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Neuropsi – Bullying

qui, 16 de abril de 2015 06:45

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1- O que é o bullying?

O bullying (pronuncia bulin) é um termo proveniente da língua inglesa, usado para referir-se a atos de violência física e/ou psicológica de um indivíduo ou grupo para com outro, sendo intencionais, recorrentes e sem motivação aparente, havendo um desequilíbrio de poder entre as partes: o agressor e o alvo da agressão. Vale ressaltar que, ao contrário do que se costuma falar, o bullying não é um fenômeno novo, mas sim uma nova nomeação atribuída pela ciência a uma das faces da violência, numa tentativa ilusória de controlá-la por meio da classificação. Ao falar de bullying, é preciso considerar os fatores culturais que colaboram para o seu aparecimento, como o capitalismo, o individualismo. Não que tais fatores por si só provoquem o bullying, mas a sua aplicação extremista pode acarretar consequências negativas ao limitar as opções do indivíduo. O bullying pode ocorrer na família, nas escolas no ambiente de trabalho, nos clubes, condomínio, entre outras instituições

2-Qual é o perfil da criança e adolescente que sofre ?

Não se fala em perfil. Atribuir um perfil seria rotular crianças e adolescentes. O que se percebe, a partir das pesquisas divulgadas, é que há características comuns entre sujeitos que praticam e sofrem o bullying. Em geral, o agressor foi, em algum momento, alvo do bullying. Para o agressor, a função do bullying é demonstrar poder e conseguir uma afiliação junto aos outros colegas. O repertório de enfrentamento de conflitos daqueles que praticam bullying se restringe a comportamentos agressivos e explosivos. Aqueles que são alvo do bullying normalmente apresentam alguma característica física ou emocional destoante dos demais, somado ao sentimento de insegurança e à falta de habilidade para reagir.

3-Como identificar uma criança que sofre bullying?

Mudanças de comportamento são sinais importantes e podem sinalizar aos pais que os filhos estão sendo vítimas de bullying.

A criança ou adolescente pode, repentinamente: não querer mais frequentar as aulas, tendência ao isolamento,  sintomas psicossomáticos recorrentes; mudanças no comportamento emocional e afetivo; pedir para mudar de turma, apresentar queda do rendimento escolar, passar a ter dificuldade de atenção, apresentar sintomas físicos, como dor de cabeça ou de estômago e suor frio, indicando o violento e elevado nível de angústia a que está sendo submetido.

4-Que tipo de atos agressivos são praticados?

Os atos podem ser diretos: agressões físicas, ofender, ameaçar, humilhar, extorquir dinheiro, roubar objetos, forçar comportamentos sexuais ou realização de atividades subservientes, entre outros; e atos indiretos: boatos, fofocas, exclusão sistemática de um colega. Além disso, há o cyberbullying, que é a utilização da tecnologia da comunicação, como a internet, para a realização do bullying.

5-Meninos e meninas praticam e lidam com o bullying de maneiras diferentes?

Em geral, as meninas apresentam formas mais sutis de expressar a violência do que os meninos, os quais se sentem mais encorajados a assumir posições violentas, refletindo os nossos padrões culturais e de socialização.

6-Que tipo de danos pode causar o bullying?

O bullying pode causar dificuldades acadêmicas, sociais e emocionais para todos os envolvidos – agressor, alvo e testemunhas. O sujeito, alvo de bullying, tende a trocar constantemente de escola ou abandoná-la; apresentar baixa autoestima, sentimentos negativos relativos a si, distúrbios psicossomáticos; aumento da probabilidade de depressão e dos comportamentos agressivos, tendendo a tornar-se autor do bullying.

 7-O que os pais devem fazer ao saber que seu filho é vítima de bullying?

Tanto a postura dos pais, ora autoritária,  ora seu oposto, a demasiado permissiva, trazem efeitos negativos ao desenvolvimento da criança/adolescente, o que reflete no comportamento destes na escola. É importante que os pais reflitam se estão promovendo a autonomia dos filhos, ampliando o limiar destes às frustrações, as quais são inerentes ao viver. Dialogar com o filho, entendendo seus sentimentos e ideias em relação aos fatos, é sempre o mais indicado. Também é preciso que se aproximem da escola, participando do processo de educação dos seus filhos. Podem também buscar ajuda de um profissional (psicólogo) que os direcione na identificação e análise de tais problemas.

8 -O que fazer quando o próprio filho é o agressor?

De algum modo, todos – os agressores, os alvos e as testemunhas, são vítimas nos casos de bullying. Todos são prejudicados e merecem ser tratados como jovens que passam por problemas. Pensar numa intervenção para o agressor é pensar na promoção da sua saúde. O bullying, antes de ser uma questão legal, é uma questão de saúde.

9-Que medidas as escolas podem tomar para evitar esse tipo de comportamento?

Para minimizar ou acabar com as agressões, escolas, comunidades e especialistas podem promover programas antibullying envolvendo alunos, famílias, professores e coordenadores.

O resultado de um trabalho preventivo, compartilhado por todos pode oferecer melhoria na qualidade dos relacionamentos e no uso responsável da internet.

Podem ser realizadas ações como:

  • Capacitar professores e funcionários, na identificação e encaminhamentos adequados das vítimas;
  • Conscientizar os potenciais agressores de que existem consequências para os crimes contra a honra, de calúnia ou injúria e de que os pais podem ser responsabilizados pelos atos dos filhos;
  • Promover, na escola, critérios de não tolerância às condutas de bullying e ciberbullying.

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