Meio Desligado – “Os Oito Odiados” e o melhor do estilo Quentin Tarantino
qua, 6 de janeiro de 2016 08:03
Para gente como a gente, aqui, perdida no meio do cerrado, onde não chega nenhuma mostra de cinema, nenhum festival, nada que fuja do circuito comercial, Tarantino vira Kubrick. Desde “Mad Max – Estrada de Fúria”, sem dúvida um dos melhores filmes de 2015, os cinemas de Uberlândia não exibiram nada tão bom quanto o oitavo filme de Quentin Tarantino.
Mas vamos sair desse papo sobre o nosso quintal e falar de como o Tarantino voltou em ótima forma. Apesar de recorrer novamente ao faroeste, “Os Oito Odiados” se difere de “Django” e reflete um amadurecimento do diretor, que de certa forma retornou as origens nesta nova empreitada, mais semelhante a “Cães de Aluguel” e “Pulp Fiction”.

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Filmado originalmente em 70mm, o que resulta em mais qualidade e num efeito mais orgânico, o longa tem uma trama que se desenrola no estado de Wyoming em um cenário de pós-Guerra Civil Americana, caçadores de recompensa buscam abrigo em um armazém em meio a uma tempestade de neve. Ao chegarem no lugar, se encontram com outros quatro homens que estão lá. Nomes de peso como Samuel L. Jackson, Kurt Russell, Tim Roth, Bruce Dern e Jennifer Jason Leigh fazem parte do elenco e dão show de atuação. A trilha sonora? Ennio Morricone.
Teve quem reclamasse da demora no arco introdutório, ao meu ver, essencial para apresentar e ambientar os personagens. Como o próprio nome sugere, a nevasca colocou no mesmo local oito tipos nada confiáveis, que se apresentam ao público gradativamente, à medida que vão interagindo entre si. Estariam eles falando a verdade? Quem está mentindo? Quais as suas motivações? A ação se passa, em sua maior parte, no campo da conversa. Os diálogos sempre foram o ponto forte de Tarantino e desta vez em particular, a narrativa exaltou ainda mais o poder da linguagem.

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Não deveria gastar linhas numa crítica de cinema para falar sobre essa praga do politicamente correto, mas como vivemos na era da hipocrisia (e da internet), fica difícil não se deparar com baboseiras de todo tipo. Quem acha que o filme é racista ou feminista teve uma leitura equivocada e perdeu a oportunidade de ter uma experiência cinematográfica bacana enquanto estava por aí catando “injustiças sociais”.
Pode ter soado prepotente a cena posterior ao título de “Os Oito Odiados”, em que aparece “O oitavo filme de Quentin Tarantino”. Faz lembrar Fellini e seu “Oito e meio”, detalhe provavelmente intencional. Talvez Tarantino jamais ocupe o Olimpo da Sétima Arte, provou definitivamente que seu cinema feito de algo mais sólido que referências à cultura pop e ao próprio cinema.

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