscaras têm de ser tiradas.

“Não podemos encontrá-lo se não reconhecermos que precisamos dele”.

Meu orgulho ainda me tenta a parecer melhor, a limpar as aparências. É fácil reconhecer, mas quase impossível aceitar, somos viciados em espelhos. (Cultuamos nossa própria imagem)

Fico maravilhado nos evangelhos com a capacidade de Jesus de se relacionar facilmente com os pecadores. Tendo passado algum tempo com “pecadores”, e também com pretensos “santos”, tenho um palpite por que Jesus passou tanto tempo com o primeiro grupo: acho que Ele preferia a companhia deles. Porque os pecadores eram honestos a respeito de si mesmos e não fingiam, Jesus podia lidar com eles. Em contraste, os santos assumiam ares, julgavam-no e tentavam apanhá-lo em uma armadilha moral. No final, foram os santos, e não os pecadores, que prenderam Jesus.

Lembre-se da história do jantar de Jesus na casa de Simão, o fariseu, no qual uma mulher não muito diferente de qualquer outra prostituta derramou perfume sobre Jesus e enxugou seus pés com os cabelos. Simão sentiu repulsa.

Tal mulher não merecia nem mesmo entrar em sua casa! Eis aqui a resposta de Jesus naquela atmosfera tensa:

Então voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou com lágrimas os meus pés, e os enxugou com os seus cabelos.

Não me deste ósculo, mas ela, desde que entrou, não cessou de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com unguento. Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, pois muito amou. Mas aquele a quem pouco é perdoado, pouco ama.

Por que, eu me pergunto, a igreja às vezes transmite o espírito de Simão, o fariseu, em vez de transmitir o espírito da mulher perdoada?

Enfim… Onde foi que esconderam o Deus que aceita o perfume das prostitutas?

Foto: Divulgação

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3 Comentários

  1. Pr. Horácio Figueiredo disse:

    Muito bom e revelador esse texto, parabens!

  2. João Leite disse:

    “eram honestos a respeito de si mesmos e não fingiam, Jesus podia lidar com eles”. Esta frase é altamente reveladora, esclarecedora. Quem encaminha as pessoas as igrejas? É a santidade? Não, é o pecado, ou melhor, é o “Diabo, o acusador, se não fosse Ele as pessoas continuariam pecando sem parar. Quando viramos as costas para Deus o “Diabo” entra em ação e faz de tudo para que voltemos para Ele, nem que seja só o bagaço. É assim que funciona o esquema. Os santos do “pau oco” são soberbos, donos de si, poderosos, estão acima dos pecadores, mas precisam deles para imporem um domínio e tirar alguma vantagem.

  3. João Leite disse:

    O domínio das religiões e sua matéria prima, fonte de toda sua riqueza e poder, é o pecado, por isso que elas escondem este Deus que aceita o perfume das prostitutas. A matéria prima dos hospitais é a doença. A matéria prima dos bares e botequins é o vício. As grandes riquezas materiais neste reino é fruto, direta ou indiretamente, da manipulação do que chamamos de pecado, mas o único pecado verdadeiro é a ignorância deste Deus, Aquele que aceita o perfume das prostitutas por amor, não ao pecado, mas ao pecador. Perguntaram ao rei Davi se ele queria ser julgado por Deus ou pelos homens? Prontamente ele respondeu: por Deus. É isso.

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