Pergunte ao Doutor – Qual é o impacto da Obesidade Infantil na saúde das crianças?
qui, 23 de maio de 2019 05:181- Qual é o impacto da Obesidade Infantil na saúde das crianças?
A obesidade é vista como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Uma doença que aparece na infância das pessoas. Os dados apontam que, até 2025, 75 milhões de crianças estejam com sobrepeso e obesidade no mundo. O alerta precisa estar ligado: a obesidade infantil é uma doença e deve ser tratada! Segundo dados do IBGE, uma em cada três crianças brasileiras está acima do peso. No Brasil, o cenário é desfavorável, com índices alarmantes e crescentes de sobrepeso infantil, o que se acentua nas regiões mais pobres no país – na região Nordeste, a obesidade entre as crianças de cinco a nove anos é de 28%, e de 16% entre os pequenos a partir de dez anos. O “Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe”, apontou que 7,3% das crianças menores de cinco anos estão acima do peso, sendo que as meninas são as mais afetadas, com 7,7%. Por conta disso, considera-se fundamental a conscientização sobre a doença.
2- Mas o que é a Obesidade Infantil?
Obesidade é o excesso de gordura corporal resultante do desequilíbrio entre o consumo e o gasto de energia. Tem caráter inflamatório e é considerada uma doença crônica multifatorial incluindo fatores genéticos, ambientais, comportamentais e alimentares.
O método prático mais utilizado para avaliar a adequação da massa corporal é o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), através da fórmula P(kg)/ A² (m). Adultos com IMC entre 25 e 30kg/m² são considerados com sobrepeso e acima de 30kg/m² considerados obesos.
Na criança acima de dois anos, à semelhança do peso e altura, existem gráficos para o IMC considerando o crescimento e suas variações conforme idade e gênero. Crianças com IMC entre os percentis 85 e 95 são consideradas com sobrepeso; percentil maior ou igual a 95 são consideradas obesas. Essas curvas estão disponíveis na Caderneta de Saúde da Criança distribuída pelo Ministério da Saúde a todos os nascidos vivos.
3- Quais são as causas?
A obesidade infantil não tem um motivo único. Em cada caso a origem do problema pode ser diferente. Identificar essa origem, aliás, é fundamental na hora de indicar o tratamento mais adequado.
O excesso de peso e obesidade triplicou no Brasil nos últimos 20 anos e vem sendo registrado de forma crescente a partir dos cinco anos de idade. Acredita-se que os fatores ambientais e comportamentais sejam muito mais determinantes do que os fatores genéticos.
Esse fenômeno está vinculado à urbanização, às mudanças de estilo de vida, sendo que o excesso de alimentos industrializados e o tempo passado em frente às telas. O primeiro, motivado, sobretudo, pela publicidade infantil, enquanto o segundo é induzido principalmente pela falta de tempo das famílias. Os dois motivos são reflexos de um sistema que coloca o ser humano em um processo constante de afastamento de seu corpo e sua mente. Inevitavelmente, uma coisa leva à outra, formando um ciclo perigoso de maus hábitos que iniciam na infância e se perpetuam pela vida toda.
Estudos apontam que os principais condicionantes da obesidade em crianças são: a atividade física insuficiente, a ingestão regular de bebidas açucaradas e o consumo de alimentos processados e ultraprocessados, pobres em nutrientes e de elevado teor de sal, açúcares e gorduras.
A obesidade pode acontecer tanto por causas genéticas quanto pela má alimentação fornecida pelos pais.
4- Qual é o impacto na vida das crianças?
O impacto pode ser muito grande. Além disso, a obesidade infantil predispõe à obesidade na vida adulta e todas as doenças crônicas não transmissíveis a ela relacionadas. Os principais riscos da obesidade infantil englobam o aumento na chance de desenvolver doenças cardiometabólicas, como esteatose hepática (gordura no fígado), intolerância a glicose, diabetes tipo 2, dislipidemia e hipertensão arterial, doenças emocionais, reflexos na autoestima e no convívio social e escola, que são doenças que antigamente considerávamos apenas de adultos e que estão cada vez mais frequentes em crianças obesas.
Atualmente, para que uma criança tenha atividade física é necessário matriculá-la na natação ou envolvê-la em algum esporte, que será praticado por cerca de uma hora ao dia, quando no passado as crianças passavam a tarde na rua, andando de bicicleta, patins, jogando bola, e, portanto, gastando muito mais calorias.
5- Qual a relação entre o sedentarismo e o excesso de tecnologia?
Além da alimentação industrializada, com menor consumo de frutas e vegetais, o aumento do número de horas em frente às telas e a menor prática de exercícios físicos. As crianças ficam confinadas em apartamentos e não brincam mais ao ar livre como antigamente.
O crescimento das cidades e transformação das sociedades impactou diretamente na violência urbana, levando muitas famílias a recorrer a apartamentos e condomínios fechados, o que influenciou diretamente no modo de brincar das crianças. No lugar das vivências livres na rua, possibilitadas pela segurança de um território protegido, entra um cotidiano pautado em hiperestímulos visuais e sonoros que não trabalham o físico.
Por conta desse cotidiano comprimido em ambientes fechados, a opção dos passeios do fim de semana influencia ainda mais na qualidade de vida dos pequenos; assim, os pais devem perceber se estão oferecendo alternativas ao ar livre, que favoreçam o movimento do corpo, a prática de esportes, e a conexão da criança com seu próprio corpo.
6- Quais são as práticas recomendadas para evitar a doença?
A prevenção é sempre a melhor medida e pode começar desde muito cedo.
– adotar o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses;
– dieta sem sal adicional até um ano de vida e sem adição de açúcar até dois anos;
– estimular o consumo de frutas e verduras;
– proporcionar merenda escolar com baixo teor de sal e açúcares;
– estimular a prática de atividade física;
– crianças também devem se exercitar, sim! Brincar, pular corda, praticar esportes (natação, ballet, atletismo, futebol, vôlei): não importa como, o importante é fazer. Crianças que crescem sedentárias correm maior risco de levarem isso para a vida e desenvolverem doenças associadas à obesidade;
– limitar o tempo de “tela” a menos de 2h/dia – somando TV, tablete, celular, videogame e
– promover horas adequadas de sono.
7- Como é feito o tratamento?
O tratamento para a obesidade infantil inclui principalmente uma mudança na rotina alimentar. Profissionais como nutricionistas e pediatras são os mais indicados para acompanharem o emagrecimento da criança. Tratamentos a partir de remédios são adequados somente para casos mais graves de obesidade infantil.
A prevenção começa desde a fase gestacional, em que acontecem as primeiras experiências nutricionais do feto, por isso é fundamental uma boa qualidade na alimentação e controle do ganho de peso da gestante. Na fase infantil, é fundamental manter uma alimentação de qualidade e balanceada evitando excessos. Manter uma rotina de atividade física regular- estimular o movimento da criança! Uma criança deve acumular no mínimo 300 minutos semanais de atividade física. Cuidar da saúde mental é parte importante que muitas vezes não é dada importância, mas pode ter grande impacto na obesidade infantil, uma vez que um dos escapes de ansiedade e depressão acaba sendo a alimentação.
A questão, indo além da sua origem, é como evitar esse quadro e realizar o tratamento correto. Afinal, uma criança saudável é também um adulto saudável no futuro!
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