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Mulheres estão mais encorajadas a denunciar agressões, destaca Delegacia da Mulher

sex, 8 de março de 2019 05:10

 Da Redação

Uso excessivo de rede social tem prejudicado os relacionamentos entre casais

Na tarde dessa quinta-feira, 7, Daiane Mary Silva,que há três meses iniciou os trabalhos de assistência social na Delegacia da Mulher, concedeu entrevista ao jornal Gazeta do Triângulo para falar sobre os atendimentos de mediação que foram retomados. A profissional destacou acerca dos problemas que tem resultado em violência e também acrescentou a respeito das mudanças de comportamento geradas pela tecnologia, o que tem facilitado os desentendimentos entre marido e mulher. Confira.

Delegacia está localizada na rua José Patrocínio, 291, Centro

Delegacia está localizada na rua José Patrocínio, 291, Centro

 

Como é feito o atendimento de assistência social às vítimas na Delegacia da Mulher?

Fazemos a escuta dessa usuária e verificamos o que ela traz, qual é o histórico, qual é a história dela com o companheiro, quanto tempo estão juntos, pois a partir dessa escuta, conseguimos traçar um perfil e entender se é possível ter resultados dentro da mediação de conflitos com o objetivo de resolver a demanda ou se é um caso grave que não tem jeito. Quando é feito o boletim de ocorrência, o agressor não é chamado pela assistente social porque entendemos que, se for grave, é preciso deixar para a Justiça agir até porque, esta pessoa assistida corre risco de vida como é o caso de ameaças, mas quando observamos que é uma briga, fazemos uma advertência, e tem surtido efeito.

Em quais casos é possível fazer a mediação?

Quando o agressor gosta da mulher e a agressão é motivada por algum fator como o envolvimento com álcool e drogas. Sendo assim, fazemos o encaminhamento para o Caps, se a mulher desejar permanecer com este companheiro. Trabalhamos com a reestruturação familiar, se a vítima tiver interesse fazemos a escuta também do agressor separadamente para ouvir os dois lados. Um dos casos que registramos foi o de uma mulher que era agredida e orientamos a fazer boletim de ocorrência e, apesar dele ter que responder judicialmente, se dispôs a mudar o comportamento. A família mudou a rotina e a mulher também passou a se dedicar mais ao marido e aos filhos. Em pouco tempo conseguimos resgatar a família e mostramos para os dois onde estava o problema. Lembrando que o nosso trabalho é feito em conjunto Delegacia e secretarias municipais como Saúde e de Trabalho e Ação Social.

Em quais casos são instaurados os inquéritos?

A delegacia só instaura inquérito a partir do momento em que existe o crime, então o cidadão tem a sensação de que a delegacia não fez nada, mas as delegadas não podem agir quando não há crime, não tem como acionar criminalmente. Por isso é importante o serviço social, para avaliar e filtrar os casos.

Qual é a faixa etária de mulheres que tem buscado apoio?

A maioria são mulheres de 40 anos, que geralmente terminam um relacionamento e pouco tempo depois conhecem outra pessoa e logo vão morar juntos. A pergunta que eu deixo para elas é: o que você quer? até porque é preciso se amar primeiro para conseguir amar o outro.

Qual é a média de atendimentos realizados na mediação?

Em média de quatro a cinco por dia, referentes à violência doméstica. Dentro deste número temos o primeiro atendimento e também a continuidade da mediação. Em muitos casos é possível resolver a situação sem que um trabalhador, pessoa honesta, responda por um processo criminal.

Pela sua experiência, quais são os fatores que tem prejudicado os relacionamentos?

Se você é casada ou tem o seu namorado, o importante é que esteja vivendo o momento com a pessoa e o que está acontecendo, até entre amigos, é que todos estão no whatsapp. Você saiu para se divertir, conversar e curtir aquele espaço, mas fica o tempo todo no ambiente virtual. Muitas vezes o casal inicia uma briga devido ao aplicativo, porque o companheiro sente ciúme porque acha que a mulher está falando com outra pessoa o tempo todo. Sempre oriento, para que tenham um momento entre os dois. É preciso ter limites com os aplicativos, você precisa estabelecer um horário, dedicar pouco tempo a ele e reservar momentos em família.

O número de denúncias tem crescido?

Tem sim. Pelo meu atendimento nos últimos três meses, percebi a coragem que a mulher está sentindo ao denunciar, importante a mídia mostrar os assassinatos porque tem mostrado que muitas mulheres têm perdido a vida, encorajando as mulheres.

Quais seriam as razões de muitas mulheres ainda se calarem e continuar se submetendo a relacionamentos em que existe agressões?

Ela permanece quando há ameaça ou porque a mulher é dependente financeiramente do homem, tem medo de se livrar até por questão emocional. Sempre digo para as assistidas, ‘você é que tem que definir porque não podemos definir por você’. Elas sempre chegam com a pergunta: o que vou fazer e o que você acha? Então levamos essas mulheres a refletir que estão perdendo a dignidade, que elas correm o risco de perder a vida e podem recomeçar a vida longe do agressor.

 

1 Comentário

  1. Anônimo disse:

    Quem usa droga, não precisa casar e nem morar com ninguém porque já é casado com a droga. Só vão se dar bem, se os dois forem do ramo. Eu acho que quem termina um relacionamento deveria por a mão na consciência e dar um longo tempo antes de arrumar outro. Diferentemente das mulheres tem muitos homens que não aceitam. Quem de imediato arruma outro pra mostrar, este outro acaba morto ou junto com a mulher, ou sozinho. Muitos homens já morreram de graça.

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